Rádio MEC reativa seu selo musical com ousadia
O foco está nos artistas que fazem contraponto ao mercado fonográfico. "Seja pelo tipo de repertório ou pelo tamanho do grupo, o que às vezes inviabiliza o projeto comercialmente", explica o diretor-geral da emissora, Orlando Guilhon. "Vamos aproveitar também nosso acervo de 83 anos da emissora, dos quais 70 são como estatal. Muita coisa antes dos anos 60 foi apagada porque não havia fitas magnéticas suficientes, mas depois disso temos preciosidades."
A Orquestra Petrobrás Sinfônica, cujo disco será gravado ao vivo no dia 5, no Teatro Municipal, com Isaac Karabtchevsky regendo obras de Radamés Gnattali, é o caso de grupo cujo número de componentes inviabiliza a edição do disco. A sinfônica, que já completou uma década e meia de atuação, ainda não tinha seu cartão de visitas. "Como a Petrobrás é patrocinadora da Opes, ficou mais fácil a negociação para o disco", conta Guilhon. A estatal patrocinou o selo nas suas quatro edições anteriores e, em 2006, destinou R$ 500 mil, pela Lei Rouanet, para a gravação e o lançamento de cinco CDs até o fim do ano.
Está prevista uma homenagem ao radialista Adelzon Alves, Os Melhores Samba de Raiz, em que compositores ainda desconhecidos do grande público vão ter suas músicas interpretadas por estrelas como Beth Carvalho, Dona Ivone Lara e Paulinho da Viola. Pouco conhecido fora do Rio, Adelzon é um ídolo entre sambistas. "Estamos em negociação também para ter Zeca Pagodinho", conta o gerente-executivo da emissora, Xico Teixeira. "O quarto disco será com o Rio Maracatu, o grupo que participou do disco de Luiz Carlos da Vila e Cláudio Jorge, Negritude. E o quinto será da Orquestra UFRJazz, regida por José Rua, tocando Hermeto Paschoal e Francis Hime, entre outros compositores que escreveram peças em homenagem ao Rio. O título será Paisagens do Rio.
A Rádio MEC pretende recuperar seu acervo e receberá R$ 300 mil, via Lei Rouanet, com apoio do BNDES, para digitalizá-lo. Deste acervo vêm três lançamentos ainda este ano, O Assunto É Noel, com um programa do radialista Paulo Tapajós, feito em 1987, para lembrar os 50 anos da morte de Noel Rosa. Em Marlene Total, a cantora entrevista personalidades como Grande Otelo, Braguinha e sua arqui-rival, Emilinha Borba. "O terceiro disco é Os Melhores Momentos da Orquestra Sinfônica Nacional. No passado, foi a orquestra oficial da Rádio MEC e hoje está na Universidade Federal Fluminense", diz Teixeira.
Ainda na rubrica homenagens, o selo lança, em 10 de julho, Fernanda Canaud (pianista)e David Chew (violoncelo)/100 de Radamés, em parceria com o Instituto Moreira Salles. Cada disco terá tiragem de 2 mil exemplares, metade para distribuição em escolas e bibliotecas públicas e o restante destinado às lojas.
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