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Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Domingo - 28 de Maio de 2006 às 22:30

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BRASÍLIA - Sob chuva de papel picado e gritos entusiasmados da militância, o PSOL lançou neste domingo, em Brasília, a pré-candidatura da senadora Heloísa Helena (AL) à Presidência da República. O partido também fechou aliança com PCB e PSTU para formação de uma frente de esquerda e escolheu como vice da chapa o economista César Benjamin, ex-guerrilheiro, ex-preso político e fundador do PT, do qual se desfiliou por divergências com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lágrimas nos olhos e a língua mais afiada do que nunca, Heloísa Helena fez um discurso emocionado e mordaz. Ela reafirmou o compromisso marxista da candidatura, condenou as elites "cínicas e decadentes" do País, denunciou "a farsa neoliberal" do PT e PSDB e mandou um aviso aos dois partidos, seus grandes inimigos na disputa: "Podem vir quentes que estamos fervendo, feito lava vulcânica". Ela deu uma explicação messiânica para a opção socialista da chapa. "A Bíblia diz: ou se serve a Deus ou ao capital. Quem serve ao capital vai virar churrasco do demônio".

O lançamento da chapa socialista ocorreu no encerramento da 1ª Conferência Nacional do PSOL, iniciado sexta-feira. Estiveram presentes ex-integrantes da esquerda petista, que deixaram o partido expulsos ou decepcionados com o governo Lula, entre os quais o ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio, que será candidato ao governo de São Paulo e os deputados federais Luciana Genro (RS), Babá (PA), Maria José Maninha (DF) e Chico Alencar (RJ).

No auditório, um público eclético contagiava o evento com manifestações calorosas e palavras de ordens enaltecedoras de Heloísa Helena, chamada de "a rosa morena das Alagoas". Quando a senadora foi anunciada para falar, a platéia irrompeu num coro gigantesco: "É combativa/ É radical/ É Heloísa/ Presidente Nacional". Ela não se conteve e, com voz embargada pelo choro, começou o discurso com uma frase que disse ter tirado da Bíblia: "Quem semeia em lágrimas colhe com alegria".

A candidata lembrou seu passado pobre no interior de Alagoas, mas disse que o mais importante foi não ter se corrompido. "Estive no território da burguesia e não me vendi", afirmou ela, garantindo que pretende governar o País "com vergonha na cara e amor no coração".



Para o céu Sempre invocando sua condição religiosa, Heloísa Helena disse que, como socialista, ao contrário dos capitalistas, vai para o céu. "Mas nesse momento estou lutando pela democratização do Brasil". Para ela, o País ainda não é uma democracia porque não tem justiça social. "Não é democracia o País onde meia dúzia toma para si metade da riqueza nacional, enquanto uma menininha pobre vende o corpo por R$ 1,99 e um menino de seis anos vira olheiro do narcotráfico".

Ela considera difícil, mas não impossível derrotar os dois principais adversários da disputa. "Teremos de fazer nascer um Davi por dia para derrubar os gigantes (PT e PSDB) da farsa técnica e da fraude política do projeto neoliberal, da roubalheira do dinheiro público e de tantas outras formas malditas e perversas de enfrentar o processo eleitoral", afirmou. A candidata desdenhou da liderança do presidente Lula nas pesquisas de intenção de voto: "Eu não sei como ele ainda não passou de 90%. Está todo dia fazendo campanha com dinheiro público!".

O vice da chapa, César Benjamin, deu a receita de como garantir a governabilidade socialista num País capitalista: enquadrar o Congresso Nacional; eliminar radicalmente as nomeações políticas e implantar um plano de desenvolvimento sustentável com inclusão social.

"O Congresso não é uma casa de ladrões, é um microcosmos da sociedade. Há, lá dentro, pessoas honradas e pilantras. Mas o que está errada é essa relação com o Executivo. O Congresso tem que entender que não é onipotente. Nós, se eleitos, vamos enquadrar o Congresso, para que ele não seja uma casa de negócios, com meros despachantes. Estamos dispostos a governar com esse Congresso, mas se ele tentar nos emparedar com molecagem, teremos crise (institucional), porque nós não aceitaremos e o povo estará contra ele (o Congresso). Será uma crise benéfica para o País", disse Benjamin.





Fonte: Agência Estado

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