(Foto: Mariana Olveira/G1)
Após 30 anos, o governo brasileiro anunciou na última quinta-feira (24) que fará um novo inventário sobre a situação das florestas do país. O último estudo foi divulgado em 1983, com dados levantados no fim da década de 70, não abrangeu todo país e focou apenas na quantidade de madeira disponível.
O levantamento atual, que foi iniciado em Santa Catarina e no Distrito Federal em 2011 para testes, começa a ser feito a partir deste ano na floresta amazônica e no restante do país.
A previsão é obter informações sobre tipos de árvores existentes, qualidade dos solos, áreas degradadas e estoque de biomassa. A previsão é de conclusão em 2016.
O custo total do novo inventário é estimado em R$ 150 milhões, dos quais R$ 65 milhões serão liberados do Fundo Amazônia, administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O contrato com o BNDES foi assinado nesta quinta pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
"O inventário da década de 70, 80, não teve a preocupação da análise de dados, que pega a recuperação das florestas, controle de biomassa. Isso tem grande importância [...] para conhecer o que o Brasil tem em todos os seus ecossistemas em termos de floresta, no Cerrado, na Caatinga, na Amazônia", disse a ministra.
O projeto foi apresentado pela ministra em 2010 e, segundo ela, estava sendo "calibrado" desde então. "Agora, estamos dando o arranque para, até 2016, ter todo o pais mapeado. Nenhum país do mundo, com a envergadura do Brasil, tem esse trabalho feito", disse Izabella Teixeira.
O governo informou que o novo levantamento prevê ainda entrevistas com moradores locais e formas de uso das florestas. O objetivo é obter dados de 20 mil pontos em todo país, sendo que 7 mil deles ficam na área da floresta amazônica. A cada cinco anos, há previsão de atualização dos dados.
Em 2013, o foco de levantamento das informações, segundo o diretor-geral do Serviço Florestal Brasíleiro (SFB), Antônio Carlos Hummel, é o chamado Arco do Desmatamento, formado por Rondônia, centro e norte do Mato Grosso e leste do Pará. O SFB, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, coordena o inventário nacional.
"Queremos conhecer a floresta por dentro. Não é só olhar a floresta, mas a qualidade da floresta e o que a população que vive no entorno acha da floresta. O Brasil é um país florestal, principalmente na Amazônia. [...] Vamos iniciar a implementação [do inventário] na Amazônia com foco no Arco do Desmatamento. Utilizamos o critério do arco porque é uma área em evidência", destacou Hummel.
Segundo o Serviço Florestal Brasileiro, cerca de 62% dos 8,5 milhões de quilômetros quadrados do Brasil são florestas. Além da pesquisa de campo, que será feita por universidades e institutos ambientais, haverá análise de imagens feitas via satélite.
Antônio Carlos Hummel explicou que o levantamento anterior, divulgado em 1983, traz dados principalmente de Minas Gerais e do Centro-Sul do país. "Não tínhamos a tecnologia de hoje, mas podemos fazer mais para frente um cruzamento das informações", explicou o diretor do SFB.
Custo total
Dos R$ 150 milhões estimados para a confecção do inventário, há quase R$ 33 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), além de recursos do próprio ministério e de fundos ambientais estaduais.
"O custo inicial, até 2016, é de R$ 150 milhões para fazer uma coisa que tenho certeza que vai ter um retorno que você multiplica por 10, 15 vezes", disse Izabella Teixeira. A ministra afirmou que a expectativa é de divulgação de dados parciais ainda neste ano
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