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Politica Brasil
Segunda - 08 de Maio de 2006 às 10:46
Por: Cristiane Samaico

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O PMDB estará no topo da agenda política da semana por duas razões: O presidente do Senado e líder da ala governista do partido, Renan Calheiros (AL), deve assumir a cadeira do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que embarcará para Viena na quarta-feira, desta vez para uma interinidade um pouco mais longa, de cinco dias. Ainda como presidente interino da República, Renan comandará a ofensiva para derrubar a candidatura própria do PMDB ao Palácio do Planalto na convenção nacional do partido, marcada para o próximo sábado em Brasília.

Em conversa reservada com o presidente na semana passada, Renan tranqüilizou Lula. Disse estar convencido de que a candidatura própria será recusada pela maioria dos convencionais, que segundo ele preferem preservar a liberdade de aliança nos Estados. A ala dos independentes do PMDB não se cansa de repetir que, com a manutenção da regra da verticalização das coligações, partidos adversários na corrida presidencial ficam proibidos de se aliarem na disputa pelos governos estaduais.

No entanto, o fator mais determinante nesta aposta dos governistas pela recusa ao candidato próprio do PMDB ao Planalto é outro: a decadência da pré-candidatura do ex-governador Anthony Garotinho que, diante da dificuldade de dar explicações às denúncias de irregularidades envolvendo doações para sua campanha presidencial, apelou para a greve de fome. Até agora, Garotinho era visto como o grande obstáculo à derrubada da candidatura própria porque, de modo geral, os peemedebistas não levaram a sério a pré-candidatura de Itamar Franco.

Prevalece entre líderes de todas as alas a avaliação de que Itamar se lançou na disputa nacional apenas para cavar espaço no PMDB mineiro e garantir sua candidatura ao Senado. Ainda assim, o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), considera uma imprudência descartar desde já a hipótese da candidatura de Itamar. Afinal, até os amigos mais próximos do ex-presidente mineiro reconhecem que ele é imprevisível.

Caso ele se mantenha firme em sua pré-candidatura e os diretórios de São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul sustentem o apoio à tese, como vêm fazendo até agora, Temer avalia que haverá uma chance real de o PMDB disputar com Lula a presidência da República.

É neste cenário que o Planalto decidiu imprimir força total à operação política para fechar uma aliança com o PMDB em torno do projeto da reeleição. Sob o comando direto do próprio presidente, o esforço inédito envolve a cúpula do PT, que preparou um relatório para Lula, mostrando que há boas chances de aliança sólida entre PT e PMDB em vários Estados, negociando-se a vaga de senador e de vice-governador.

Quem está à frente desta operação é o ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro (PT), que deu início à missão presidencial em encontro com o presidente nacional do PMDB na terça-feira da semana passada. "Senti muita honestidade nas palavras do Tarso, quando ele ofereceu a vice de Lula ao partido e disse que o presidente queria fazer uma aliança programática e uma coalizão, dividindo o governo e entregando setores da administração federal ao PMDB", relatou Temer a um dirigente peemedebista na terça-feira.

A proposta de "divisão do governo" agradou até os defensores da candidatura própria do PMDB ao Planalto, como o próprio Temer. Segundo um dos operadores palacianos, foi Temer quem sugeriu que a costura da aliança nos Estados começasse por São Paulo. A preferência do Planalto na disputa paulista é pelo líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante.

Tarso e Berzoini conversaram com o presidente do PMDB paulista, Orestes Quércia, na quinta-feira e, para demonstrar a boa vontade do PT na negociação, ofereceram o posto de vice-governador na chapa petista e mais: deixaram em aberto a negociação da vaga ao Senado, onde o favorito é o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).

A articulação Brasil afora será feita em dupla, pelo ministro Tarso e pelo presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). O quebra-cabeça nos Estados é difícil de montar, mas a regra geral será a de entregar a cabeça de chapa ao partido mais forte na região.

Um colaborador presidencial diz que problemas mais urgentes a serem resolvidos, que o relatório do PT cita como possibilidade de aliança, são a Paraíba, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná. Na Paraíba, por exemplo, o PT praticamente não existe, mas o ex-deputado Avenzoar Arruda insiste em disputar contra o senador José Maranhão (PMDB).

Mudança de posição No início do governo Lula, o então ministro José Dirceu trabalhou para fazer uma aliança institucional com o PMDB, mas acabou desautorizado pelo próprio chefe. A diferença fundamental, agora, é que o presidente faz questão da aliança e admite que ela será essencial à governabilidade em seu eventual segundo mandato. Sem uma aliança institucional com um grande partido, o futuro governo não terá estabilidade política, sobretudo se for um segundo mandato em que o presidente não tem a seu favor a força da perspectiva de uma reeleição.

É por isto que a negociação com o PMDB inclui o termo "divisão de governo". É por isto também que um senador do PMDB, apontado como favorito na disputa pelo governo de seu Estado, diz que hoje considera a aliança uma possibilidade concreta. O PT e o Planalto apostam fortemente na aliança com o PMDB diante da possibilidade crescente de a disputa presidencial ser encerrada em um só turno.

Com o candidato Lula muito forte especialmente no Norte e Nordeste, aliados do governo dizem que até em Pernambuco, onde o ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) tem uma aliança de uma década com o PFL e o PSDB, a parceria com o PT é possível.

Um articulador do governo argumenta que Lula tem mais de 60% da preferência do eleitorado pernambucano e que, mesmo que Jarbas esbraveje contra a aliança, a vinculação de seu PMDB com Lula na disputa pelo Senado só iria ajudá-lo. "Serão só queixas da boca para fora", diz o parlamentar.

A cúpula governista do PMDB, no entanto, recusa-se a falar em aliança agora. Renan é um dos líderes governistas que insistem na tese de que "as coisas" têm de ser resolvidas por etapas e a próxima é a convenção extraordinária de 13 de maio, que une governistas e independentes empenhados em enterrar de vez a possibilidade de o partido lançar um peemedebista na corrida presidencial.





Fonte: 24Horas News

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