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Internacional
Sábado - 22 de Abril de 2006 às 12:48

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Maliki tem agora 30 dias para escolher um novo gabinete que precisará ser aprovado pelos parlamentares.

Talabani, que é curdo, convidou Maliki para liderar o governo apenas minutos depois de ele próprio ser confirmado no cargo de presidente pelo Parlamento.

Os parlamentares - que realizavam a sua segunda sessão em dois meses - também escolheram um sunita, Mahmoud Mashhadani, para presidir a assembléia.

Candidato de consenso

Maliki surgiu como o candidato de consenso para primeiro-ministro depois que o também xiita Ibrahim al-Jafaari renunciou à sua indicação para o cargo por causa da forte oposição de sunitas e curdos.

O bloco xiita, majoritário na política iraquiana, então ofereceu o nome de Maliki, que acabou recebendo o aval das outras facções.

Malik ficou exilado na Síria durante o regime de Saddam Hussein e é pouco conhecido pela população iraquiana.

O impasse em torno da formação do novo governo durava desde as eleições de dezembro. Enquanto os políticos se desentendiam, a violência piorou e as tensões entre as comunidades étnicas e religiosas do Iraque aumentaram.

Autoridades iraquianas e americanas esperam que um governo de unidade nacional que represente os três principais grupos étnicos do país (xiitas, sunitas e curdos) consiga reprimir a insurgência, liderada por rebeldes sunitas, e conter as tensões entre xiitas e sunitas.

Para os Estados Unidos, a melhora da situação de segurança no Iraque abriria caminho para a retirada das 133 mil tropas que mantém no país.

Desilusão

O cientista político Aune Al Dari – ex-chefe do setor comercial da embaixada brasileira em Bagdá, que foi fechada em 1990 – diz, no entanto, que entre a população iraquiana a desilusão com o processo político é cada vez maior.

“Mesmo os grupos mais cultos e educados na sociedade do Iraque não querem mais ouvir falar em política. Essa tentativa de implantar democracia ainda não nos trouxe nada de bom”, reclama.

Al-Dari diz que todos os dias há notícias de centenas de seqüestros de iraquianos, tanto por razões políticas como em crimes comuns.

“Recentemente foi divulgado um levantamento mostrando que nos últimos três anos 157 professores universitários e 120 médicos foram assassinados nas ruas do Iraque”, diz.

“As pessoas estão com medo e só vão de casa paro o trabalho e do trabalho para casa. E com muito cuidado.”

Al-Dairi diz que a destruição da infra-estrutura provocada pela guerra – e continuada por ações de insurgentes - também dificulta muito a vida dos iraquianos.

“Temos duas horas de eletricidade para casa quatro horas de apagão e isso quando não há ataques (de insurgentes) na infra-estrutura de energia”, diz.

Ele diz que a telefones já estão funcionando com boa regularidade mas que o saneamento básico da capital iraquiana ainda não foi recuperado.

“O problema aqui é muito grande. Os políticos podem até conseguir escolher um governo, mas as soluções para o Iraque ainda estão muito longe”, disse.




Fonte: BBC Brasil

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