Produtores rurais da região de Sorriso fecham a BR 163 na segunda-feira

Os produtores e lideranças rurais dos municípios da região de Sorriso decidiram ontem (20) à noite, em reunião na Câmara de Vereadores, pelo bloqueio da BR-163 para o transporte de grãos, defensivos, máquinas e implementos agrícolas a partir das 8 horas de segunda-feira (24).

Hoje (21), a comissão organizadora do Manifesto Grito do Ipiranga definirá o local da concentração. A decisão depende de Lucas do Rio Verde.

Se o município também decidir pelo fechamento da rodovia, Sorriso optará pelo Posto Redentor.

Caso contrário, o local escolhido será a saída da MT 404, próximo à Cargill.

Na reunião também foram definidos os integrantes da comissão organizadora: Elso Pozobon, vereador Xuxu Dalmolin, Pedro Riva, Vitório Cella, Beto Possamai, Fernando Pozobon, Valdecir Di Rossi, Carlos Valdameri, Décio Locatelli, Wilson Bastos, Renilson de Freitas e Elizeu Cheffer.

A comissão central tem entre seus membros Nelson Picolli e Leonir Capitâneo, presidente e vice do Sindicato Rural de Sorriso; Luis Carlos Nardi, vice-prefeito de Sorriso; Nadir Sucolotti, presidente da Aprosoja; e Pedro Ferronato, vereador em Ipiranga do Norte.

Hoje à noite, às 19h30, na sede do Sindicato Rural de Sorriso, os organizadores e representantes dos produtores rurais dos municípios da região se reunirão para definir os últimos detalhes para o início da manifestação.

Na pauta de reivindicações estão a extinção do Fethab, utilização do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para quitação de dividas junto aos fornecedores de insumos, redução do ICMS, preços mínimos para a soja, arroz e milho, mudanças na política cambial, redução dos juros, asfaltamento da BR-163 até Santarém e redução dos custos do frete, dos combustíveis e agrotóxicos.

Os produtores também querem o Ministério da Agricultura defina a ferrugem asiática como epidemia e cobram mudanças na área fiscal, na política agrícola e na infra-estrutura.

Entre as maiores dificuldades está a defasagem nos preços. Segundo os produtores, a média de R$ 14 não cobre os custos com a produção, já que os custos atingem R$ 24. Dados da Embrapa indicam que o custo da produção de soja hoje é de R$ 1.400 por hectare na região de Sorriso.

São necessários a colheita de cerca de 80 sacas para cobrir o custeio, enquanto a média de colheita é de 48.

O tom da manifestação será de crítica à política econômica do Governo Federal, principalmente aos juros e à carga tributária, disse o presidente da Aprosoja, Nadir Sucolotti, que conclamou todos os produtores rurais para que participem do movimento.

“Vamos largar a lavoura por alguns dias e participar. Sem união, a gente não terá voz e o Governo Federal não nos atenderá”.

ESTADO A crise na agricultura começa a causar prejuízos ao Governo do Estado. Esta semana, o governador Blairo Maggi voltou a dizer que a dificuldade de renda e de sustentação da atividade no campo vai chegar à vida urbana.

"Em um negócio de 40% do PIB, é impossível ele quebrar e os outros 60% andarem. Desde 2004, agricultores e entidades vêm trabalhando para buscar solução alternativa para o setor", comentou.

"Nós temos vergonha de a cada quatro ou cinco anos ter que bater à porta do Governo Federal para buscar saída", afirmou Magg sobre empréstimos bancários e rolagem de dívidas impagáveis.

E os temores de Maggi devem aumentar. A previsão é de queda na produtividade em Mato Grosso, onde o agronegócio responde por 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. Levantamento de safra do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea) indica a queda de produtividade na safra de soja 2005/2006.

A média de produtividade em Mato Grosso está girando em torno de 46 sacas por hectare, indicando que a produção de soja mato-grossense dificilmente ultrapassará 16,3 milhões de toneladas, o que representa uma queda em torno de 7,91% em relação à safra 2004/2005, quando foram colhidas 17,7 milhões de toneladas.