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Livro ataca Opus Dei e desnuda repressão sexual
"Memórias Sexuais no Opus Dei" (Panda Books, 192 págs, R$ 29,90) chegou nesta semana às livrarias (leia trecho). Escrito pelo professor de matemática da USP Antonio Carlos Brolezzi, 41, o livro ataca o grupo católico ultraconservador relatando casos de repressão sexual e "lavagem cerebral" em um centro do Opus Dei em São Paulo, freqüentado por ele durante dez anos (1985-1995).
Reprodução
Livro é nova aposta da Panda Books
O autor adota um tom testemunhal, de desabafo, acerto de contas com o grupo que ganhou fama recentemente devido à eleição do papa Bento 16 e o best-seller "O Código Da Vinci". Ele detalha como funciona o Opus Dei (Obra de Deus, em latim) e dá nomes aos bois aos líderes do grupo em São Paulo. O livro tem um potencial explosivo ao misturar sexo, religião e aliciamento de jovens.
"Acho que os clubinhos do Opus Dei são locais muito perigosos para as crianças e adolescentes", escreve o professor. Em seguida, ele arremata: "Mesmo sem ter presenciado casos explícitos de pedofilia, acho que é preciso repensar esse esquema todo".
Gays e virgindade
Divulgação
Professor só perdeu virgindade aos 30 anos
Sobre a presença de gays no Opus Dei, o autor escreve: "É óbvio que existe homossexualismo entre os numerários do Opus Dei, mas a gente nunca fica sabendo". Hoje Brolezzi é casado com uma mulher. No livro, ele conta que sua primeira relação sexual só ocorreu aos 30 anos, após vencer os bloqueios atribuídos à convivência na organização religiosa.
"Ela se deitou nua e eu parti para cima dela como se fosse capturar um jacaré. Obviamente, não capturei nada. Reparei que a camisinha escorregara do meu companheiro. Brochei completamente e entrei em pânico."
O livro explica alguns termos do Opus Dei. "Numerários" são membros celibatários do grupo e que "mandam na Obra", uma espécie de "Cavaleiro Jedi". Já os "supernumerários" podem casar e "servem para dar dinheiro para a Obra e gerar filhos que devem freqüentar os clubinhos".
O autor revela critérios pouco edificantes usados pelo Opus Dei para ampliar seu rebanho: "A idéia é perseguir as pessoas, escolhendo os peixes grandes --pessoas da elite financeira e intelectual (...) Não nos interessavam as moças, os cabeludos, os tatuados, os que usavam brincos, os que tinham jeitinho de gay".
Segundo Brolezzi, não interessavam à Obra estudantes das áreas de ciências humanas, como Letras, História, Jornalismo, Filosofia, Psicologia e Sociologia. "Para o Opus Dei, interessavam, sobretudo, estudantes universitários de cursos como Engenharia, Matemática, Física, Química, Administração de Empresas, Odontologia, Medicina ou Direito".
Macacão antimasturbação
Os trechos realmente mais picantes surgem do meio para o final do livro, quando são descritos formas de reprimir o prazer sexual. Por exemplo, o "macacão antimasturbação" era uma camisa de mangas longas costurada a uma calça jeans, que era vestida ao contrário, com o zíper voltado para trás, a fim de evitar o contato das mãos com o pênis.
Mesmo condenada pelo grupo ("Desde os primeiros anos, é colocado um vírus no seu cérebro que faz você se sentir um pervertido sexual"), a masturbação era inevitável e logo teria de ser admitida em confissão, segundo o autor: "Lembra-se da fila dos batedores de punheta que se formava na sacristia minutos antes da missa todos os dias? Não sei se falei que eram todos jovens".
O livro revela também as práticas ascéticas do grupo, como o uso de um chicotinho e uma corrente de malha metálica cheia de pontas. "O jovem entra em um banheiro da parte superior interna do centro, tranca a porta, abaixa as calças, curva-se para a frente e começa a se chicotear com um instrumento construído para causar dor, chamado disciplinas."
Igreja nua e Bruna Surfistinha
"Memórias Sexuais no Opus Dei" está longe de revelar algo inédito sobre o grupo. O testemunho do professor é relevante mais por compor um retrato local, paulista, sobre a atuação da "seita que não gosta de ser chamada de seita". O livro também é mais uma jogada da Panda Books, que segue a receita do seu sucesso anterior ("O Doce Veneno do Escorpião"), confissões da prostituta Bruna Surfistinha em linguagem nua e crua.
O lançamento do livro, às vésperas da estréia do filme sobre "O Código Da Vinci" em maio, também reforça a política das editoras de "surfar" no marketing espontâneo de Hollywood sobre determinadas temáticas.
Em seu livro, o professor da USP define o Opus Dei como "uma seita que se encalacrou na Igreja Católica por meio de politicagem e da obtenção de aprovações necessárias dos papas". Talvez, substituindo alguns termos, essa definição também se aplique hoje à política, ao mercado editorial e à indústria do cinema.
O autor revela critérios pouco edificantes usados pelo Opus Dei para ampliar seu rebanho: "A idéia é perseguir as pessoas, escolhendo os peixes grandes --pessoas da elite financeira e intelectual (...) Não nos interessavam as moças, os cabeludos, os tatuados, os que usavam brincos, os que tinham jeitinho de gay".
Segundo Brolezzi, não interessavam à Obra estudantes das áreas de ciências humanas, como Letras, História, Jornalismo, Filosofia, Psicologia e Sociologia. "Para o Opus Dei, interessavam, sobretudo, estudantes universitários de cursos como Engenharia, Matemática, Física, Química, Administração de Empresas, Odontologia, Medicina ou Direito".
Macacão antimasturbação
Os trechos realmente mais picantes surgem do meio para o final do livro, quando são descritos formas de reprimir o prazer sexual. Por exemplo, o "macacão antimasturbação" era uma camisa de mangas longas costurada a uma calça jeans, que era vestida ao contrário, com o zíper voltado para trás, a fim de evitar o contato das mãos com o pênis.
Mesmo condenada pelo grupo ("Desde os primeiros anos, é colocado um vírus no seu cérebro que faz você se sentir um pervertido sexual"), a masturbação era inevitável e logo teria de ser admitida em confissão, segundo o autor: "Lembra-se da fila dos batedores de punheta que se formava na sacristia minutos antes da missa todos os dias? Não sei se falei que eram todos jovens".
O livro revela também as práticas ascéticas do grupo, como o uso de um chicotinho e uma corrente de malha metálica cheia de pontas. "O jovem entra em um banheiro da parte superior interna do centro, tranca a porta, abaixa as calças, curva-se para a frente e começa a se chicotear com um instrumento construído para causar dor, chamado disciplinas."
Igreja nua e Bruna Surfistinha
"Memórias Sexuais no Opus Dei" está longe de revelar algo inédito sobre o grupo. O testemunho do professor é relevante mais por compor um retrato local, paulista, sobre a atuação da "seita que não gosta de ser chamada de seita". O livro também é mais uma jogada da Panda Books, que segue a receita do seu sucesso anterior ("O Doce Veneno do Escorpião"), confissões da prostituta Bruna Surfistinha em linguagem nua e crua.
O lançamento do livro, às vésperas da estréia do filme sobre "O Código Da Vinci" em maio, também reforça a política das editoras de "surfar" no marketing espontâneo de Hollywood sobre determinadas temáticas.
Em seu livro, o professor da USP define o Opus Dei como "uma seita que se encalacrou na Igreja Católica por meio de politicagem e da obtenção de aprovações necessárias dos papas". Talvez, substituindo alguns termos, essa definição também se aplique hoje à política, ao mercado editorial e à indústria do cinema.
Fonte:
24HorasNews
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/305381/visualizar/
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