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Politica Brasil
Quinta - 20 de Abril de 2006 às 07:41
Por: Celso Bejarano

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O ex-cabo da Polícia Militar Hércules de Araújo Agostinho, pistoleiro de aluguel que confessou ter matado Sávio Brandão, o fundador da Folha do Estado, mudou a versão do depoimento que havia dado antes, em que apontava o bicheiro João Arcanjo Ribeiro como o mandante do assassinato. A declaração foi dada ontem durante a audiência judicial das seis testemunhas de defesa de Arcanjo. Hércules sustentou que fora coagido pelo Ministério Público Estadual e Federal a indicar o nome de Arcanjo como criminoso. O promotor de justiça Mauro Zaque, uma das autoridades que teria “forçado” o ex-cabo a incriminar João Arcanjo, apontou duas situações que justificariam a mudança nas declarações: ou Hércules teria recebido dinheiro de Arcanjo ou então teria recebido ameaça caso mantivesse os depoimentos dados anteriormente.

O ex-cabo foi uma das seis testemunhas arroladas na defesa de Arcanjo. Ele disse ter apontado o nome de Arcanjo como o mandante do assassinato de Sávio por “ter sido pressionado” pelo promotor de justiça Mauro Zaque e pelo procurador da República Pedro Taques.

Os promotores teriam prometido vantagens ao pistoleiro, como redução de pena e ainda uma transferência de presídio, o que não aconteceu.

Mauro Zaque disse que não vê novidade na nova versão de Hércules. “O que podemos esperar de um homem que mata por dinheiro?”

Zaque disse que a confissão de Hércules ocorreu diante da presença dele, do procurador Pedro Taques, do secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Célio Wilson, do então presidente da OAB-MT (Ordem dos Advogados do Brasil) Ussiel Tavares e de outras autoridades que disse não lembrar o nome. A reportagem conversou com o promotor à noite, por telefone.

“Todo o depoimento foi filmado, não houve nada de irregular nisso. E tem mais: ele [Hércules] confessou diante do delegado de polícia, quando foi julgado e condenado pela morte de Sávio. Por que só agora o acusado divulga uma versão dessa? Estou tranqüilo. E tem mais: a fala dele não ajuda em nada Arcanjo juridicamente”, resumiu o promotor.

Hércules foi o primeiro a depor ontem à tarde. Ele ficou distante uns dois passos da cadeira ocupada por João Arcanjo. Hércules não olhou para o bicheiro. Já Arcanjo tentou fixar os olhos no pistoleiro.

O ex-cabo da PM disse que revolveu dizer que Arcanjo era o mandante do assassinato quando fora recapturado. Hércules foi preso no dia 1º de outubro de 2003, um dia após assassinar Sávio. Em maio do ano seguinte, ele escapou da prisão e, quatro meses depois, foi detido na casa dos pais, em Machadinho D‘Oeste (RO).

Hércules disse que o procurador Pedro Taques o teria dito que “fazia tempo” que queria prender Arcanjo e que ele [Hércules] deveria acusá-lo por um homicídio. Isso resultaria, segundo o suposto diálogo de Taques com Hércules, em uma condenação de ao menos 200 anos a Arcanjo.

Hércules disse que “nunca” tinha “ouvido” falar em Arcanjo.

Antes, em depoimentos dados em 2003, 2004 e 2005, o ex-cabo da PM dissera que ficou sabendo que matou Sávio a mando de Arcanjo. Isso ele teria ficado sabendo por meio de uma conversa com Célio Alves, seu comparsa. Pelo crime, Hércules cobrou R$ 85 mil, mas dissera ter recebido “apenas uns R$ 33 mil”.

Nilson desmente Leite

O ex-gerente das factorings do bicheiro João Arcanjo Ribeiro, Nilson Teixeira, uma das seis testemunhas de defesa ouvidas ontem, deu uma declaração diferente da dada minutos antes por João Leite, ex-cobrador de dívidas de uma das empresas de Arcanjo.

João Leite havia dito que acertava as cobranças “diretamente” com Nilson Teixeira.

Já o ex-gerente declarou que João Leite nunca fora recebido por ele em sua sala. “Confirmo o que eu disse, não o que os outros dizem”, retrucou Nilson Teixeira ao ser questionado pela juíza Maria Aparecida Fago. A magistrada perguntara se João Leite havia mentido.

João Leite é uma peça fundamental nas investigações acerca do assassinato de Sávio Brandão. Versão de Hércules, dada até o ano passado, indicava que Leite foi quem agiu como intermediário no assassinato. O ex-cobrador teria sido contratado por Arcanjo, que encomendara o crime.

Para o Ministério Público Estadual, Arcanjo mandou matar Sávio Brandão devido a reportagens publicadas na Folha do Estado. O material teria arruinado alguns negócios tocados pelo bicheiro, um deles a construção de uma hidrelétrica.

Nilson Teixeira negou que dois meses antes do assassinato de Sávio tenha ido à sede do jornal pedir para que as reportagens publicadas “aliviassem” Arcanjo.





Fonte: Folha do Estado

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