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Politica Brasil
Quarta - 12 de Abril de 2006 às 15:22
Por: Miranda Muniz

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Mais uma vez o eleitorado de Mato Grosso será chamado para decidir o futuro do Estado e do país. Em eleições anteriores, o povo de meu Estado já demonstrou que é especialista em "pregar peças", fazendo opções inusitadas, para o desespero do poderio político-econômico e da grande mídia.

Assim foi com Padre Pombo (que muitos dizem que ganhou e não levou!); com a eleição de Bezerra, desbancando a oligarquia "Campos"; a estrondosa eleição de Dante; e, na última, o fenômeno Blairo Maggi, impondo acachapante derrota ao tucanato em Mato Grosso.

Hoje, os institutos de pesquisa e a grande mídia têm apontado Maggi como "imbatível", tanto na intenção de votos como em aprovação popular.

No entanto, o médio observador político já percebe que a sucessão estadual não será "um passeio" do governador. A meu ver, começa a ganhar corpo uma "insatisfação silenciosa" que pode mudar o rumo dessa prosa.

Senão vejamos: o governador tem dificuldades em "fazer política". Auto-intitulando não ser político, Blairo não sabe conviver com a oposição e, vez e sempre, distribui "botinadas" até nos aliados. É como diz no linguajar cuiabano, "se apertar ele espana a rosca". Isso sem contar com o embate fratricida no seio de seu próprio partido, o PPS, e posicionamentos egocêntricos de certos dirigentes. A crise do agronegócio, "menina dos olhos" do governador, é outro fator a ser considerado. A manutenção da famigerada verticalização e a insistência de Freire em ser candidato a Presidente da República ameaça deixar Maggi sem o principal aliado – o conservador PFL. Não é por outro motivo que o governador começa a assediar o PMDB, PL e PTB, siglas antes renegadas, pois somente PPS e PP (e quiçá o PDT) não são capazes de constituir um forte palanque eletrônico, fundamental nessa campanha de "tiro curto" (afinal teremos a Copa do Mundo).

Por outro lado, o tucanato demonstra certo fôlego, sobretudo após a vitória na capital e a candidatura "opus dei" de Alkimin, mesmo considerando o seu isolamento político no Estado, o medo dos candidatos mais competitivos em encarar a disputa (Antero e Dante) e as denúncias de envolvimento com o crime organizado.

A competitiva candidatura da senadora Serys Marli e seu posicionamento em defender uma unidade ampla, com PCdoB, PL, PSB, PMDB, PMN e até PTB, tendo como plataforma a necessidade de profunda guinada no direcionamento político, econômico e social (libertando o Estado da incômoda e perigosa condição de refém do agronegócio) e de defesa de um crescimento global e sustentável, tem condições de empolgar o eleitorado.

O desempenho da pré-candidatura "ninja" do combativo Zé do Pátio (que está desbancando Blairo na região sul do Estado, seu principal reduto eleitoral) é outro sinal de alerta.

A somatória desses fatores é o caldo de cultura que anuncia, mesmo ainda de forma não muito explícita, "turbulências à vista".

Espero que o eleitor continue desafiando a lógica estabelecida (ou construída!) e, sobretudo, fazendo opção pelo avanço do processo político em Mato Grosso e pela consolidação das mudanças no Brasil. Quem viver verá!

(*) Miranda Muniz – Agrônomo, Bacharel em Direito, Servidor do Ministério Público do Trabalho e Presidente Estadual do Partido Comunista do Brasil – PCdoB.





Fonte: Da Assessoria

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