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Politica Brasil
Terça - 11 de Abril de 2006 às 15:15

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Avicultores, autoridades e representantes da sociedade organizada estiveram reunidos na tarde de segunda-feira (10), no auditório da Associação Comercial e Industrial de Campo Verde (Ascove), para discutir meios de prevenção e controle à gripe aviária e à “Doença de Newcastle”.

O deputado Humberto Bosaipo (PFL), autor do requerimento para a realização da audiência pública, presidiu a mesa, que também foi composta pelos vereadores Fernando Schoroeter – presidente da Câmara Municipal de Campo Verde -, Orialdo Reami, o “Sassá”, Welson Paulo da Silva e Marinez Mezzomo.

A vereadora Loila Rossato, de Primavera do Leste, também estava presente, assim como o delegado do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em Mato Grosso, Paulo Antonio da Costa Bílego, a diretora técnica do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea), Maria Auxiliadora Rocha Diniz, o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRV), Valney Souza Corrêa, a superintendente de vigilância epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde (Ses), Silvana Kruger, o presidente do Sindicato Rural de Campo Verde, Jairo Dezordi, e o secretário de Desenvolvimento Agrícola do município, Rodrigo Stechow.

De início, o deputado lembrou que o Poder Legislativo do Estado de Mato Grosso está atento à ameaça representada pela gripe das aves e pela doença de Newcastle para o estado. “Ambas são potencialmente devastadoras do ponto de vista econômico, mas a gripe aviária é ainda mais preocupante porque representa uma grande ameaça também à saúde pública”, ressaltou.

Bosaipo também assinalou que, além do perigo para a saúde pública, a influenza aviária pode ser devastadora para a economia nacional e, particularmente, de mato grosso. “Em 2005, as exportações brasileiras cresceram 35% com relação ao ano anterior, totalizando us$ 3,508 bilhões – us$ 3,324 bilhões em carne de frango in natura e us$ 184 milhões em frango industrializado. Mais de 150 países compram os produtos avícolas do Brasil. Este ano, com a abertura de novos mercados, há a estimativa de um crescimento entre 5% e 10%”, informou o deputado.

“Mato Grosso, da mesma forma, apresenta um expressivo crescimento no setor de avicultura – hoje são mais de 15 milhões de cabeças, nos municípios de Primavera do Leste, Campo Verde, Chapada dos Guimarães, Tangará da Serra e região do médio norte”, disse.

O parlamentar lembrou ainda que, ano passado a perdigão instalou uma unidade em Nova Mutum e prevê investimentos superiores a R$ 200 milhões em ampliação e modernização, para abater 280 mil aves por dia até 2007. Com três turnos de trabalho, a indústria empregará cerca de dois mil funcionários. “A concorrente Sadia também tem planos de ampliar os empreendimentos em Mato Grosso – a empresa vai investir diretamente R$ 800 milhões em um projeto total de R$ 1,5 bilhão, que prevê dois abatedouros em Lucas do Rio Verde e dois em Campo Verde. a Perdigão terá 650 novos aviários no Estado e a Sadia, outros 2300”, ressaltou.

Bosaipo também mostrou preocupação com a saúde pública. Segundo ele, o que preocupa as autoridades sanitárias é a infecção pelo vírus da influenza aviária em humanos. “A rápida propagação da influenza aviária de alta patogenicidade, com ocorrência de surtos em vários países ao mesmo tempo, é historicamente inédita e de grande preocupação para a saúde humana e animal. Especialmente alarmante, em termos de riscos para a saúde humana, é a detecção da cepa de alta patogenicidade conhecida como o h5n1, como a causa da maioria desses surtos”, assinalou.

Bosaipo também lembrou que há evidências de que esta cepa tem uma capacidade singular de “pular” a barreira das espécies e causar doença grave, com alta mortalidade em humanos. Destaca-se a possibilidade de que a situação presente possa originar outra pandemia de influenza em humanos. “Cientistas reconhecem que os vírus da influenza aviária e humana podem trocar material genético quando uma pessoa é infectada simultaneamente com vírus de ambas as espécies. Este processo de troca genética no organismo pode produzir um subtipo completamente diferente de vírus influenza para o qual poucos humanos teriam imunidade natural”, alertou.

Outra preocupação, conforme Bosaipo, é que as vacinas existentes, desenvolvidas para proteger os humanos durante epidemias sazonais, não seriam eficazes contra um vírus influenza completamente novo. “Se o vírus novo contiver genes da influenza humana, pode ocorrer a transmissão direta de pessoa a pessoa - e não apenas de aves para o homem. Quando isto acontecer, estarão reunidas as condições para o início de uma nova pandemia de influenza. a facilidade com o que o h5n1 pode viajar por todos os continentes, de carona com as aves migratórias, assim como a possibilidade do vírus, após mutações, se tornar transmissível entre humanos, além da dificuldade para se produzir vacinas eficazes projetam perspectivas sombrias, trazendo à memória a gripe espanhola, que matou 50 milhões de homens e mulheres ao redor do mundo no início do século passado”. E lembrou a história. “No Brasil, uma das vítimas foi o advogado Francisco de Paula Rodrigues Alves, presidente da república entre 1902 e 1906, reeleito para a função em 1918, mandato que sequer chegou a assumir, morto pela influenza em 16 de janeiro de 1919”, recordou.

Bosaipo também mostrou atenção a outra potencial ameaça. “Do ponto de vista econômico, infelizmente, há outra ameaça além do famigerado h5n1; para os avicultores e autoridades encarregadas da sanidade animal, não menos preocupante que o vírus causador da influenza aviária, é um ‘primo’ dele, o VDN, que provoca a Pneumoencefalite aviária, mais conhecida por ‘doença de Newcastle’, assim denominada porque apareceu pela primeira vez na cidade britânica que lhe empresta o nome”, alertou.

Bosaipo informou que, “embora inofensivo a humanos, o vírus VDN é devastador entre as aves; só no último mês de fevereiro, conforme o Ministério de Situações Emergenciais da Rússia, quase 350 mil frangos foram vítimas da doença de Newcastle naquele país, em duas propriedades próximas a Makhachkala, capital de Dagestan”.

“Urge, portanto, que estejamos alertas para estas questões tão sérias e que afetam diretamente a cada cidadão mato-grossense, a cada cidadão brasileiro; esta audiência pública serviu para a discussão com as autoridades sanitárias, avicultores e entidades ligadas à sanidade animal, e principalmente com a sociedade, formas de conter e combater esta ameaça, verdadeira ´espada de dâmocles´ que paira sobre todo o planeta”, concluiu Bosaipo, antes de informar que o tema também será debatido brevemente em audiência pública no município de Lucas do Rio Verde.





Fonte: 24HorasNews

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