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Politica Brasil
Sexta - 07 de Abril de 2006 às 19:15
Por: María Luisa Palomino

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Embora não apague da memória de milhões de peruanos o fracasso do seu governo anterior, o ex-presidente Alan García acredita que o povo lhe dará outra oportunidade na eleição de domingo.

Para isso, García apela agora para a sua melhor arma — a retórica, principalmente dirigida aos jovens, que não viveram os estragos do seu governo, que há duas décadas acumulava uma inflação de 2,2 milhões por cento em um mandato de cinco anos.

García, um advogado de 56 anos, pai de cinco filhos, governou o Peru entre 1985 e 1990, período em que o país andino mergulhou na sua mais grave crise econômica e conviveu com a violência da guerrilha Sendero Luminoso.

O "cavalo louco", como é chamado pelos adversários, enfrentou os organismos financeiros internacionais quando se negou a pagar a dívida externa e tentou estatizar os bancos.

O resultado, após uma seca de empréstimos e investimentos privados, foi que García deixou o país com as reservas de divisas no vermelho.

Ele terminou o mandato com a popularidade no chão e, depois do autogolpe de Alberto Fujimori, em 1992, teve de se exilar em Bogotá e Paris, acusado de corrupção e enriquecimento ilícito.

García voltou em 2001, quando as acusações prescreveram. Estava vários quilos mais gordo, mas sua capacidade oratória permanecia intacta. Lançou-se outra vez nas disputas políticas.

Em menos de três meses, tirou a conservadora Lourdes Flores do segundo turno, no qual foi derrotado por estreita margem por Alejandro Toledo.

"García se define pela capacidade de transmitir um conjunto de temas de interesse social como um elemento pessoal, que é sua capacidade retórica", disse o sociólogo Carlos Reyna, autor do livro "A Anunciação de Fujimori — Alan García, 1985-1990". POLÍTICA NO SANGUE

O ex-presidente chegou à vida pública pelas mãos do fundador do Partido Aprista, Victor Raúl Haya de la Torre, mas já levava a política no sangue.

García nasceu em 23 de maio de 1949, sem a presença do pai, Carlos García, que foi preso e exilado por sua ligação ao então ilegal Partido Aprista.

Sua mãe, Nytha Pérez, também é aprista e o apóia desde que foi eleito membro da Assembléia Constituinte, aos 30 anos, deputado por Lima, aos 31, e presidente do Peru, aos 35.

Nesta eleição, sua meta é superar novamente Lourdes Flores e disputar o segundo turno com o nacionalista Ollanta Humala, que lidera as pesquisas.

Para isso, voltou a apelar para seus dotes histriônicos, embora desta vez tenha mudado as músicas "rancheras" da década de 1980 e as "valsas criollas" de 2001 pelo popular "reaggetón".

Segundo analistas, esses recursos visam ao eleitorado jovem, que não viveu ou não se lembra do seu governo.

"Muitos acreditávamos que esse espetáculo do líder cinquentão obeso e de cabelo pintado, mexendo o traseiro com fúria para ganhar a juventude, o afundaria de todo nas pesquisas e no ridículo. Mas não foi assim: começou a ganhar pontos", disse recentemente o escritor Mario Vargas Llosa.

García garante que não cometerá os mesmos erros do passado e que não perde a fé. "É preciso insistir nesta vida", disse ele à Reuters em uma das suas viagens pelo Peru.





Fonte: Reuters

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