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Politica Brasil
Sexta - 07 de Abril de 2006 às 10:51

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A segunda abordagem do ciclo de palestras "(In) segurança no Campus", realizada ontem à noite, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), foi oposta ao primeiro debate. O professor do Departamento de Sociologia e Política da UFMT, Naldson Ramos, defende a presença da Polícia Militar no campus. Em diálogo com platéia lotada no auditório da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat), disse que o papel da universidade é o da formação. Neste sentido, contribuir para a capacitação dos policiais, fazendo-os atuar como cidadãos, e não excluir por meio de críticas sobre a postura violenta da instituição militar.

A abordagem de Naldson Ramos foi baseada em três eixos de discussão: violência na sociedade brasileira; papel da polícia na sociedade democrática; e papel da universidade na formação, recursos humanos e produção de conhecimento na área de segurança.

O professor contextualizou a violência como conseqüência de mudanças sociais decorridas principalmente após os anos 70, como globalização e concentração de renda. Isto repercutiu em todas as esferas sociais, seja na família, no trabalho ou na política, entre outros. Desta forma, defende que o papel da polícia é o de promover a segurança pública e que, como em qualquer profissão, existe risco de ocorrer desvios de conduta e abuso de poder. Ou seja, diz que não se pode estereotipar a instituição por causa de atos de alguns. "A falta de controle na violência policial revela falhas na política de segurança".

Apesar de reconhecer que o modelo de atuação induz à conduta violenta, pois não está focado no fato de que policiais também são cidadãos, defende que o desafio é promover a reversão do paradigma. “É preciso fazer com que o policial combata o crime sem encarar o cidadão como inimigo”, afirma ressaltando que é favorável à punição dos policiais incorretos. No entanto, mais importante é promover a qualificação do sistema militar.

Naldson Ramos explica que o preconceito advém da história, já que a polícia foi usada pela elite e militares para a segurança do Estado. Entretanto, como é responsabilidade das escolas promover recursos humanos e qualificação, o preconceito não deve privar os policiais de ensino. Assim, em vez da crítica, defende que é preciso assumir a responsabilidade para corrigir as distorções e contribuir para a formação de sociedade mais justa. Por isso, o professor defende o projeto piloto sobre implantação da escola de formação da polícia cidadã na UFMT. Segundo Naldson Ramos, a proposta vai além da presença da PM no campus. Serve para capacitar policiais de todo o Centro-oeste e será aplicado também em universidades federais do Rio de Janeiro e Ceará.

"É preciso reverter o quadro de pessimismo e participar para que a polícia execute a prevenção, num projeto coletivo de segurança cidadã. É preciso ter tolerância e respeito. Assim como a PM não pode desrespeitar o cidadão deve haver a contrapartida da comunidade escolar em relação aos policiais". O ciclo de palestras é realizado pela Adufmat em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores da UFMT (Sintuf) e o Diretório Central dos Acadêmicos (DCE). O primeiro debate foi conduzido pelo ex-chefe da polícia civil do Rio de Janeiro, Hélio Luz, no dia 29 de março.





Fonte: Pau e Prosa

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