Publicitário acusa PT do Maranhão de dar calote de R$ 800 mil

O publicitário maranhense Rogério Ferreira, 48, dono da agência Opendoor, publicou na edição de domingo de oito jornais do Estado um anúncio em que acusa o diretório do PT do Maranhão de dar um calote de R$ 800 mil em sua empresa.

No texto da publicidade, cujo título é "Calote Petista", o publicitário diz que a "crise se arrasta desde 2004" e que o diretório nacional da sigla propôs um parcelamento "muitas vezes adiado e que não chegou a ser cumprido".

Segundo Ferreira, a Opendoor produziu --e ainda não recebeu o pagamento correspondente-- a propaganda eleitoral de rádio e de televisão da candidata do PT à prefeitura de São Luís, Helena Heluy, e material impresso para outros 40 candidatos a prefeitos e a vereadores do PT na eleição de 2004.

"Estou fazendo aquilo que o PT passou a vida toda pregando: estou usando os meios legítimos, através da mídia e da liberdade de expressão, para reparar um calote do qual estou sendo vítima", disse Ferreira à Folha.

O publicitário disse ter quatro cheques do diretório devolvidos por falta de fundos e um contrato de prestação de serviços assinado. A dívida está registrada na Justiça Eleitoral.

Ferreira disse que não ter gasto nada com os anúncios de domingo. Os jornais não teriam cobrado pelos espaços porque, segundo ele, "todos estão indignados" com o não-pagamento da dívida. Duas empresas jornalísticas de São Luís ouvidas pela reportagem confirmaram que cederam o espaço ao publicitário. Um outro jornal disse que a publicidade foi paga, mas que não poderia revelar o valor por questões profissionais. Pelo preço de tabela, sem desconto, o anúncio custaria R$ 10.500.

O tesoureiro do diretório do PT-MA, Augusto Lobato, disse que o partido reconhece que há uma dívida com a Opendoor, mas que não tem como pagá-la sem a ajuda do diretório nacional do partido. Para Lobato, o valor cobrado pelo publicitário deve ser auditado.

"Esta dívida não foi autorizada pela Executiva [estadual] do partido. Não sei como foi feita, para quem pagou material. Existe até a história de que foi feito material de gente de fora do PT. É preciso auditar a dívida", disse Lobato.

O diretório do PT-MA está sendo investigado pela Polícia Federal sobre um suposto caixa dois na eleição de 2004. A Folha revelou em junho passado que o então tesoureiro do PT-MA Luiz Henrique Souza havia dito numa reunião partidária de janeiro de 2005 que um emissário da direção nacional teria providenciado uma "mala" com "verdinhas" para o pagamento de débitos. A quantia não teria sido registrada na Justiça Eleitoral.

O ex-tesoureiro sempre negou ter feito a afirmação. O inquérito ainda não foi concluído. Segundo a PF, até agora, não foram encontrados indícios de caixa dois.

Em agosto do ano passado, o empresário Roberto Moreira, dono da gráfica Aquarela, também de São Luís, entrou com uma ação de cobrança na Justiça do Estado para receber R$ 408 mil do PT. Ferreira disse que preferiu não cobrar a dívida na Justiça, porque ainda aguarda um pagamento mediante acordo.