"Estimamos que pelo menos mil destes golfinhos morram a cada ano nas imediações do litoral do estado do Rio Grande do Sul", afirmou esta sexta-feira (18) à AFP o pesquisador Emmanuel Carvalho Ferreira.
Ferreira chefiou um estudo, financiado pela Fundação Boticário de Proteção da Natureza, sobre a mortalidade do cetáceo "Pontporia blainvillei", caracterizado pelo longo nariz, conhecido popularmente como "toninha", "franciscana" ou "golfinho-do-Rio-da-Prata".
Segundo este estudo, "as redes de pesca de arrasto utilizadas são cada vez maiores, com até 30 km. Estas redes representam uma barreira praticamente intransponível para estes pequenos golfinhos", explicou o cientista, que trabalha no Laboratório de Mamíferos Marinhos da Universidade do Rio Grande do Sul (FURG) e colabora com a ONG Kaosa, que protege esta espécie do Atlântico Sul há vinte anos.
A população destes golfinhos, que também vivem em água doce, é calculada entre 40.000 e 50.000 indivíduos. No Brasil, a situação é mais grave, pois no Uruguai e na Argentina predomina a pesca artesanal.
"No Brasil, as embarcações são maiores, com cerca de 20 pescadores, que passam até 20 dias no mar, o que resulta na captura acidental de muitos destes animais", acrescentou Ferreira.
Para solucionar o problema, os cientistas desenvolveram um projeto no qual pedem a redução do tamanho das redes e a proibição desta pesca nos primeiros 20 metros de profundidade.
"Temos feito um trabalho de simulação, excluindo a pesca até 20 metros de profundidade e a taxa de mortalidade dos golfinhos caiu 72%", acrescentou o cientista.
"Há novas regras que já estabelecem uma redução do tamanho das redes a um máximo de 15 km e vão diminuindo progressivamente. Também fizemos um trabalho para conscientizar os pescadores", destacou o pesquisador.
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