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Politica Brasil
Segunda - 03 de Abril de 2006 às 09:17
Por: Dra. Lou de Olivier

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Existem fases em que sou mais procurada por pessoas com distúrbios de aprendizagem, outras fases são as pessoas com problemas de obesidade que me procuram mais, em outras fases são os problemas conjugais e assim por diante. E essas fases parecem ser cíclicas, ou seja, de tempos em tempos, repetem-se, como seguindo algum calendário psicológico.

Atualmente estou na fase do atendimento de pessoas com problemas com a balança. Claro que outros pacientes me procuram simultaneamente, mas não em grande número como os obesos ou os que se imaginam obesos. Já atendi, inclusive, alguns casos de pessoas que passaram por rigorosos regimes e até por cirurgias plásticas, diminuindo muito seu peso e, aproximadamente, um ano depois estavam tão, ou mais, gordas e, só ai, é que procuraram ajuda terapêutica. Talvez se procurassem antes ou, no mínimo, em paralelo com o regime e/ou cirurgia, encontrassem resultados melhores e definitivos.

Então, resolvi escrever sobre o assunto para analisar alguns importantes ângulos da obesidade ou do que parece obesidade.

Em primeiro lugar é preciso entender o que é, de fato, obesidade, já que muitas pessoas imaginam-se obesas quando, na verdade, não o são. Estar alguns quilos acima do peso, ter uma silhueta um pouco disforme, cintura indefinida, barriga saliente e outras características nesta linha pode não ser muito bonito do ponto de vista estético, mas não significa obesidade. Pode ser gordura localizada ou marcas de uma vida sedentária, mas, por mais que pareça feio esteticamente, não pode ser visto como obesidade.

Obesidade é quando se está muito acima do peso, o corpo torna-se pesado demais para acompanhar as necessidades de algum exercício físico ou do simples dia-a dia. Qualquer atividade passa a ser um sacrifício, até mesmo, ir à padaria da esquina ou subir uma escada cansa muito por que o peso do corpo está mesmo muito acima do que consegue transportar.

Ou, se ainda não chegou este estágio, está próximo de acontecer. Ai sim, pode-se pensar em obesidade.

Diagnosticada a obesidade, o primeiro passo é procurar um endocrinologista que irá orientar o paciente para que faça alguns exames e, se preciso for, indicará outros médicos para outros atendimentos e exames. Em paralelo, é preciso, já nesta primeira fase, procurar um bom atendimento terapêutico. Na verdade tão importante como realizar exames e verificar o lado físico é realizar uma boa anamnese e sessões psicoterápicas para detectar o real motivo da obesidade. Alguns engordam até mesmo sem comer de forma exagerada ou compulsiva. Outros comem mesmo de forma compulsiva e ininterrupta, ou, mesmo sendo magros, olham-se como obesos, o que pode até denotar um distúrbio mais sério, outros apenas perseguem um padrão de magreza que não conseguem ter e outros tantos motivos que levam alguém a olhar-se como obeso.

Em todos esses casos, além da consulta médica é essencial o tratamento psicoterápico ou, melhor ainda, multiterápico. Creio que o ideal seria até que houvesse nas próprias clínicas de cirurgia plástica, de endocrinologia e similares, um serviço integrado de atendimento de multiterapia/psicoterapia Isso, sem dúvida, facilitaria o alcance de resultados e poderia até evitar cirurgias desnecessárias, desenvolvendo tratamentos paralelos e eficazes, levando à cirurgia somente quem realmente necessita da operação e, após a realização, certamente, os resultados seriam mais visíveis e duradouros. Resumindo, os resultados seriam bem melhores se houvesse uma “lipoaspiração psicológica” em paralelo aos regimes e/ou cirurgias.

Mas, como isso parece um sonho, as clínicas, geralmente oferecem somente os serviços de endocrinologia e/ou cirurgia plástica e os próprios médicos acabam sendo meio psicólogos, aconselhando os pacientes que os procuram para regimes e/ou cirurgias, cria-se uma lacuna que acaba prejudicando os pacientes. E, quando se pede uma indicação de um terapeuta ao médico, este acaba indicando colegas psiquiatras, com isso, o paciente foge assustado, achando que, se procurar o psiquiatra será taxado de “louco”.

Na verdade, para uma orientação psicoterapica, não há a necessidade de procurar um psiquiatra. O melhor a fazer é procurar um psicólogo ou um multiterapeuta/psicoterapeuta que, se verificar a necessidade de um tratamento mais rigoroso ou medicamentoso, certamente encaminhará o paciente ao psiquiatra.

ATENÇÃO: se o terapeuta não encaminhar o paciente estará agindo justamente como os médicos que atendem psicologicamente sem bases sólidas para isso. Como sempre digo, os profissionais de saúde devem ter honestidade suficiente para parar o atendimento e encaminhar um paciente quando a necessidade deste exige conhecimentos de áreas que não são suas.

Para decidir-se a procurar um psicólogo ou um multiterapeuta/psicoterapeuta é preciso saber que o psicólogo irá abordar o assunto sob o ponto de vista da psicologia, analisará todos os fatores psicológicos que levam o indivíduo a enfrentar esta situação e a linha de tratamento seguirá nestes moldes. O multiterapeuta/psicoterapeuta também irá abordar o assunto sob o ponto de vista psicológico, mas verá (ou deveria ver) outros ângulos como o físico/biológico, o energético (entenda-se energia corporal e mental, nada a ver com religião ou misticismo), entre outros e o tratamento seguirá a linha ampla que inclui várias técnicas mescladas e adaptadas a cada caso.

Sabendo disso, o interessado deverá optar pelo profissional que achar mais indicado às suas necessidades de orientação.





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