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Meio Ambiente
Segunda - 03 de Abril de 2006 às 08:31
Por: Rodrigo Vargas

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Baías que se estendem até onde a vista alcança, a circundar um magnífico conjunto de morros e platôs. No céu, dezenas de garças em revoada, refletindo tons de branco sobre a imensidão inundada. Logo adiante, quase ao alcance da mão, flores de centenas de vitórias-régias.

Navegar pelos roteiros fluviais do Parque Nacional do Pantanal reserva muitos momentos encantadores como esse – e outros nem tanto, como o sol escaldante e a legião de mosquitos. Durante os últimos 25 anos, no entanto, o acesso a esse manancial de belezas foi um privilégio de poucos.

Fechado à visitação desde que foi criado, o parque vive em seu jubileu de prata um novo momento. Com a conclusão do plano de manejo e a definição de regras para o uso público de seus atrativos, a unidade começa a ser preparada para se abrir ao ecoturismo.

“Reservas ecológicas e biológicas protegem sem ter de se preocupar com a visitação. Um Parque Nacional é diferente. Nós já passamos do prazo de definir uma proposta”, reconhece o chefe do parque, José Augusto Ferraz de Lima.

Uma demora, segundo ele, necessária, em função dos muitos cuidados que devem anteceder a um passo dessa envergadura. "Nós tivemos uma gestão feliz nos últimos seis anos porque o Governo Federal concordou em manter este lugar fechado enquanto não houvesse condições. Mas abrir o parque não significa derrubar as cancelarias e entrar todo mundo”, explica.

Entre as atrações já definidas – mas ainda sem data de abertura - estão roteiros para observação embarcada da vida silvestre e de ninhais, uma trilha suspensa sobre áreas alagadas e um circuito que inclui sítios arqueológicos e caminhada até o topo do morro do Caracará, com 293 metros (ver quadro).

Todos estes pontos citados ocupam áreas já estabelecidas pelo zoneamento do parque como passíveis de visitação controlada. A maior parte, cerca de 70%, continuará fechada – é a chamada zona intangível. Ainda assim, assegura o chefe do parque, será um passeio e tanto.

“Nós já temos planejamento suficiente para que se possa oferecer um produto de visitação sem prejudicar a biodiversidade que está conservada no parque”, aponta Ferraz. “E, embora seja pequena em relação ao restante do parque, a área que será aberta à visitação tem uma representatividade biológica e uma diversidade muito grandes”.

Segundo ele, embora ainda faltem estudos precisos sobre a capacidade máxima de visitantes, o que já se sabe é que o turismo será de baixo impacto: poucos visitantes, passeios monitorados e com pernoite nos barcos-hotéis.

Ele cita o exemplo do Parque Nacional de Foz do Iguaçu, que só no ano passado recebeu mais de 1 milhão de turistas. Segundo ele, a unidade paranaense é um modelo de organização bem-sucedida – com investimentos em infra-estrutura e gestão terceirizada do turismo –, mas com filosofia distinta da que será implantada no Pantanal.

“Em termos de organização, Foz do Iguaçu é uma inspiração. Mas, em termos de quantidade de visitantes, é tudo o que não queremos para este parque. É que muitas só dão valor àqueles locais que têm um retorno econômico muito grande, com uma quantidade muito grande de turistas”, diz o chefe do parque. “O Pantanal não tem vocação para isso e este processo não irá acontecer aqui. Nós temos de abrir a visitação, mas desde que ela esteja integrada à preservação e ao monitoramento da biodiversidade".





Fonte: Diário de Cuiabá

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