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De Gazeteiro a professor
Gostei da nova brincadeira inventada por alguns políticos de Mato Grosso. Gostei mesmo, tanto que resolvi entrar. Eu, mesmo em São Paulo onde estou chocando meu filho que se mudou pra lá para estudar, entre uma arrumação e outra no apartamento dele, entre umas e outras comprinhas básicas para deixá-lo bem instalado, passava meu tempo de "folga" acompanhando as notícias de Mato Grosso através da santa Internet. Sinceramente, não saberia mais viver sem ela.
Dentre as notícias da semana encontrei a brincadeira da nota, achei um barato essa história. Primeiro foi o ex-deputado federal, ex-prefeito de Rondonópolis, ex-mais alguma coisa e atual presidente regional do PPS Percival Muniz que atribuiu ao prefeito de Rondonópolis Adilton Sachetti, nota 4 do ponto de vista político e 6 para a administração. O mais legal é que eles são do mesmo partido. É o tal do fogo amigo...risos...esse mata mais que do inimigo!
Depois veio o ex-governador, ex-senador, ex-presidente do INSS, ex-sei lá mais o que e eterno presidente regional do PMDB Carlos Bezerra, que atribuiu nota 2 ou 3 para a gestão Sachetti e para o governo Maggi atribuiu “nota seis ou sete”.
Não é legal a brincadeira? Teve ainda o generoso Chico Daltro que disse não ser possível dar menos que 8 ao governador Blairo. Nossa! Essa foi muito na cara, deputado! Às vésperas da eleição uma puxadinha básica é boa, não é? Dá nota 10 logo, ou 11!
Que legal! Pensei: vou entrar na brincadeira. Foi ai que resolvi pesquisar a atuação dos “políticos professores” para ver que nota estes mereceriam. Como ambos (Percival e Bezerra) estão sem mandato resolvi ver "o conjunto da obra" deles como homens públicos para definir qual nota daria.
O Percival eu procurei pesquisar desde o seu início de vida sua política. Lembrei-me apenas do seu tempo de deputado, e por mais que procurasse na internet, “googleando” por todos os lados, não descobri nada sobre esse período. Sou curiosa, e isso é uma praga que me faz perder tempo à toa. Por pura falta de material e já que estava em Sampa, dei uma chegadinha básica na Folha de SP, mais especificamente no Banco de Dados da Folha. Lá fui eu, bisbilhoteira que sou, à procura de informações. Aproveitei e fiz um apanhado da atuação parlamentar de alguns políticos locais.
A busca que mais demorou foi a de Percival Muniz, não por fartura de material, mas por “faltura” mesmo. Fiquei até constrangida quando o funcionário disse que o volume de matérias era proporcional à relevância da atuação. O que se há de fazer, ser curiosa é duro!
Bem, mas lá descobri pouco sobre Percival como deputado, aliás, um deputado constituinte, que "ajudou a formular" a constituição de 1988 que agora nos rege. Soube apenas que ele é ex-bancário e foi vereador por Rondonópolis. Nada mais descobri sobre esse período. Mas, como deputado constituinte encontrei algo interessante que até me poupou o esforço de atribuir uma nota a ele.
Segundo matéria do jornal, ele foi um dos parlamentares mais ausentes naquele período da legislatura. Nosso deputado era um dos que mais faltavam às sessões. Em matéria publicada em 16 de julho de 1990, nosso então deputado tinha faltado 66 sessões das, pasmem, 70 realizadas no primeiro semestre daquele ano, portanto, tendo participado de apenas 4 sessões, como registrado nas atas do Diário do Congresso, segundo a matéria do jornalista Lucio Vaz. Mesmo descontados as segundas e sextas-feiras, como ocorre hoje, o nosso então deputado deixou de participar de 43 sessões de votação. Ficou então conhecido como um dos “Deputados Gazeteiros”. Já que tinha tido todo esse trabalho, tinha que dar uma nota. Mas eu não precisei, a nota foi dada por ele mesmo, 66, em homenagem às suas “gazetadas”. Brincadeira legal essa de dar nota, hein?
Quanto a Carlos Bezerra, esse tem uma farto material. O funcionário até comentou: Desse tem bastante! Em especial da sua ultima atuação pública como presidente do INSS, que foi uma passagem curta, porém, deverasmente marcante. E de mais a mais, toda população do estado já tem em mente a sua nota. Eu diria que Carlos Bezerra é assim, digamos, hors-concours.
Bem, é isso, entendo que a brincadeira é gostosa mesmo, mas quando se tem notas vermelhas no boletim, o melhor que se tem a fazer é ficar caladinho. Ô pessoal, presta atenção!
Adriana Vandoni é economista, especialista em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas/RJ e articulista de A Gazeta.
E-mail: avandoni@uol.com.br Blog: www.argumento.bigblogger.com.br
Dentre as notícias da semana encontrei a brincadeira da nota, achei um barato essa história. Primeiro foi o ex-deputado federal, ex-prefeito de Rondonópolis, ex-mais alguma coisa e atual presidente regional do PPS Percival Muniz que atribuiu ao prefeito de Rondonópolis Adilton Sachetti, nota 4 do ponto de vista político e 6 para a administração. O mais legal é que eles são do mesmo partido. É o tal do fogo amigo...risos...esse mata mais que do inimigo!
Depois veio o ex-governador, ex-senador, ex-presidente do INSS, ex-sei lá mais o que e eterno presidente regional do PMDB Carlos Bezerra, que atribuiu nota 2 ou 3 para a gestão Sachetti e para o governo Maggi atribuiu “nota seis ou sete”.
Não é legal a brincadeira? Teve ainda o generoso Chico Daltro que disse não ser possível dar menos que 8 ao governador Blairo. Nossa! Essa foi muito na cara, deputado! Às vésperas da eleição uma puxadinha básica é boa, não é? Dá nota 10 logo, ou 11!
Que legal! Pensei: vou entrar na brincadeira. Foi ai que resolvi pesquisar a atuação dos “políticos professores” para ver que nota estes mereceriam. Como ambos (Percival e Bezerra) estão sem mandato resolvi ver "o conjunto da obra" deles como homens públicos para definir qual nota daria.
O Percival eu procurei pesquisar desde o seu início de vida sua política. Lembrei-me apenas do seu tempo de deputado, e por mais que procurasse na internet, “googleando” por todos os lados, não descobri nada sobre esse período. Sou curiosa, e isso é uma praga que me faz perder tempo à toa. Por pura falta de material e já que estava em Sampa, dei uma chegadinha básica na Folha de SP, mais especificamente no Banco de Dados da Folha. Lá fui eu, bisbilhoteira que sou, à procura de informações. Aproveitei e fiz um apanhado da atuação parlamentar de alguns políticos locais.
A busca que mais demorou foi a de Percival Muniz, não por fartura de material, mas por “faltura” mesmo. Fiquei até constrangida quando o funcionário disse que o volume de matérias era proporcional à relevância da atuação. O que se há de fazer, ser curiosa é duro!
Bem, mas lá descobri pouco sobre Percival como deputado, aliás, um deputado constituinte, que "ajudou a formular" a constituição de 1988 que agora nos rege. Soube apenas que ele é ex-bancário e foi vereador por Rondonópolis. Nada mais descobri sobre esse período. Mas, como deputado constituinte encontrei algo interessante que até me poupou o esforço de atribuir uma nota a ele.
Segundo matéria do jornal, ele foi um dos parlamentares mais ausentes naquele período da legislatura. Nosso deputado era um dos que mais faltavam às sessões. Em matéria publicada em 16 de julho de 1990, nosso então deputado tinha faltado 66 sessões das, pasmem, 70 realizadas no primeiro semestre daquele ano, portanto, tendo participado de apenas 4 sessões, como registrado nas atas do Diário do Congresso, segundo a matéria do jornalista Lucio Vaz. Mesmo descontados as segundas e sextas-feiras, como ocorre hoje, o nosso então deputado deixou de participar de 43 sessões de votação. Ficou então conhecido como um dos “Deputados Gazeteiros”. Já que tinha tido todo esse trabalho, tinha que dar uma nota. Mas eu não precisei, a nota foi dada por ele mesmo, 66, em homenagem às suas “gazetadas”. Brincadeira legal essa de dar nota, hein?
Quanto a Carlos Bezerra, esse tem uma farto material. O funcionário até comentou: Desse tem bastante! Em especial da sua ultima atuação pública como presidente do INSS, que foi uma passagem curta, porém, deverasmente marcante. E de mais a mais, toda população do estado já tem em mente a sua nota. Eu diria que Carlos Bezerra é assim, digamos, hors-concours.
Bem, é isso, entendo que a brincadeira é gostosa mesmo, mas quando se tem notas vermelhas no boletim, o melhor que se tem a fazer é ficar caladinho. Ô pessoal, presta atenção!
Adriana Vandoni é economista, especialista em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas/RJ e articulista de A Gazeta.
E-mail: avandoni@uol.com.br Blog: www.argumento.bigblogger.com.br
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