Por trás do biombo do moralismo

Nos arraiais tucano-pefelistas e nos terreiros da nossa esquerda histérica continuam a rufar os tambores da guerra. Agora com redobrado vigor. Há que se intensificar o barulho e recrudescer a operação desmonte, levando à exacerbação os ataques contra o núcleo hegemônico do governo e principalmente contra Lula da Silva, hoje mais que provável candidato à reeleição. Por isso, todo o empenho em insuflar o rancor dos inconformados e descontentes e acordar a fúria de todos os ódios reprimidos.

No Senado e na Câmara, transformados em tribunais do Santo Ofício, os sacerdotes do maniqueísmo se sucedem nas tribunas em virulentas catilinárias. Em torno do Palácio do Planalto ora sitiado pelas hordas oposicionistas, arde o implacável fogaréu das CPIs atiçado pelo sopro da chamada grande imprensa, que engajada na patranha, se entrega à prática do denuncismo sem freio que atinge honra e reputações alheias. Por trás do biombo do moralismo, os falsos varões de Plutarco da oposição tomam a nuvem por Juno transformando versões em fatos e indícios vagos em evidências irrefutáveis, a ponto de uma mera ilação fazer do disse-me-disse uma verdade incontestável.

Hoje, mais do que ontem e menos do que amanhã, se fortalece o conluio dos extremos – de ACM a Heloisa Helena – que se unem entoando a litania de um libelo que repetem à exaustão e ensandecidos engendram novas denúncias contra aqueles que representam uma ameaça ao projeto neoliberal de retomada do poder. Atingir o presidente é o principal objetivo daqueles que decidiram destruí-lo e levá-lo à execração pública. Hoje Lula é um Prometeu acorrentado exposto à sanha de abutres famintos que tentam devorar-lhe o fígado.

Com o propósito de alcançar o presidente alvejam integrantes do governo. Tanto fizeram que conseguiram o que pretendiam desde o início da crise. Mantendo o ministro Palocci na linha de tiro, acabaram por abatê-lo e derrubá-lo do alto comando da economia brasileira, objetivando com isso abalar o mais sólido setor da administração e deixar Lula e o governo politicamente mais vulneráveis. Para isso, o tucanato e seus acólitos fizeram o que nem mesmo o iracundo Carlos Lacerda permitiu-se fazer contra seus adversários: invadir-lhes a privacidade para expor à maledicência pública a intimidade de suas vidas particulares.

Não foi outro o propósito da oposição ao engendrar a patranha do caseiro. Na impossibilidade de imputar ao Palocci ministro a prática comprovada de um ato criminoso, urgia envolver o Palocci cidadão comum em algo atentatório à família: por que não apresentá-lo como dado a escapadelas extraconjugais? Daí o empenho para colocá-lo no interior de uma mansão suspeita no Lago Sul de Brasília. Não para acusá-lo de ali comparecer para tratar de negócios ilícitos, mas de algo mais picante. Sua Excelência freqüentava a “República de Ribeirão Preto” para encontros furtivos com garotas de programa. Essas supostas aventuras só não foram divulgadas com estardalhaço, porque cederam lugar à quebra de sigilo bancário do caseiro, esse tiro no pé que foi suficiente para derrubar o ministro.

Mas, não vai ficar só nisso. Vem por aí chumbo grosso, agora dirigido diretamente contra Lula. Não foi à toa que há meses a oposição anunciou o propósito de “desmoralizá-lo, sangrá-lo e liquidá-lo”. O próximo passo nesse processo de linchamento será envolver seus familiares em supostos delitos levando-os às passarelas das CPIs. Em seguida, como quiseram fazer com Getúlio Vargas os gaviões da “República do Galeão” em 54, tentarão arrastar o presidente Lula à humilhação de ser levado a depor. Piores coisas virão, pois a caixa de Pandora tucano-pefelista está aberta e tudo de ruim podemos esperar de uma oposição ensandecida em se tratando de politicalha e baixaria eleitoral.

(Wilson Lemos- Email: wfelemos@terra.com.br)