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Omara Portuondo diz ser perseguida por fantasmas do Buena Vista
Omara Portuondo jura que os fantasmas de Compay Segundo, Ibrahim Ferrer e Ruben González a perseguem pelos cantos do mundo. Mas aos 75 anos, a sobrevivente do Buena Vista Social Club continua desfrutando o sucesso internacional do disco gravado há uma década com os músicos, sob a direção do guitarrista norte-americano Ry Cooder.
"Sinto-me adulada, respeitada e querida porque a vida nos premiou com esse projeto tão lindo", disse ela minutos antes de um concerto no Teatro Nacional de Havana.
"Ao mesmo tempo, estranho muitíssimo. Eles estão sempre conosco. Em cada palco nós os lembramos", comentou.
Compay Segundo morreu em 2003 aos 95 anos. Neste mesmo ano, morreu González com 84 anos, e em 2005 foi a vez de Ferrer, que tinha 78 anos.
O último músico a abandoná-la foi Pío Leyva, morto na quinta-feira aos 88 anos em Havana.
No entanto, no palco às escuras do Teatro Nacional, ela é esperada por uma geração de músicos mais jovens, que tomaram as rédeas do Buena Vista Social Club, como o contrabaixista Orlando "Cachaito" López, o trompetista Manuel "Guajiro" Mirabal e o trombonista Jesús "Aguaje" Ramos.
Quando sobe o pano de fundo, entra primeiro a sua voz sensual. Segundos depois, Portuondo avança pelo palco com passos indecisos e o olhar cravado no chão para não tropeçar nos cabos.
A música que abre o show? Um bolero: Lo que me queda por vivir. UMA SIMPLES MULATINHAL
Em 54 anos de carreira, Portuondo já foi chamada de a "Noiva do Feeling", de "Edith Piaf cubana" e até mesmo de "Billie Holiday" dos trópicos.
"Sou simplesmente uma mulatinha cubana que desde pequena gostava de música. Foi um presente da natureza", explica.
Portuondo nasceu em Havana em 1930, filha de uma senhora de boa família e de um jogador negro da seleção cubana de beisebol.
Sua carreira artística começou em 1945 como bailarina do cabaré Tropicana. A partir de 1952, transformou-se em celebridade nacional com o quarteto Las d'Aida, junto com sua irmã Haydeé, Elena Bourke e Moraima Secada.
Quando lhe perguntam o que deve ao Buena Vista Social Club, Portuondo deixa bem claro que quando conheceu Cooder em 1996, ela já havia gravado vários discos e cantado junto com Nat King Cole.
Ao contrário do cantor Ferrer, que lustrava sapatos em Havana, ou do pianista González, que nem sequer tinha um piano onde ensaiar, Portuondo era uma artista conhecida em Cuba e até mesmo em algumas partes da América Latina.
"Tive o privilégio que outros do grupo não tiveram. Eu me apresentava em muitas partes do mundo, participava de muitos eventos", lembra.
Mas foi sua versão do bolero Veinte Años, junto com Compay Segundo no Buena Vista Social Club, que deu dimensão internacional à sua carreira.
"Se sou reconhecida no mundo inteiro isso se deve ao Buena Vista. Hoje muitos me aplaudem e sabem que sou um símbolo da música cubana", disse no camarim do Teatro Nacional.
O disco produzido por Cooder vendeu quase um milhão de cópias, ganhou um Grammy e redescobriu para o grande público a música tradicional de Cuba.
Orlando Matos, um jornalista que seguiu de perto o fenômeno do Buena Vista Social Club, disse que o disco e o documentário filmado pelo alemão Wim Wenders, que foi indicado a um Oscar, catapultaram Portuondo.
"Omara não estava esquecida nem era ignorada, mas o grande público internacional a conheceu graças ao Buena Vista. Para o mundo, Omara começa a figurar como estrela a partir deste disco", explicou.
Desde então ela já gravou três discos: Buena Vista presents Omara Portuondo (2000), Dos Gardenias (2001) e Flor de amor (2004). Além disso, foi convidada a participar de vários trabalhos.
"Hoje Omara é considerada uma diva internacional, uma das figuras mais conhecidas da música cubana", disse Matos.
EMBAIXADORA
Horas depois do concerto no Teatro Nacional de Havana, Portuondo volta a fazer as malas para viajar para a Áustria. Esta semana ainda comemora os 10 anos do Buena Vista Social Club com uma série de shows no México.
Em seu passaporte, estão carimbos de entrada em Macau, Hong Kong, Xangai, Pequim, Cingapura e Seul, de uma turnê no final de 2005.
"Sinto-me como se fosse a embaixadora de Cuba, digo isso com toda a sinceridade. Cada artista representa, queira ou não, seu país. Isso é muito bonito", disse.
Nos próximos meses Portuondo manterá o pé no acelerador. Em abril vai se apresentar na Colômbia e no México; em julho na Suíça, Espanha, Itália e Grã-Bretanha; em agosto na Alemanha e na França. Em outubro, quando comemora 76 anos de idade, estará na Hungria.
"Sinto-me adulada, respeitada e querida porque a vida nos premiou com esse projeto tão lindo", disse ela minutos antes de um concerto no Teatro Nacional de Havana.
"Ao mesmo tempo, estranho muitíssimo. Eles estão sempre conosco. Em cada palco nós os lembramos", comentou.
Compay Segundo morreu em 2003 aos 95 anos. Neste mesmo ano, morreu González com 84 anos, e em 2005 foi a vez de Ferrer, que tinha 78 anos.
O último músico a abandoná-la foi Pío Leyva, morto na quinta-feira aos 88 anos em Havana.
No entanto, no palco às escuras do Teatro Nacional, ela é esperada por uma geração de músicos mais jovens, que tomaram as rédeas do Buena Vista Social Club, como o contrabaixista Orlando "Cachaito" López, o trompetista Manuel "Guajiro" Mirabal e o trombonista Jesús "Aguaje" Ramos.
Quando sobe o pano de fundo, entra primeiro a sua voz sensual. Segundos depois, Portuondo avança pelo palco com passos indecisos e o olhar cravado no chão para não tropeçar nos cabos.
A música que abre o show? Um bolero: Lo que me queda por vivir. UMA SIMPLES MULATINHAL
Em 54 anos de carreira, Portuondo já foi chamada de a "Noiva do Feeling", de "Edith Piaf cubana" e até mesmo de "Billie Holiday" dos trópicos.
"Sou simplesmente uma mulatinha cubana que desde pequena gostava de música. Foi um presente da natureza", explica.
Portuondo nasceu em Havana em 1930, filha de uma senhora de boa família e de um jogador negro da seleção cubana de beisebol.
Sua carreira artística começou em 1945 como bailarina do cabaré Tropicana. A partir de 1952, transformou-se em celebridade nacional com o quarteto Las d'Aida, junto com sua irmã Haydeé, Elena Bourke e Moraima Secada.
Quando lhe perguntam o que deve ao Buena Vista Social Club, Portuondo deixa bem claro que quando conheceu Cooder em 1996, ela já havia gravado vários discos e cantado junto com Nat King Cole.
Ao contrário do cantor Ferrer, que lustrava sapatos em Havana, ou do pianista González, que nem sequer tinha um piano onde ensaiar, Portuondo era uma artista conhecida em Cuba e até mesmo em algumas partes da América Latina.
"Tive o privilégio que outros do grupo não tiveram. Eu me apresentava em muitas partes do mundo, participava de muitos eventos", lembra.
Mas foi sua versão do bolero Veinte Años, junto com Compay Segundo no Buena Vista Social Club, que deu dimensão internacional à sua carreira.
"Se sou reconhecida no mundo inteiro isso se deve ao Buena Vista. Hoje muitos me aplaudem e sabem que sou um símbolo da música cubana", disse no camarim do Teatro Nacional.
O disco produzido por Cooder vendeu quase um milhão de cópias, ganhou um Grammy e redescobriu para o grande público a música tradicional de Cuba.
Orlando Matos, um jornalista que seguiu de perto o fenômeno do Buena Vista Social Club, disse que o disco e o documentário filmado pelo alemão Wim Wenders, que foi indicado a um Oscar, catapultaram Portuondo.
"Omara não estava esquecida nem era ignorada, mas o grande público internacional a conheceu graças ao Buena Vista. Para o mundo, Omara começa a figurar como estrela a partir deste disco", explicou.
Desde então ela já gravou três discos: Buena Vista presents Omara Portuondo (2000), Dos Gardenias (2001) e Flor de amor (2004). Além disso, foi convidada a participar de vários trabalhos.
"Hoje Omara é considerada uma diva internacional, uma das figuras mais conhecidas da música cubana", disse Matos.
EMBAIXADORA
Horas depois do concerto no Teatro Nacional de Havana, Portuondo volta a fazer as malas para viajar para a Áustria. Esta semana ainda comemora os 10 anos do Buena Vista Social Club com uma série de shows no México.
Em seu passaporte, estão carimbos de entrada em Macau, Hong Kong, Xangai, Pequim, Cingapura e Seul, de uma turnê no final de 2005.
"Sinto-me como se fosse a embaixadora de Cuba, digo isso com toda a sinceridade. Cada artista representa, queira ou não, seu país. Isso é muito bonito", disse.
Nos próximos meses Portuondo manterá o pé no acelerador. Em abril vai se apresentar na Colômbia e no México; em julho na Suíça, Espanha, Itália e Grã-Bretanha; em agosto na Alemanha e na França. Em outubro, quando comemora 76 anos de idade, estará na Hungria.
Fonte:
Reuters
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/310165/visualizar/
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