Anistia comemora condenação de assassino de índio

Depois de vários adiamentos, José Lourival Frazão foi condenado nesta quarta-feira pelo assassinato de um índio xukuru, em 7 de fevereiro de 2003. Ele foi sentenciado a 12 anos e seis meses de prisão por um tribunal na cidade de Caruará, em Pernambuco. No outro processo que respondia por assassinato, ele foi considerado inocente porque teria agido em auto-defesa.

A Anistia Internacional comemorou o fato de o assassino confesso ter sido levado à justiça, mas pediu que as autoridades brasileiras continuem a investigar a morte dos Xukuru. Conforme um comunicado da Anistia, estas mortes vêm ocorrendo ao longo de uma história de violência e intimidação que os Xukuru sofrem nas mãos dos fazendeiros locais. "O clima de impunidade significa que as elites proprietárias de terras podem continuar a contratar pistoleiros para intimidar os Xukuru", diz o comunicado.

Frazão confessou ser o responsável pela emboscada ao cacique da tribo Xukuru, Marcos Luidson de Araújo, conhecido como ¿Marcos Xukuru¿, e seu sobrinho de 12 anos. Os dois escaparam, mas outros dois indígenas que os acompanhavam foram mortos.

O motivo do crime foi disputa de terras. Em 1992, uma área de 27 mil hectares na cidade de Pesqueira foi demarcada em favor dos Xukuru. Fazendeiros da região nunca concordaram com a desapropriação. Hoje, os índios ocupam apenas 20% dessa área. O conflito sempre foi marcado por mortes. O pai de Marcos Luidson, Francisco de Assis Araújo, foi morto por pistoleiros em 20 de maio de 1998. Em 23 de abril de 2001, outro líder da tribo, Francisco de Assis Santana, foi morto a tiros em Pesqueira quando ia para uma reunião com representantes da Funai no Estado.