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Politica Brasil
Quinta - 23 de Março de 2006 às 06:48
Por: Romilson Dourado

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Com apenas um ano e três meses de administração, o prefeito de Poconé, Clóvis Damião Martins (ex-PTB e hoje no PP) já corre risco de perder o mandato. Além de um pedido de cassação por abuso de poder econômico e político, que deve ser julgado hoje ou na sessão de 4 de abril pelo Pleno do Tribunal Regional Eleitoral, Clóvis ainda enfrenta outro processo paralelo e similar na Polícia Federal, também por crime eleitoral.

O inquérito é presidido pelo delegado Tony Gean Barbosa de Castro. Pelo menos cinco testemunhas confessaram, em depoimento, que negociaram voto em favor da candidatura de Clóvis, que se elegeu numa disputa acirrada. Teve 7.354 votos, somente 90 a mais em relação ao então prefeito Euclides dos Santos PMDB), que conquistou 7.264 votos.

A Gazeta teve acesso ao depoimento dos cinco eleitores, que inclusive foram indiciados por confessar recebimento de dinheiro em troca de votos. Um deles é o aposentado Guilherme Assis de Almeida, 66. Em depoimento na PF há exato um mês, ele contou que vendeu seu voto para o próprio Clóvis. Relata que no dia 1º de outubro de 2004 - a dois dias das eleições -, Clovis, acompanhado da esposa, o procurou em sua residência e lhe ofereceu R$ 200 pelo voto. "Eu aceitei a oferta, assumi compromisso, mas não votei nele", revela. Segundo Guilherme, o pagamento foi feito parcialmente. Sustenta que no dia 5 de outubro recebeu só R$ 70. "O restante até hoje não foi pago".

A desempregada Jumara da Silva Fernandes, 21, também confessa perante o delegado Tony Gean ter negociado o voto por R$ 40. Ela relata que, no dia da eleição foi abordada por "um cidadão de nome Haroldo de Tal (Haroldo José da Silva, coordenador da campanha de Clóvis), que lhe propôs R$ 40 para votar no então candidato petebista. Jumara arrolou três pessoas como testemunhas da negociação.

Josiane da Costa Oliveira, 30, também confessou no inquérito que negociou seu voto com Haroldo em favor da candidatura de Clóvis. "Recebi o dinheiro, prometi votar nele, mas no dia da votação destinei meu voto em favor de outros candidatos", relata. Josiane disse que o pagamento foi feito no mesmo dia, no período da tarde, pelo próprio Haroldo. Ela enfatiza ainda ao delegado que já havia feito essa confissão junto ao juiz eleitoral de Poconé.

Outra que também admite venda de voto é a empresária Juliana Macedo, 22. Em interrogatório na Polícia Federal no dia 23 de fevereiro deste ano, ela narra que, na véspera da eleição, recebeu a visita em sua residência de "um cidadão conhecido por Pipita", que ofereceu R$ 20 para creditar o voto no candidato Clóvis. "Ele (Pipita) retornou à minha casa no dia 4 de outubro, advertindo que teria perdido a lista de todas as pessoas às quais fez oferta de dinheiro em troca de voto e me aconselhou que negasse tudo se fosse questionada por alguém sobre a lista", relatou Juliana. No inquérito, consta ainda a revelação do borracheiro Jolício Santos de Souza, 30, que confessou ter recebido mil tijolos ofertados pelo hoje vice-prefeito Tico Arlindo (PFL) para votar na chapa encabeçada por Clóvis. "O pagamento dos tijolos foi feito por meio de um vale compras", confessa Santos. Ele diz ainda que os tijolos foram entregues em sua casa, dois dias depois, pela empresa Guimarães Materiais de Construção Ltda.





Fonte: A Gazeta

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