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Politica Brasil
Quarta - 22 de Março de 2006 às 06:41
Por: Marcia Raquel

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“Dom Aquino era um gênio daqueles que nascem de 100 em 100 anos”. A definição é do professor de história e prefeito de Cuiabá, Wilson Santos. Homem de grandes feitos, Dom Francisco de Aquino Corrêa se destacou na política mato-grossense pelo seu papel pacificador. Essa, e não as grandes obras -- que tanto são valorizadas na política atual --, foi a marca do seu governo. “Até então tudo era decidido na base da bala. Ele segurou os ânimos do Estado”, ponderou. Hoje, completa 50 anos da morte de Dom Aquino.

Em 1917, sob indicação do presidente Wenceslau Brás, o bispo Dom Aquino foi eleito presidente do Estado de Mato Grosso. Aos 32 anos, a sua principal missão era restituir a paz na esfera política e a confiança nas autoridades constituídas. “Ele foi governador muito mais por solicitação dos partidos políticos e do Vaticano do que por projeto ou desejo pessoal”, ponderou Santos.

O espírito religioso aliado à simpatia, popularidade e inteligência de Dom Aquino impressionaram o então interventor federal, Camilo Soares de Moura, que foi quem sugeriu ao presidente Wenceslau Brás a indicação de Dom Aquino para presidir o Estado de Mato Grosso e resolver a crise.

De 1918 a 1922, governou pela paz. Não só pelo seu perfil, mas pelas condições de que dispunha na época. Além dos poucos recursos, a dimensão do Estado, na época com 1.380.000 quilômetros quadrados, e a pequena população espalhada por cidades separadas por grandes distâncias, não dava condições para uma administração calcada na realização de grandes obras.

Porém algumas obras do seu governo se tornaram símbolos da história mato-grossense. “A conclusão da Igreja do Bom Despacho e a construção do 16º BC (Batalhão de Caçadores), onde hoje é o Sesc Arsenal, foram obras de Dom Aquino”, explicou Wilson Santos ao ressaltar que a chegada da energia elétrica ao Estado também se deu na sua administração.

Ainda no seu governo foram fundados o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso e o Centro Mato-grossense de Letras, que mais tarde se tornou Academia Mato-grossense de Letras. Os primeiros automóveis que circularam em terras mato-grossenses também datam deste período.

De acordo com a obra do escritor mato-grossense Corsíndio Monteiro da Silva (1918-2005), no final do seu governo, com a morte do 1º Arcebispo Metropolitano de Cuiabá, Dom Aquino foi nomeado seu sucessor. Porém teria que permanecer ainda alguns meses na presidência do Estado. Nesse período, mesmo contra a sua vontade, teve que conciliar a administração com as atividades religiosas, o que provocou a ira dos políticos da época.

“Os imponderáveis da política amarguraram o jovem prelado, deixando-o de cabelos brancos e em tal sorte que os inimigos, acirrados e ferrenhos da véspera, se reconciliaram de vez, formando uma espécie de frente única contra o próprio governante pacificador”, diz um trecho da obra do escritor. Desapegado de bens materiais, o filho do casal Antônio Tomás de Aquino e Maria de Aleluia Guadie-Ley, conta a história, saiu do governo tão pobre quanto entrara.





Fonte: Diário de Cuiabá

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