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Planalto arma plano para saída de Palocci
Uma informação que parecia fadada à fofoca de corredor começa a ganhar corpo dentro do Palácio do Planalto: para dar fim à crise, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, deixaria o cargo até o próximo dia 31 para ser lançado candidato ao governo do Estado de São Paulo. Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria demonstrado simpatia por tal alternativa pela primeira vez. Interlocutores próximos do presidente disseram que, dada a conjuntura, ele imagina solucionar vários problemas com esta tacada, apesar de ter dito em público que seu ministro não sai nem se pedir.
No grupo que se convencionou chamar “coordenação de governo” – formado pelos ministros que atuam próximos a Lula –, diz-se que o envio de Palocci à corrida pelo Palácio dos Bandeirantes é defendida com mais energia pelo secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, e pela chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A idéia também já teria seduzido outros integrantes do comando político.
Lula, por seu lado, vinha resistindo porque acha que o candidato ao governo de São Paulo deve ser seu líder no Senado, Aloízio Mercadante. Este, entretanto, precisa disputar a indicação do partido com a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, que está melhor posicionada tanto nas pesquisas de intenção de voto quanto na burocracia partidária. De Brasília, os articuladores do Planalto enxergam alto potencial destrutivo para a candidatura do presidente à reeleição, caso Mercadante e Marta rachem o PT em São Paulo. Daí clamarem por um tertius.
Curiosamente, o nome de Palocci para o papel ganhou força a partir da última quinta-feira, dia em que o caseiro Francenildo dos Santos Costa desnudou, na CPI dos Bingos, as supostas mentiras do ministro quanto às suas relações com a suspeitíssima República de Ribeirão Preto – grupo de lobistas acusado de tramar negociatas com o governo entre 2003 e 2004. Atacado sem dó pela oposição, Palocci uniu o PT em torno de si. Além disso, chegaram ao gabinete do presidente mensagens de apoio de grandes industriais e banqueiros. Lula ficou impressionado, segundo um interlocutor bastante próximo a ele.
Na quinta-feira, Lula telefonou ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), procurando tomar a temperatura da crise a partir do depoimento do caseiro. Ouviu um relato pouco otimista. Calheiros informou-lhe que o depoimento incendiara a oposição e que o episódio envolvendo Palocci era “grave” e “poderia crescer”.
O presidente já começara a costurar a “candidatura de Palocci a deputado federal” – com a qual ele teria que deixar o governo – quando surgiu a informação sobre os depósitos na conta do caseiro. A suspeita de que o depoimento tivesse sido comprado pela oposição deu uma folga ao governo. Na sexta, Lula recebeu um Palocci humilhado, nas palavras de auxiliares de seu gabinete, para uma reunião com os presidentes dos bancos oficiais. Mas recebeu também esses informes segundo os quais o prestígio do ministro em nada fora abalado, no que tange às mesas de operações do mercado financeiro.
Lula, então, teria decidido só mandar Palocci embora se conseguisse uma forma de ele “sair por cima”. Foi quando ouviu novamente o canto das sereias por um tertius em São Paulo e, pela primeira vez, se animou com ele. Na ótica de alguns conselheiros presidenciais, a candidatura resolveria muitos problemas. A saber: 1) a cabeça do ministro da Fazenda não seria simplesmente entregue de bandeja à oposição; 2) a crise política perderia muito de seu combustível; 3) Lula lembraria o discurso do “cortarei na carne” em sua candidatura à reeleição, blindando-se das denúncias que reaparecerão na propaganda eleitoral; 4) o PT se unificaria em São Paulo.
Os beques
Todas as conversas em torno do assunto, até aqui, pararam quando alguém pergunta: como fazê-lo? Como fazer Marta e Mercadante abrirem mão de uma campanha que já está na rua? Neste domingo, os dois participaram de uma reunião plenária justamente em Ribeirão Preto, cidade governada por Palocci duas vezes e de onde saíram os próceres da turma de lobistas que se aboletou em Brasília quando ele tornou-se ministro da Fazenda de Lula.
A reportagem do Correio não conseguiu contatar Mercadante. Marta, após deixar Ribeirão, seguiu para Bauru para mais contatos com militantes. A prévia em que os filiados ao partido escolherão qual dos dois concorrerá aos Bandeirantes está marcada, por enquanto, para 7 de maio. A assessoria de imprensa da ex-prefeita informou que ela não vai se pronunciar sobre “boatos” e que “seguirá fazendo campanha para ser a próxima governadora de São Paulo”. Ou seja, falta combinar com os beques.
No grupo que se convencionou chamar “coordenação de governo” – formado pelos ministros que atuam próximos a Lula –, diz-se que o envio de Palocci à corrida pelo Palácio dos Bandeirantes é defendida com mais energia pelo secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, e pela chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A idéia também já teria seduzido outros integrantes do comando político.
Lula, por seu lado, vinha resistindo porque acha que o candidato ao governo de São Paulo deve ser seu líder no Senado, Aloízio Mercadante. Este, entretanto, precisa disputar a indicação do partido com a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, que está melhor posicionada tanto nas pesquisas de intenção de voto quanto na burocracia partidária. De Brasília, os articuladores do Planalto enxergam alto potencial destrutivo para a candidatura do presidente à reeleição, caso Mercadante e Marta rachem o PT em São Paulo. Daí clamarem por um tertius.
Curiosamente, o nome de Palocci para o papel ganhou força a partir da última quinta-feira, dia em que o caseiro Francenildo dos Santos Costa desnudou, na CPI dos Bingos, as supostas mentiras do ministro quanto às suas relações com a suspeitíssima República de Ribeirão Preto – grupo de lobistas acusado de tramar negociatas com o governo entre 2003 e 2004. Atacado sem dó pela oposição, Palocci uniu o PT em torno de si. Além disso, chegaram ao gabinete do presidente mensagens de apoio de grandes industriais e banqueiros. Lula ficou impressionado, segundo um interlocutor bastante próximo a ele.
Na quinta-feira, Lula telefonou ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), procurando tomar a temperatura da crise a partir do depoimento do caseiro. Ouviu um relato pouco otimista. Calheiros informou-lhe que o depoimento incendiara a oposição e que o episódio envolvendo Palocci era “grave” e “poderia crescer”.
O presidente já começara a costurar a “candidatura de Palocci a deputado federal” – com a qual ele teria que deixar o governo – quando surgiu a informação sobre os depósitos na conta do caseiro. A suspeita de que o depoimento tivesse sido comprado pela oposição deu uma folga ao governo. Na sexta, Lula recebeu um Palocci humilhado, nas palavras de auxiliares de seu gabinete, para uma reunião com os presidentes dos bancos oficiais. Mas recebeu também esses informes segundo os quais o prestígio do ministro em nada fora abalado, no que tange às mesas de operações do mercado financeiro.
Lula, então, teria decidido só mandar Palocci embora se conseguisse uma forma de ele “sair por cima”. Foi quando ouviu novamente o canto das sereias por um tertius em São Paulo e, pela primeira vez, se animou com ele. Na ótica de alguns conselheiros presidenciais, a candidatura resolveria muitos problemas. A saber: 1) a cabeça do ministro da Fazenda não seria simplesmente entregue de bandeja à oposição; 2) a crise política perderia muito de seu combustível; 3) Lula lembraria o discurso do “cortarei na carne” em sua candidatura à reeleição, blindando-se das denúncias que reaparecerão na propaganda eleitoral; 4) o PT se unificaria em São Paulo.
Os beques
Todas as conversas em torno do assunto, até aqui, pararam quando alguém pergunta: como fazê-lo? Como fazer Marta e Mercadante abrirem mão de uma campanha que já está na rua? Neste domingo, os dois participaram de uma reunião plenária justamente em Ribeirão Preto, cidade governada por Palocci duas vezes e de onde saíram os próceres da turma de lobistas que se aboletou em Brasília quando ele tornou-se ministro da Fazenda de Lula.
A reportagem do Correio não conseguiu contatar Mercadante. Marta, após deixar Ribeirão, seguiu para Bauru para mais contatos com militantes. A prévia em que os filiados ao partido escolherão qual dos dois concorrerá aos Bandeirantes está marcada, por enquanto, para 7 de maio. A assessoria de imprensa da ex-prefeita informou que ela não vai se pronunciar sobre “boatos” e que “seguirá fazendo campanha para ser a próxima governadora de São Paulo”. Ou seja, falta combinar com os beques.
Fonte:
O Estadão
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/311372/visualizar/
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