Sete filmes representam o Brasil no Festival de Toulouse

Espaço privilegiado para a descoberta de novos talentos e de ajuda à produção cinematográfica latino-americana, o Festival de Encontros de Cinema da América Latina de Toulouse, que será inaugurado nesta sexta-feira, celebra sua 18ª edição com uma maratona de mais de 200 filmes, sete deles na disputa pelo prêmio máximo Coup de Coeur. Quanto ao cinema brasileiro, sete filmes produzidos no Brasil e uma co-produção com o México representarão o país nesta mostra dedicada ao cinema latino-americano.

Sete longas-metragens de Argentina, Chile, Peru e Uruguai disputarão o prêmio principal de Toulouse, entre eles várias primeiras obras, mas também filmes de diretores já consagrados, como o argentino Daniel Burman, que apresentará Derecho de Familia, segundo a programação anunciada pela diretora do evento, Esther Saint-Dizier, durante entrevista coletiva celebrada na noite de terça-feira em Paris.

Entre os brasileiros, Incuráveis, de Gustavo Acioli, Quarta B, de Marcelo Galvão, e Só Deus Sabe, uma co-produção com o México sob a direção de Carlos Bolado, com Alice Braga e Diego Luna, disputarão o Prêmio Descobrimento da Crítica Francesa, reservado aos primeiros e segundos filmes de um diretor.

Na disputa pelo prêmio SIGNIS, Estamira, de Marcos Prado, concorrerá na categoria documentário, enquanto Alice, de Rafael Gomes, O Cão Sedento, de Bruno e Shiko Sales, O Xadrez das Cores, de Marco Schiavon, e Cólera, de Leandro Davico, concorrerão aos Prêmios de Curta-metragem e Courtoujours. No total, 14 filmes de ficção, sete documentários e sete curtas-metragens disputarão os diferentes prêmios do festival, enquanto a seção Panorama apresentará, em caráter hors-concours, 14 filmes recentes de diretores confirmados.

No sábado, 25 de março, o júri presidido pelo produtor e diretor paraguaio Hugo Gamarra Etcheverry, concederá o prêmio Coup de Coeur, dotado de uma ajuda de distribuição de 6.100 euros.

Os demais membros do júri são os cineastas Jorge Amat (Espanha), Miguel Curiel, (Venezuela), Arnaud Jalbert, encarregado de programas de co-produção Unité Fiction Arte France (França) e Nathalie Trafford, da Paraiso Production Diffusion (França).

Apesar do enfoque latino-americano, o Festival de Toulouse não se limita ao cinema regional e trabalha para apoiar os jovens cineastas através da iniciativa Cinema em Construção, destinada a ajudar a finalizar filmes com dificuldades na fase de pós-produção.

A seção, que a mostra de Toulouse organiza em conjunto com o Festival de San Sebastián, já possibilitou a finalização de vários filmes, entre os quais dois apresentados no último festival de Cannes: Sangre, do mexicano Amat Escalante, e Cinema, Aspirina e Urubus, do brasileiro Marcelo Gomes, que será exibido em 26 de março na noite de encerramento dos Encontros.

O festival prestará uma homenagem ao ator argentino Gastón Pauls, apresentando uma seleção de oito filmes em que atua, entre os quais os consagrados Nove Rainhas, de Fabián Bielinsky, e Iluminados por el fuego, de Tristán Bauer.

Outra homenagem será prestada ao escritor paraguaio Augusto Roa Bastos, falecido no ano passado e que, durante anos, foi professor da Universidade de Toulouse. Na seção intitulada Cinema e literatura: Roa Bastos e o cinema serão exibidos noves filmes dos quais foi roteirista o autor de Eu, o Supremo e Filho do Homem.

Finalmente, o festival de Toulouse dará a palavra a comunidades indígenas da América Latina na seção especial Cinema e Vídeo dos Povos Indígenas, que inclui vários filmes e vídeos feitos por índios.

A festa de inauguração, na noite desta sexta-feira, que terá como tema o cinema e a música bolivianas, se inscreve na decisão do Festival de dar a palavra este ano à cinematografia indígena latino-americana, através da seção Olhares e Vozes da América Indígena, que inclui cerca de 30 filmes e vídeos feitos por ameríndios e será celebrado um colóquio sobre o tema, intitulado Interações Culturais na Expressão Audiovisual e Cinematográfica: olhares e vozes da América indígena.