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Politica Brasil
Sexta - 17 de Março de 2006 às 08:53
Por: Eduardo Gomes

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Em 1978, Benedito Canellas era o xodó da Arena e os meios políticos davam como certa sua nomeação para governador. A lógica dos seguidores civis da ditadura ruiu com a unção de Frederico Campos, que levava vantagem de DNA sobre Canellas: Frederico era sobrinho do comandante do II Exército, o general Dilermando Monteiro.

O episódio Canellas exemplifica bem como era a militância do partido governista na época do bipartidarismo. Homens íntegros de Cuiabá e do interior, a exemplo de Garcia Neto, Afro Stefanini, Rômulo Vandoni, Vicente Vuolo, Valdon Varjão, Airton dos Reis, Emanuel Pinheiro, Augusto Mário Vieira, Aldo Borges e tantos outros que ajudaram a construir o alicerce do desenvolvimento de Mato Grosso estavam atolados até a medula com a Arena, que era o braço político do tacão ditatorial. O contraponto a essas figuras era feito por Gilson de Barros, Edegard Nogueira Borges, Raimundo Pombo, Bezerra, etc. Recorro a esse exemplo após ler o artigo “Manuais da vida”, recentemente publicado por Adriana Vandoni, onde a autora faz dura crítica ao PPS e ao governador Blairo Maggi.

Enquanto filiado do partido citado não poderia me calar. Discordo da afirmação e vejo como exercício democrático partidário as divergências de filiados ao PPS. Prefiro o confronto no campo das idéias entre dirigentes e a bancada na Assembléia do que o silêncio submisso dos amargos tempos da Arena que povoou corações de ancestrais dos jovens democratas, que evoluíram politicamente.

Também prefiro Blairo Maggi com o posicionamento partidário demonstrado no episódio da convenção que homologou a candidatura de Sérgio Ricardo a prefeito de Cuiabá em 2004, e das articulações que expurgaram Carlos Brito antes da opção por Ricardo. Seria ditatorial e teria sabor do episódio Canellas se Blairo impusesse nome.

A conduta partidária de Blairo, sua habilidade em manter aliados e buscar novos companheiros é salutar na disputa democrática, pois política se faz com partidos, mas governo se conquista com alianças.

Sobre a citação de que Blairo teria a estranha mania de delegar a outros, as decisões que deveria tomar, deduzo que se trata de algo no campo administrativo, que conheço do balcão das repartições pra fora. Mesmo assim avalio que é importante a descentralização do governo com os titulares da Ager, Casa Civil, Intermat e outros, os exercendo com autonomia administrativa, afinal esses cargos são ocupados por pessoas da confiança de Blairo e com aval político.

EDUARDO GOMES é jornalista

eduardo@diariodecuiaba.com.br




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