Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Quarta - 15 de Março de 2006 às 20:50
Por: Wafa Amr

    Imprimir


O presidente palestino, Mahmoud Abbas, condenou na quarta-feira a invasão por Israel de uma prisão na Cisjordânia para a captura de um líder militante, chamando a operação de um crime que não será perdoado.

Na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, os palestinos se manifestaram contra a atitude de Israel, que aumentou a popularidade do premiê interino do país, Ehud Olmert. Ele concorre às eleições no fim do mês.

As forças de segurança israelenses estavam em alerta máximo devido às promessas de retaliação feitas pela Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP) e pelo Hamas.

As tropas de Israel usaram tanques e escavadeiras para invadir a prisão de Jericó na terça-feira, com o objetivo de capturar Ahmed Saadat, líder da FPLP, acusado por Israel de supervisionar o assassinato do ministro israelense Rehavam Zeevi, em 2001.

Falando a partir da prisão destruída, Abbas acusou os monitores britânicos e norte-americanos que acompanhavam a detenção de Saadat de cumplicidade com Israel.

"O que aconteceu foi um crime horrendo, que não pode ser perdoado, uma humilhação para o povo palestino e uma violação de todos os acordos. Sua prisão por Israel é ilegal", disse Abbas.

Alegando motivos de segurança, os EUA e a Grã-Bretanha retiraram os monitores na terça-feira. As forças israelenses invadiram minutos depois. Os dois países negaram cooperação com Israel.

Israel descreveu a ação como um recado para o Hamas, que foi vitorioso nas eleições parlamentares de janeiro e está formando o novo governo palestino. "Não vamos ceder ao terror. Estamos orgulhosos de ter imposto a justiça a esses assassinos sem ferir injustamente nenhuma pessoa não envolvida", disse Olmert a repórteres.

Os adversários políticos do premiê e os jornais de Israel consideraram a operação um sucesso para a campanha eleitoral de Olmert. Seu partido, o Kadima, de centro, é o favorito.

Abbas pediu aos palestinos que não capturem estrangeiros nem danifiquem bens de outros países em retaliação à operação, na qual um guarda palestino e um prisioneiro morreram.

Um grupo de estrangeiros sequestrados em Gaza foi libertado na quarta-feira. Entre eles havia três jornalistas — dois franceses e um sul-coreano. Outros sete estrangeiros também foram libertados.

Em Gaza, as lojas fecharam as portas e as aulas foram suspensas. Nas maiores cidades da Cisjordânia, o comércio também fechou.

Um porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse que a operação só reforça a decisão do grupo de não reconhecer Israel e de não se desarmar. "Esse crime não ficará sem reação."

Abbas exigiu a devolução de Saadat e dos cinco outros presos. Olmert afirmou que eles serão julgados e "punidos como merecem".

Saadat, 51, foi enviado para a prisão em Jericó em 2002, sob um acordo internacional que encerrou o cerco israelense ao então líder Yasser Arafat, em Ramallah. O líder da FPLP estava refugiado no complexo cercado.

A FPLP disse que matou Zeevi, um ex-general direitista, para se vingar do assassinato de seu principal líder, Abu Ali Mustafa, num ataque aéreo israelense.

A operação israelense aconteceu após indicações, feitas pelo Hamas e por Abbas, de que Saadat poderia ser solto.

(Reportagem adicional de Nidal al-Mughrabi em Gaza, Besan Omary em Ramallah e Ori Lewis em Jerusalém)





Fonte: Reuters

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/312496/visualizar/