Solzhenitsyn quer adaptar "Pavilhão de Cancerosos" para o cinema

O famoso ex-dissidente russo Alexander Solzhenitsyn está em negociações para criar uma versão para o cinema de seu romance da era soviética Pavilhão de Cancerosos. A informação foi divulgada na terça-feira por sua esposa.

Nataliya Solzhenitsyna disse que o sucesso da adaptação feita para a televisão russa de O Primeiro Círculo, no início do ano, reacendeu o interesse pela obra de seu marido, que tem 87 anos. Depois de ser encarcerado no Gulag pelas autoridades soviéticas, Solzhenitsyn passou 20 anos exilado nos EUA, até retornar a seu país em 1994.

"Estão acontecendo discussões para a filmagem de Pavilhão de Cancerosos, não no formato de série de televisão, mas como um longa-metragem de duração normal", disse ela em declarações publicadas na terça-feira pelo jornal russo Izvestia.

"Ainda não estamos em fase de negociações concretas, então ainda é cedo para dizer qualquer outra coisa", disse Solzhenitsyna.

Escrito entre 1966 e 1968, como metáfora da doença do totalitarismo, Pavilhão de Cancerosos é uma das obras mais sombrias de Solzhenitsyn. Ele foi expulso da União dos Escritores Soviéticos em 1969 e, em 1974, foi exilado, em meio ao furor provocado pela publicação de seu livro mais famoso, Arquipélago Gulag, um relato detalhado sobre a rede soviética de campos de prisioneiros políticos, livro que o levou a ser acusado de traição.

Indagado sobre as condições necessárias para levar às telas uma adaptação cinematográfica de Arquipélago Gulag, Gleb Panfilov, que dirigiu O Primeiro Círculo, disse que a economia do setor cinematográfico pesa contra essa possibilidade.

"Acho que não existem muitos filmes como esse hoje e não podem existir muitos," disse Panfilov. "Vivemos em condições de mercado e não é tão fácil encontrar os recursos necessários (para fazer tal filme)."