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Nacional
Quarta - 15 de Março de 2006 às 12:55

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O governo listou a usina nuclear de Angra 3 no Plano Decenal de Expansão da Oferta de Energia, período 2006-2015, divulgado ontem. As usinas listadas no plano não necessariamente serão construídas, mas representam "as alternativas mais adequadas para expansão da oferta" e são "uma visão referencial para as próximas licitações", segundo explicou o ministro Silas Rondeau (Minas e Energia), no discurso que abriu o evento de divulgação do plano.

No estudo do governo, a usina nuclear de Angra 3 aparece como ficando pronta em dezembro de 2012, podendo gerar 1.309 MW (megawatts). "Nuclear é uma alternativa, não quer dizer que está sendo tomada uma decisão. Esse assunto vem sendo tratado pelo CNPE [Conselho Nacional de Política Energética]", disse Márcio Zimmermann, secretário de Planejamento Energético do ministério. Para que a usina ficasse pronta até o final de 2012, o governo teria que tomar a decisão de construí-la ainda neste ano.

Na semana passada, em Londres, os ministros Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) e Antonio Palocci Filho (Fazenda) deram declarações contraditórias sobre a construção de usinas nucleares. Rezende anunciou a construção de sete usinas nucleares em 15 anos a um custo de "bilhões de reais" e disse que a intenção era mais do que duplicar a participação da energia nuclear na matriz energética, elevando-a dos atuais 2% para 5%.

Palocci, que também participou da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem ao Reino Unido, afirmou, no mesmo dia, que não havia "plano fechado" para a construção das usinas nucleares e que o Brasil tinha "vantagem comparativa extraordinária" para energia hidrelétrica.

Custos

No último leilão para empreendimentos de geração de energia, em dezembro, o preço médio da energia termelétrica (não nuclear) ficou em aproximadamente R$ 139 por MWh. Esse preço é muito próximo do valor com o qual o governo trabalha como projeção para o custo da energia de Angra 3, o que tornaria o projeto nuclear mais defensável do ponto de vista econômico.

Quando o CNPE tentou decidir o assunto, no ano passado, houve divisão dentro do governo. Ficaram contra a construção da usina os ministérios de Minas e Energia, então ocupado pela atual ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o do Meio Ambiente.

A favor do projeto estavam o Ministério da Ciência e Tecnologia e a Casa Civil, então ocupada por José Dirceu. O CNPE é um órgão de aconselhamento do presidente da República, que é quem tem a decisão final sobre o tema.

A construção da usina custaria aproximadamente US$ 1,8 bilhão. Hoje, o governo gasta cerca de US$ 20 milhões por mês com a manutenção dos equipamentos.

Expansão

No plano divulgado ontem, está previsto o aumento da capacidade instalada (soma da quantidade de energia produzida por todas as usinas no país) de aproximadamente 40.000 MW. Isso teria um custo aproximado de US$ 40 bilhões, em dez anos.

O plano também conta com a construção de aproximadamente 60 mil quilômetros de linhas de transmissão nos próximos dez anos. Um dos principais objetivos é construir uma linha ligando Jauru (MT) a Pimenta Bueno (RO). Quando essa linha estiver pronta, poderá haver redução do subsídio pago para a geração termelétrica na região Norte. Esse subsídio é pago por todos os consumidores de energia e está embutido no valor da tarifa.





Fonte: Folha de São Paulo

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