Russos concordam com relatório holandês de autópsia de Milosevic

O diretor do Centro de Cirurgia Cardiovascular Bakulev de Moscou, Leo Bokeria, se mostrou hoje de acordo com o relatório forense holandês que concluiu que o ex-presidente iugoslavo Slobodan Miloseviv morreu de um infarto de miocárdio. "Aceitamos a conclusão dos médicos holandeses porque está argumentada e bem preparada", disse Bokeria em entrevista à agência oficial russa "RIA-Novosti", pouco antes de retornar de Haia a Moscou.

O cirurgião cardiovascular liderou uma delegação de médicos russos, integrada, entre outros, pelo forense chefe da Rússia, Oleko Mishner, que viajou para a Holanda para conhecer os resultados da autópsia feita em Milosevic.

Bokeria, que conhecia os antecedentes médicos do ex-presidente iugoslavo, disse que a delegação russa teve acesso a "12 horas de gravações de vídeo e a dezenas de milhares de diapositivos, desde o momento em que ele (Milosevic) foi levado ao local onde foi feita a autópsia até o último ponto de sutura".

Além disso, Bokeria afirmou que com Milosevic se cometeu um "erro enorme", pois os médicos que o atendiam na prisão do Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII) "perderam um paciente mesmo tendo acesso a todo tipo de recursos".

"Se eles sabiam que o paciente estava em estado grave, por que não prestaram a ele assistência especializada?", perguntou o cirurgião cardiovascular nas declarações reproduzidas pela emissora de rádio russa "Mayak".

Milosevic foi encontrado morto no sábado passado em sua cela da prisão do TPII, em Haia, que o julgava desde fevereiro de 2002 por sua responsabilidade nos crimes de guerra cometidos na Bósnia, na Croácia e no Kosovo.

O vice-presidente do Partido Socialista da Sérvia, Milorad Vucelic, que organiza o sepultamento do ex-presidente iugoslavo, anunciou que seus restos mortais serão expostos na quinta e sexta-feira em Belgrado, antes de serem levados a Pozaverac, a cidade natal do líder sérvio, onde serão sepultados no sábado.