Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Quarta - 16 de Janeiro de 2013 às 04:38
Por: ALECY ALVES

    Imprimir


MINISTÉRIO DO TRABALHO
Integrante do grupo móvel de fiscalização em uma barraca erguida no meio da floresta, uma das características do trabalh
Integrante do grupo móvel de fiscalização em uma barraca erguida no meio da floresta, uma das características do trabalh
Combater a escravidão contemporânea de trabalhadores não é uma tarefa fácil. Conforme o coordenador nacional de projetos no escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Luiz Antônio Machado, trata-se de um crime tão dinâmico quanto o tráfico de drogas, que assume novas formas na medida em que as ações de combate são intensificadas.

Antes, durante um período pós-classificação criminal da exploração da mão-de-obra em condições análogas a escravidão, as cadernetas com as anotações das dívidas (de alimentos, produtos de higiene e outros) que mantinham os trabalhadores retidos nas propriedades eram as principais provas.

Hoje, pondera, raramente se encontra documentos que comprovem o endividamento do trabalhador com o empregador, o que não significa que as dívidas deixaram de existir. “Devem ficar no armazém na cidade ou na cabeça do patrão”, completa.

Entretanto, outros elementos caracterizam a prática como crime (previsto no artigo 149 do Código Penal), como o isolamento geográfico (falta de transporte para deixar o local), a falta da carteira assinada e a degradação do ambiente de moradia (barracos de lona, sem lugar para cozinhar, sem cama, sanitário ou água potável).

Outras questões mais complexas dificultam o combate, conforme o coordenador de projetos da OIT-Brasil. Uma delas, reclama, é o não reconhecimento pela sociedade de crime na exploração desumana da força de trabalho.

A falta de conhecimento sobre o que está se passando com o trabalhador, por exemplo. Como a maioria das ocorrências de trabalho escravo acontece em propriedades rurais, distante das áreas urbanas e das organizações de defesa e proteção dos trabalhadores, poucos casos são denunciados.

Há também, segundo o Machado, a falta de estrutura dos órgãos públicos de fiscalização e combate. Ele avalia que esse é um fator que impede que 50% das denúncias formalizadas sejam atendidas, ou seja, apuradas in loco.

A conclusão de Luiz Machado é que diante de tantos obstáculos vale a pena manter trabalhadores em condições análogas à escravidão, mesmo correndo o risco de responder por crime, pagar multa, ter de indenizar direitos trabalhistas e ainda ter o nome incluído no cadastro da “lista-suja”.

O Brasil, porém, em que pese os entraves, está sendo considerado referência no combate desde que reconheceu o problema e instituiu mecanismos de enfrentamento, garante o representante da OIT-Brasil. A repressão começou há 17 anos.

OIT – Sediada em Brasília, a OIT desenvolve projetos de conscientização pública, mobilização, prevenção do trabalho escravo entre trabalhadores rurais, além de atuar no âmbito da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério do Trabalho (MTE), entre outras ações.




Fonte: DO DC

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/31263/visualizar/