Embargo a carne de MT pode ser prorrogado por mais seis meses na Rússia

O primeiro levantamento da balança comercial do Estado em 2006 aponta um superávit de quase US$ 235 milhões. A carne foi o destaque, com alta de 230% nas vendas. Porém, os produtores não comemoram a notícia porque existe a possibilidade de prorrogação do embargo russo à carne mato-grossense.

A expectativa dos produtores era de que o fim do embargo acontecesse este mês, mas o presidente da Associação de Criadores de Suínos em Mato Grosso (Acrismat), Raulino Machado, analisa com cautela e otimismo a possibilidade de não vender carne para a Rússia até junho. "Tenho muita esperança que nada vai ocorrer porque nós temos qualidade, quantidade, sanidade e preço", disse Raulino.

A Rússia responde por 60% das exportações mato-grossenses de suínos e 28% de bovinos. É o maior comprador individual entre os países. No caso dos bovinos, os russos são responsáveis pela compra da chamada "Zona Tampão", que inclui o Pantanal e o norte do Estado. É uma área que não registrou focos de aftosa, mas não pode exportar para a Comunidade Européia por causa de restrições sanitárias. Com a possibilidade de não vender aos russos no primeiro semestre, os criadores de bovinos querem renegociar as condições impostas pelos europeus. Na Zona Tampão está metade do rebanho de Mato Grosso.

"Esperamos que, com a queda de consumo de aves por questão da gripe aviária no mercado mundial, o mercado da carne vermelha de Mato Grosso consiga se expandir para outras regiões", disse Jorge Pires de Miranda, presidente da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat).

Para o analista de mercado Luciano Vacari, não é surpresa a prorrogação do embargo russo. E a tendência é o preço da carne baixar. "Sem os grandes compradores, que é o mercado internacional, os preços vão continuar muito pressionados", disse Vacari.