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Pesquisa quer entender os conflitos entre pecuaristas e onças na Amazônia
Alta Floresta, MT - Fazendeiros matam onças porque onças matam o gado. Mas será que não se matam onças em fazendas onde não há gado? Essa é uma das perguntas que vai motivar o trabalho do projeto Entendendo e Resolvendo os Conflitos entre Gente e Onças na Fronteira Agrícola da Amazônia, aprovado recentemente pelo programa HSBC Ambiental. O projeto da Fundação Ecológica Cristalino pretende estudar o papel dos fatores sociais e culturais nos conflitos entre homens e onça-pintada na zona rural de Alta Floresta, no extremo norte de Mato Grosso.
"A idéia central desse projeto é que uma das premissas mais importantes da conservação de onças-pintadas pode ser falsa", explica Silvio Marchini, coordenador do projeto. "Numa visão estritamente econômica do problema, o fator que em última análise explica a perseguição das onças pelos produtores rurais é o prejuízo econômico que elas causam ao atacar o gado. Mas será que se as onças deixarem de atacar o gado os produtores rurais vão deixar de matar as onças? Ou a predação do gado pela onça é um conveniente álibi para manter o costume antigo de caçar onças?" reflete o pesquisador.
Marchini explica que a objetivo principal do projeto não é conservar onças, mas fornecer subsídios para o desenvolvimento de estratégias mais completas e eficientes de conservação de grandes felinos, levados em consideração fatores culturais e sociais. Com base nos resultados do estudo, serão implementadas e testadas intervenções de marketing social e de educação para mudar de modo positivo as atitudes e comportamentos em relação as onças e seu habitat.
A metodologia de intervenção com base em marketing social e educação para a conservação já tem sido utilizada em outro projeto da Fundação Ecológica Cristalino, a Escola da Amazônia, que tem trabalhado com estudantes moradores do entorno do Parque Estadual do Cristalino. As atividades devem começar em março e o financiamento do HSBC será de 18 meses.
Entre as atividades planejadas está um levantamento de conhecimento, crenças, atitudes, normas sociais e percepções dos moradores rurais de Alta Floresta em relação à fauna silvestre e à onça-pintada, em particular, além de estudos específicos sobre a ocorrência da espécie na região que possam servir de referência para um futuro programa de monitoramento das populações de onças na região.
População de felinos diminui drasticamente
Quando se fala em conflito entre homens e grandes carnívoros, a desavença entre pecuaristas e onças é o mais emblemático no Brasil. Os conservacionistas têm se concentrado na proibição da caça e na criação de áreas protegidas e, principalmente, em medidas para diminuir ou compensar as perdas econômicas que os carnívoros causam ao matar animais domésticos. No entanto, a fiscalização em áreas remotas como a Amazônia não é efetiva o suficiente para resolver o problema da perseguição e do abate de carnívoros assim como a destruição ou degradação de seus habitats.
As principais abordagens de conservação de felinos tem se concentrado na difusão de tecnologias como o uso de cercas elétricas e medidas como translocação de animais-problema e intervenções de base econômica para compensar o prejuízo dos pecuaristas. Sílvio Marchini afirma que essas medidas, além de caras, têm sido implementadas geralmente em áreas pequenas e com resultados tímidos.
"Por causarem efeitos de conservação sobre escalas espaciais e temporais relativamente pequenas, as intervenções de base econômica podem ter impactos insignificantes sobre as populações de grandes vertebrados com a onça-pintada. Além disso, o custo monetário dessas intervenções é geralmente mais alto do que o de estratégias de marketing social ou educação", aponta.
Grandes felinos são sensíveis à perda ou degradação do habitat, por isso, é fácil imaginar que as altas taxas de desmatamento registradas no norte de Mato Grosso, conhecido com Arco do Desflorestamento, estejam reduzindo drasticamente a população de onças-pintadas na região. Nesse cenário, a caça, em geral, é fator que leva à extinção local em áreas onde a perda ou degradação do habitat já causaram um grande declínio na população. No entanto, não há dados específicos sobre a população de onças-pintadas no extremo norte do Estado. Segundo Marchini, a região da Amazônia no norte do Mato Grosso é considerada uma grande lacuna no conhecimento sobre a situação das populações de onça - diferentemente do Pantanal, onde se têm gerado inúmeras publicações científicas sobre ecologia e conservação de onças-pintadas.
"A idéia central desse projeto é que uma das premissas mais importantes da conservação de onças-pintadas pode ser falsa", explica Silvio Marchini, coordenador do projeto. "Numa visão estritamente econômica do problema, o fator que em última análise explica a perseguição das onças pelos produtores rurais é o prejuízo econômico que elas causam ao atacar o gado. Mas será que se as onças deixarem de atacar o gado os produtores rurais vão deixar de matar as onças? Ou a predação do gado pela onça é um conveniente álibi para manter o costume antigo de caçar onças?" reflete o pesquisador.
Marchini explica que a objetivo principal do projeto não é conservar onças, mas fornecer subsídios para o desenvolvimento de estratégias mais completas e eficientes de conservação de grandes felinos, levados em consideração fatores culturais e sociais. Com base nos resultados do estudo, serão implementadas e testadas intervenções de marketing social e de educação para mudar de modo positivo as atitudes e comportamentos em relação as onças e seu habitat.
A metodologia de intervenção com base em marketing social e educação para a conservação já tem sido utilizada em outro projeto da Fundação Ecológica Cristalino, a Escola da Amazônia, que tem trabalhado com estudantes moradores do entorno do Parque Estadual do Cristalino. As atividades devem começar em março e o financiamento do HSBC será de 18 meses.
Entre as atividades planejadas está um levantamento de conhecimento, crenças, atitudes, normas sociais e percepções dos moradores rurais de Alta Floresta em relação à fauna silvestre e à onça-pintada, em particular, além de estudos específicos sobre a ocorrência da espécie na região que possam servir de referência para um futuro programa de monitoramento das populações de onças na região.
População de felinos diminui drasticamente
Quando se fala em conflito entre homens e grandes carnívoros, a desavença entre pecuaristas e onças é o mais emblemático no Brasil. Os conservacionistas têm se concentrado na proibição da caça e na criação de áreas protegidas e, principalmente, em medidas para diminuir ou compensar as perdas econômicas que os carnívoros causam ao matar animais domésticos. No entanto, a fiscalização em áreas remotas como a Amazônia não é efetiva o suficiente para resolver o problema da perseguição e do abate de carnívoros assim como a destruição ou degradação de seus habitats.
As principais abordagens de conservação de felinos tem se concentrado na difusão de tecnologias como o uso de cercas elétricas e medidas como translocação de animais-problema e intervenções de base econômica para compensar o prejuízo dos pecuaristas. Sílvio Marchini afirma que essas medidas, além de caras, têm sido implementadas geralmente em áreas pequenas e com resultados tímidos.
"Por causarem efeitos de conservação sobre escalas espaciais e temporais relativamente pequenas, as intervenções de base econômica podem ter impactos insignificantes sobre as populações de grandes vertebrados com a onça-pintada. Além disso, o custo monetário dessas intervenções é geralmente mais alto do que o de estratégias de marketing social ou educação", aponta.
Grandes felinos são sensíveis à perda ou degradação do habitat, por isso, é fácil imaginar que as altas taxas de desmatamento registradas no norte de Mato Grosso, conhecido com Arco do Desflorestamento, estejam reduzindo drasticamente a população de onças-pintadas na região. Nesse cenário, a caça, em geral, é fator que leva à extinção local em áreas onde a perda ou degradação do habitat já causaram um grande declínio na população. No entanto, não há dados específicos sobre a população de onças-pintadas no extremo norte do Estado. Segundo Marchini, a região da Amazônia no norte do Mato Grosso é considerada uma grande lacuna no conhecimento sobre a situação das populações de onça - diferentemente do Pantanal, onde se têm gerado inúmeras publicações científicas sobre ecologia e conservação de onças-pintadas.
Fonte:
Secom-MT
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/314707/visualizar/
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