Lula lança candidatura de Marina no AC

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a temporada da reforma ministerial com um discurso no Palácio do Planalto. Na solenidade em que sancionou o projeto de gestão das florestas públicas, Lula disse que, se a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, for candidata "a qualquer coisa" nas eleições de outubro, transferirá o título para o Acre só para votar nela. A declaração foi interpretada como o lançamento da candidatura de Marina a governador, uma vez que, até agora, o presidente não tem palanque no Estado para a campanha à reeleição.

Mais tarde, numa conversa reservada, Lula negou que queira a saída dela. Ele disse que a decisão de deixar o ministério para disputar o governo do Acre está "nas mãos dela". Na prática, porém, as eleições começam a mexer na equipe. Motivo: para cumprir a Lei Eleitoral, os ministros que se candidatarão devem deixar os cargos até o dia 31.

Lula fez inúmeros elogios a Marina depois de ouvir a ministra afirmar, diante de uma platéia composta por ambientalistas e até autoridades internacionais, que não está tão "popular" no governo. "Para mim, (você) está cada vez mais popular", respondeu o presidente, quando pegou o microfone. "Se for candidata a alguma coisa, avise-me, que transfiro o meu título para o Acre, só para provar a minha vontade e como você está popular no meu meio."

No fim do discurso, Lula dirigiu vários afagos a Marina, que não quer concorrer à sucessão do governador do Acre, Jorge Viana (PT). "Eu acho que todos os brasileiros, os que gostam de você e os que não gostam de você (...), todos nós sabemos que o Brasil tem como ministra do Meio Ambiente alguém muito especial", elogiou Lula.

"Eu não sei se no mundo inteiro ou em outro país tem uma ministra da qualidade da Marina. Mas eu posso dizer: no Brasil nunca houve, nesta área, alguém com a competência, com a disposição de briga, com a disposição de negociar, com o conhecimento, a meiguice e a ternura da nossa companheira Marina.

A ministra demonstrou contrariedade com a insistência das perguntas sobre o futuro político. "Minha disposição é de ficar no governo até o fim do mandato do presidente", garantiu.