Água com coliformes fecais coloca distrito em Cáceres sob risco de epidemia

O distrito de Clarinópolis, município de Cáceres, Oeste do Estado 220 quilômetros de Cuiabá, vive o risco de uma epidemia de hepatite. Três casos foram diagnosticados recentemente e vários moradores apresentam sintomas da doença. A proliferação é atribuída ao consumo de água com alto teor de coliformes fecais e totais, em praticamente toda área da comunidade. Vinte e três das 24 amostras de água coletada por técnicos da Vigilância Sanitária, em poços domiciliares, analisadas em laboratórios, apresentaram elevada taxa de contaminação.

A situação é preocupante, principalmente, com as crianças. Amostra da água do poço que abastece a única escola do lugar constata índice alarmante de coliformes. “Nossas famílias estão à mercê da sorte. Se as autoridades não tomarem providências imediatas corremos o risco de sermos dizimados por essa doença” denunciou o produtor Valdio Alves de Souza, conhecido Jaburu, presidente da Associação de Moradores de Clarinópolis. Os casos de hepatite confirmados até o momento são do tipo “A”.

Outra questão vivenciada pela comunidade é a falta de coleta de lixo. Por não existir esse tipo de serviço, o lixo domiciliar é enterrado ou jogado nos terrenos baldios o que, na opinião da bióloga Adriane Barbosa do Nascimento, contribui para a contaminação do lençol freático. “Levantamento feito nas residências, aponta que a maioria das famílias deixa o lixo em buracos a céu aberto, produzindo o churume, líquido altamente tóxico, que aumenta a poluição da água consumida pela população”, afirma lembrando que além das foças o lixo também é responsável para a contaminação.

Além do risco de epidemia de hepatite a população, apresenta aumento de casos de diarréia e desinteria. “Nos últimos dias muitos casos de diarréia surgiram, principalmente, entre as crianças o que, possivelmente, pode ser causada pelo consumo da água contaminada”, observa o historiador Esvanei Matucai, que realizou diagnóstico sócio-econômico da comunidade, acrescentando que “falta intervenção do poder público, principalmente, na área de saúde na comunidade”. Formada por 120 famílias, os moradores de Clarinópolis consomem água de poços domiciliares de pequena profundidade expostos a todo tipo de contaminação.