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Politica Brasil
Quarta - 01 de Março de 2006 às 14:29
Por: Dra. Lou de Olivier

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São muitos os pacientes que procuram terapia indagando se devem ou não reatar uma relação terminada há algum tempo e, como as dúvidas, são sempre as mesmas, resolvi escrever esse artigo para orientar o leitor quanto a esta situação.

Primeiramente é preciso ver que, como em todas as ocasiões, não existe apenas uma situação de volta, são muitos os fatores que levam a uma separação e, em conseqüência, muitos os que podem justificar uma reconciliação.

Como são muitas as variações, citarei apenas as mais comuns, tanto motivando uma separação quanto uma reconciliação.

As queixas mais comuns referem-se a traições das mais variadas, desde uma traição esporádica realizada com alguém desconhecido até uma traição crônica que pode ser com uma única ou com várias pessoas sejam ou não conhecidas ou até com alguém muito próximo do casal o que traz um clima muito pesado para os envolvidos, geralmente terminando com amizades duradouras e, em conseqüência com a união a dois.. Entenda-se por “união a dois” o que refere-se ao casal, não necessariamente a uma condição de casados ou morando juntos. Portanto, esta condição inclui noivos, namorados e outras modalidades de relacionamento a dois.

O importante nisso é frisar o “a dois”, já que, dependendo da cultura e/ou da abertura dos envolvidos, uma relação pode seguir tranqüilamente com outros envolvidos, sem, no entanto, considerar-se traição. Portanto que fique claro que traição é uma condição imposta em relacionamentos fechados e a dois, em outros tipos de relação é considerada natural e nem cabe a este artigo.

Bem, voltando ao fator traição desencadeando uma separação, é importante que os envolvidos façam antes de tudo uma auto-análise de como sentiram-se ao descobrirem-se traídos. Qual foi a reação imediata, o que essa reação desencadeou e, acima de tudo, como sentiu-se diante dessa seqüência de reações. A partir daí, existem muitas hipóteses, cada uma com um desfecho e citarei somente algumas.

- Ao ver-se traída, a pessoa imagina-se superior, culpa o “traidor”, exige explicações ou então some sem nenhuma palavra ou, em casos mais comuns, provoca uma discussão no pior momento que poderia encontrar e depois parte sem dar chance ao diálogo. Neste caso, a pessoa que parte está errada por, em primeiro lugar, não enxergar a “traição” como uma condição do casal e não somente de quem trai. É cômodo dizer que o traidor está errado e terminar uma relação sem nenhum diálogo, assim a culpa fica com o traidor, que geralmente (nesse caso) é o homem, como os homens raramente procuram terapia, isso desencadeia uma outra situação desagradabilíssima, ou seja, o homem “abandonado” incorpora essa rejeição e, em pouco tempo, torna-se aquele famoso garanhão sem sentimentos ou o que se faz de vítima para conquistar e depois abandonar a “presa”.. Ai cria-se o pior círculo vicioso, justificado erroneamente por uma traição seguida de abandono, a mulher que sai como vítima altiva e intocável e o homem que sai como vilão e, para vingar-se, pisoteia sentimentos tanto os seus quanto os das desavisadas que, com ele, envolvem-se. (pode haver mulheres que protagonizem essas cenas também, só coloquei como característica masculina por ser mais comum entre os homens)

Este é um dos casos mais graves e não é preciso ser terapeuta para enxergar que não tem nenhuma condição de reconciliação. Na verdade, os dois precisam de uma boa terapia e de relacionamentos com pessoas bem diferentes deles para que, buscando o equilíbrio, possam seguir numa relação prazerosa.

- Há também aquela pessoa que culpa-se pela traição e abandona o relacionamento sem nenhuma explicação. Esta erra pela visão de vítima, coloca a traição como desculpa para uma separação e não percebe que, de fato tem a maior culpa, por que, se abandona alguém sem muitas explicações, é por que a relação já não tinha diálogo, não tinha bases sólidas, foi construída provavelmente por atração física ou sexual e não consegue sobreviver a um obstáculo.

Também neste caso uma reconciliação é inviável pois, exigiria um diálogo que não ocorria antes, portanto, não há como reiniciar algo que, antes já não funcionava.

- Uma outra hipótese é do casal ter conversado sobre a traição e, na ocasião, ter decidido pela separação. Passado um tempo, um, (ou os dois), reflete melhor e pensa que deve dar uma nova chance à relação. Num diálogo franco é provável que os dois concordem com a idéia e reatem a relação com alguma chance de sucesso,

desde que os dois estejam mesmo resolvidos a não repetir os erros passados.

Este é, praticamente, o único caso que pode ter uma reconciliação bem sucedida, mas ainda assim, é preciso levar em conta o fator tempo. A reconciliação, para ter bons resultados, deve ocorrer em até seis meses, em casos raros, um ano ainda é aceitável, um tempo superior a um ano, torna-se inviável, por que as pessoas não mudam, mas evoluem e podem evoluir tanto para melhor quanto para pior. Portanto, numa longa separação, além de um ano, sem contato algum, é muito provável que os dois tenham evoluído em suas características que já foram motivo de separação. E um retorno não fará bem a nenhum dos envolvidos. Esse distanciamento pode ser amenizado se, apesar de não manterem contato íntimo, trocarem e-mails, cartas ou qualquer elo que justifique um entendimento. Assim poderão tornar a distância menor, mas isso deve partir dos dois e ser imediatamente após a separação. Ou seja, de nada adiantará passar longos meses separados e, de repente, reiniciarem troca de correspondência. Em outras palavras, relações que terminam em amizade tem muito mais chances de reconciliação dos que as passionais ou sem diálogo.

Na minha opinião particular devo dizer que a única volta que realmente vale a pena é aquela que ocorre entre pessoas que ainda não tiveram uma relação, que conheceram-se, interessaram-se mutuamente mas, por interferências ou viagens, enfim, por inúmeros motivos não puderam concretizar uma relação. Assim seguem na dúvida de como seria se acontecesse e, é claro que, ao se reencontrarem, deverão experimentar uma relação real até mesmo para obter a certeza de que identificam-se mesmo ou se é apenas uma ilusão.

Neste caso, é aconselhável que tentem uma relação real até mesmo para não seguirem iludidos, pois, a longo prazo, mais vale uma triste certeza do que uma prazerosa ilusão. Pois, diante de uma certeza, toma-se decisões de mudanças e diante de uma prazerosa ilusão, segue-se perseguindo uma utopia..

Como este assunto é muito extenso, sugiro que leiam meu livro: “Acontece nas melhores famílias” que relata em detalhes situações de casamento, divórcios, traições, triângulos amorosos entre outros. E indico também meu site para que encontrem artigos com assuntos correlatos em www.loudeolivier.com.br





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