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Politica Brasil
Sexta - 24 de Fevereiro de 2006 às 13:59
Por: Wilson Lemos

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As duas últimas pesquisas eleitorais provocaram alvoroço no arraial tucano com o barulho da ascensão de Lula assustando os bicos longos. A tropa de choque do tucanato saiu a campo e o belicoso senador Arthur Virgílio, irritado, ameaçou pedir uma auditoria para verificar a lisura da primeira consulta. Só resta saber se agora vai repetir a ameaça diante dos resultados da segunda, também desfavorável à oposição e encomendada pela Folha de S. Paulo que não morre de amores pelo torneiro-mecânico.

Surpreendidos pela recuperação do petista, cuja candidatura à reeleição acreditavam sepultada sob a avalanche de denúncias com que há meses tentam soterrar o governo e o presidente, os marechais da tropa tucana trataram de voltar às confabulações objetivando o recrudescimento da operação desmonte. Urgia a adoção de ações políticas mais agressivas para sustar o avanço de Lula. Daí, decidiram ser necessário partir para um recall de todas as denúncias já feitas contra o presidente e o seu partido, formular novas acusações e combater duramente suas viagens para inauguração de obras.

Simultaneamente tomaram outras medidas visando dificultar-lhe a subida. Nada de deixá-lo sozinho como candidato nesta fase pré-eleitoral. Portanto, não foi à-toa que o triunvirato do PSDB, formado por FHC, Tasso e Aécio, decidiu às pressas acelerar o processo de escolha do candidato tucano à sucessão do metalúrgico.

Enquanto as pesquisas apontavam Lula em queda livre, e tudo parecia indicar que o céu da sucessão seria de brigadeiro para a revoada tucana rumo ao Planalto, a “santíssima trindade” do PSDB não tinha pressa em colocar sua aeronave na pista para taxiar. Guru-chefe do tucanato FHC tomara a si a prerrogativa de traçar as regras da escolha para, como o iluminado da tribo, no momento adequado indicar o candidato de sua preferência. Daí, nada de pressa, nada de prévias, que a escolha seria fruto do consenso. Entretanto, tão logo o teco-teco petista saiu do

parafuso e ganhou altura, a tríade viu-se obrigada a acelerar o processo de escolha do piloto para a missão de tirar do solo o avião tucano.

Mas não foi só a recuperação de Lula que obrigou os caciques tucanos a apressarem a escolha do seu candidato. A guerra de egos deflagrada nos bastidores do partido, com dois tucanos coroados se digladiando pela indicação, forçou o triunvirato a se movimentar com mais desenvoltura. Além do mais, um dos postulantes – Geraldo Alckmin – começava a desconfiar, com razão, de que por trás da aparente acomodação dos caciques se desenrola o processo de fritura do seu nome. A ninguém passa despercebido que o “príncipe dos sociólogos” guarda no bolso da casaca o nome a ser ungido e que não é o do governador de São Paulo. Por isso, a reação de Alckmin enfatizando desde já sua condição de pré-candidato e exigindo uma consulta ampla junto às instâncias partidárias.

Pressionados, Fernando Henrique Cardoso e seus dois acólitos trataram de conversar com os atuais postulantes e já admitem a realização de prévias, com os dois pretendentes explicitando desde já suas candidaturas. Aliás, se a trindade estiver falando sério quanto às prévias, Arthur Virgílio já declarou à imprensa que também vai entar na disputa. Mas, tenho para mim que os postulantes vão ter uma surpresa. Continuo acreditando que o sagaz FHC prefere e vai querer adotar o consenso como forma de escolha do candidato: consenso imposto pelo diálogo entre o pescoço e a guilhotina...

(Wilson Lemos: E-mail wfelemos@terra.com.br)





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