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Politica Brasil
Sexta - 17 de Fevereiro de 2006 às 07:29

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Depois de mais de cinco horas de depoimento ininterrupto do juiz federal Julier Sebastião da Silva, o presidente da CPI dos Bingos do Senado, Efraim Morais (PFL-PB), encerrou os trabalhos sem ouvir o depoimento do procurador da República Pedro Taques, também marcado para ontem. O embate entre o senador Antero Paes de Barros (PSDB) e o magistrado, a quem Antero acusa de ser um “petista de toga”, transformou o depoimento em um embate político entre PT e PSDB.

O senador Antero, que teve seu nome citado em depoimentos do processo que investiga a ligação do bicheiro João Arcanjo Ribeiro com políticos de Mato Grosso, preparou um dossiê para tentar desqualificar e mostrar as ligações de Julier com o PT, partido no qual o magistrado foi filiado há 11 anos, antes de exercer a magistratura.

A interrupção da sessão da CPI dos Bingos, para o procurador Pedro Taques, faz parte de um acordo entre oposição e situação. Os senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Antero Paes de Barros, ao iniciar a sessão, afirmaram que o senador Aloízio Mercadante (PT/SP) procurou Antero por diversas vezes para tentar desmarcar os dois depoimentos de ontem. “Eu disse a ele que não, porque nenhum bandido, por mais distante que seja, vai destruir a minha honra”, frisou Antero.

Com o estado emocional visivelmente alterado, o senador Antero afirmou por diversas vezes, durante os seus questionamentos, que o “PT é o partido do crime organizado”. Argumentando que estava defendendo a sua honra, Antero rechaçou qualquer possibilidade de o crime organizado, comandado pelo bicheiro João Arcanjo, ter financiado a sua campanha ao governo do Estado em 2002 e acusou Julier de estar agindo para beneficiar o PT.

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que o magistrado está sob suspeição e por isso não poderia atuar no processo que investiga a ligação do crime organizado com políticos em Mato Grosso. “O juiz Julier está aqui porque o PT tenta criar o ‘dossiê Antero’ e tem nele um dos quadros do aparelhamento do Judiciário”, desferiu.

O senador rebateu as denúncias que constam no depoimento de Luiz Alberto Dondo Gonçalves, ex-contador de Arcanjo, a respeito de supostos repasses no valor de R$ 5,7 milhões que teriam sido feitos à campanha tucana em 2002. Já no depoimento de Nilson Teixeira, ele teria negado a afirmação feita por Dondo. Antero também afirmou que a operação no valor de R$ 240 mil feita entre o comitê financeiro do PSDB e a Vip Factoring, empresa do grupo João Arcanjo, foram legais e constam na prestação de contas do partido, aprovada pela Justiça Eleitoral. Porém Julier sustentou que as operações entre o comitê financeiro do partido político e empresas de factoring são ilegais.

Por diversas vezes, e com ironias de ambas as partes, Julier e Antero trocaram farpas. Com uma espécie de dossiê em mãos, o senador acusou o juiz federal de ter faltado com a ética, de improbidade administrativa, de nepotismo e de agir para favorecer o PT.





Fonte: Diário de Cuiabá

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