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Meio Ambiente
Quinta - 16 de Fevereiro de 2006 às 17:26

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Ele é gordo, feio, venenoso... e mutante. É um sapo cururu (Bufo marinus), espécie introduzida no estado australiano de Queensland há 70 anos para combater insetos em plantações, que acabou se transformando em uma catástrofe ecológica.

Pesando aproximadamente dois quilos, o temido anfíbio se espalhou por mais de um milhão de quilômetros na Austrália tropical e sub-tropical, destruindo espécies nativas em sua implacável proliferação.

Um grupo de estudiosos observadores da Universidade de Sydney se posicionou na "linha de frente" da invasão, a 60 quilômetros a leste da cidade de Darwin, e por 10 meses capturou alguns exemplares, introduzindo pequenos localizadores e devolvendo à natureza alguns dos sapos.

Durante os estudos dos espécimes, os pesquisadores ficaram surpresos ao descobrir que os sapos cururus podem saltar mais de 1,8 quilômetro à noite no clima úmido, um recorde para qualquer tipo de sapo. Os estudiosos descobriram, também, que os primeiros sapos a chegar à linha de frente invariavelmente têm patas traseiras mais longas que os espécimes que chegavam depois. Por comparação, concluíram que os sapos que vivem nas colônias de Queensland têm patas mais curtas.

O caso foi considerado um exemplo clássico da teoria da evolução de Charles Darwin: os animais mais fortes, rápidos e inteligentes têm capacidade de dominar um novo território e defendê-lo contra aqueles que são mais fracos, lentos e menos astutos.

As descobertas oferecem também um panorama sobre os sapos cururus. Dos anos 40 aos anos 60, esses animais expandiram seu território apenas 10 quilômetros por ano. Atualmente, seu avanço alcançou mais de 50 km por ano. Isso aconteceu porque, com patas mais longas, as espécies que sofreram mutação conseguem viajar mais rápido em maiores distâncias.

Os autores da descoberta, liderados por Richard Shine da Escola de Biologia e Ciência da Universidade de Sydney, dizem que o sapo cururu é uma difícil lição para que os governos comecem a combater espécies invasoras o mais rápido possível, "antes que o invasor tenha tempo de evoluir tornando-se um adversário muito mais perigoso." A pesquisa foi publicada nesta quinta-feira na revista científica semanal "Nature".





Fonte: AFP

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