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Politica Brasil
Quarta - 15 de Fevereiro de 2006 às 08:37
Por: Drª Lou de Olivier

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Depois de mais de dez anos publicando artigos e livros específicos sobre os distúrbios de aprendizagem, ainda deparo-me com muitos profissionais desinformados, pregando a “troca de letras” e a imaturidade emocional como características dos distúrbios de aprendizagem. E não só afirmam, como alguns têm a coragem e, por que não dizer, a ignorância de publicar artigos afirmando isso. A partir daí, cria-se a confusão, algum “desavisado” lê o artigo, acha que está corretíssimo (por que não tem parâmetros para divergir da publicação), sai divulgando o artigo e, logo, uma grande massa está repetindo erradamente um conceito, no mínimo, ultrapassado. Isso quando o “corajoso autor” não participa de algum programa televisivo e dispara a vender livros, ai sim é que o assunto distorce a proporções estratosféricas.

Francamente, envergonho-me de admitir que, minhas pesquisas e publicações até hoje foram mais aceitas, divulgadas e colocadas em prática em alguns países da Europa e por alguns poucos universitários nos Estados Unidos do que no país de onde originaram, o nosso Brasil, onde parece que, qualquer um pode publicar o que bem quiser que, sempre haverá alguma personagem da fábula “A roupa do Rei”, para aprovar e divulgar a maluquice publicada.

Depois, profissionais como eu ficam lutando desesperadamente para esclarecer um assunto totalmente deturpado. Recentemente, refazendo meus sites, pude ver que tudo o que divulguei no exterior e, hoje, é bem aceito, infelizmente no Brasil, continua obscuro. E, antes de chorar e admitir que pareço ver-me numa máquina do tempo, diante dos lentos passos do Brasil, lendo os mesmos absurdos que lia quando ainda era apenas uma estudante de Psicopedagogia, volto ao assunto para tentar, elucidar esse assunto.

Antes de mais nada, são inúmeros os distúrbios de aprendizagem, ao contrário do que muitos insistem em afirmar, não existem somente “Dislexia”, “Disgrafia”, “Discalculia” e “DDA” que até hoje é confundido com TDAH.

Além desses, são muitos os distúrbios, alguns com sintomas parecidos e, por isso, necessitando de uma grande experiência e sensibilidade do profissional que se propõe a atender os pacientes, pois, em alguns casos, um único detalhe, um sintoma a mais ou a menos, pode mudar totalmente o diagnóstico e, conseqüentemente, o tratamento e método a seguir.

Torna-se impossível elucidar todo o assunto em apenas um artigo. É, de fato, impossível descrever todos os sintomas e tratamentos específicos de cada sintoma, para isso, tenho três livros que indicarei ao final dessa matéria para que o leitor tenha uma boa base. Mas, neste artigo é possível que eu, ao menos, esclareça o básico dos distúrbios de aprendizagem.

O principal fator a esclarecer é a questão psicológica. Não há dúvidas de que portar algum distúrbio seja ele de aprendizagem ou de comportamento torna o indivíduo mais sujeito à baixa auto-estima, timidez ou hiperatividade e outras “reações” relacionadas ao distúrbio, mas, daí a sair acreditando que o fator psicológico possa, sozinho, influenciar um distúrbio significativo de aprendizagem é, no mínimo, imaturidade de quem crê e não do paciente.

Deve-se levar em conta que, quem apresenta um distúrbio, geralmente, tem o fator psicológico abalado e necessita mesmo de acompanhamento, mas, este, deve ser um dos acompanhamentos, aliado ao tratamento do distúrbio em si e não como, erradamente, se prega, como tratamento único, como se apenas passar por sessões de análise ou de terapia pudesse sanar qualquer distúrbio.

Especificamente falando dos distúrbios de aprendizagem, excluindo-se os de origem psicológica que são, geralmente, a minoria, na realidade a grande maioria dos casos é, comprovadamente, causada por algum fator neurológico, ocasionado por situações de privação de oxigênio (anoxia) seja perinatal (ou neonatal) seja por algum outro acidente e outros fatores que não cabem serem citados neste artigo que pretende ser introdutório. Partindo-se deste princípio, surge o Psicopedagogo que deve (ou deveria) entender isso a fundo e estar apto a detectar os diferentes sintomas de cada distúrbio e, feito isso, saber encaminhar os pacientes aos respectivos profissionais (neurologista, neuropsicólogo, psiquiatra, entre outros, dependendo da gravidade do caso). E, a partir daí, o Psicopedagogo poderia sim, tratar o referido paciente usando as técnicas psicopedagógicas que aprendeu na faculdade, mas nunca imaginando que sejam suficientes de forma isolada. O Psicopedagogo deve saber trabalhar em conjunto com outros profissionais tendo consciência de que só poderá usar de recursos como jogos e terapias específicas e, sempre em conjunto com outro profissional, nunca de forma isolada, achando que somente tratando o fator psicológico obterá bons resultados.

Neste ponto vale lembrar que muitos casos citados e tratados como distúrbios, na verdade são quadros normais a alguma faixa etária, ou seja, o que parece distúrbio, é um comportamento normal em determinada idade, a medida em que a criança cresce, amadurece, passa a não apresentar mais os “sintomas” e o profissional despreparado (ou charlatão, mesmo) fica com a fama de ter “curado” o paciente. Da mesma forma, há casos tão graves que, depois de um período crítico, estacionam, dando a impressão de “cura”, ao interromper-se o tratamento imaginando esta cura, erra-se cegamente, pois, os sintomas podem voltar a qualquer momento, até anos depois de forma muito mais incontrolada. Está ai o grave erro de se detectar tudo como psicológico ou acreditar que um distúrbio não detectado por exames comuns seja inofensivo.

Este é um assunto muito complexo e extenso, impossível, esclarecer num único artigo. Por isso vou recomendar alguns livros de minha autoria (confio no que pesquiso, comprovo, escrevo e publico, por isso, indico meus livros)..

São eles: “Problemas de aprendizagem na pré escola”, que mostra o que é normal, problemático e distúrbio no desenvolvimento de crianças de zero a cinco anos “A escola produtiva” e “Distúrbios de aprendizagem/comportamento (verdades que ninguém publicou)” que são verdadeiros dicionários dos distúrbios de aprendizagem, mostrando sintomas e tratamentos específicos de cada distúrbio.

Alguns títulos estão esgotados em livrarias, mas ainda é possível encontra-los na Editora WAK. Mais informações podem ser conseguidas, clicando no link: http://paginas.terra.com.br/educacao/portaldofuturo/hp/Livros%20Dra%20Lou.htm




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