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Cultura
Terça - 14 de Fevereiro de 2006 às 13:47

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Mais do que o valor arquitetônico, o Seminário da Conceição representa o empenho em prol da cultura mato-grossense. Através de articulações de produtores culturais de Mato Grosso e auxílio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, o prédio centenário ganha perspectivas de perdurar por mais 300 anos.

Dividido em duas etapas, de seis meses cada, o projeto de recuperação e restauração nas estruturas do casarão começou em julho de 2005, pela recuperação da cobertura do prédio e parte estrutural, telhados, portais e pisos. A primeira etapa do trabalho, orçado em R$ 700 mil, está em fase de conclusão. O telhado já foi todo reconstituído, cerca de 26 mil telhas foram embutidas no prédio com 1.839 metros quadrados.

A segunda etapa da revitalização, acabamento, pinturas, parte elétrica e hidráulica aguarda por patrocínio para continuidade das obras, estimada em mais de R$ 800 mil.

“A importância de revitalizar o patrimônio edificado, histórico é resgatar a memória de Mato grosso. Nós temos uma memória, e o governo trabalha no resgate desse passado. Mato grosso é uma fronteira agrícola, de dez anos pra cá, mas com um passado bem mais extenso do que isso, prova disso é o nosso patrimônio. Um povos sem passado é um povo sem futuro”, observou Estevão.

História secular

Com o passar do tempo, o Seminário alem de Educandário, transformou-se em enfermaria (abrigando doentes da epidemia de varíola em 1867) e Quartel General (luta entre os partidos políticos em 1906), foi ainda, sede do Instituto Histórico e Centro de Letras, durante a gestão de Dom Aquino de Francisco Correia, segundo Arcebispo de Cuiabá, que transferiu a residência episcopal para o prédio, embora também funcionasse como estabelecimento de ensino. Lá funcionou a rádio Difusora Bom Jesus e recentemente um bazar.

Em 1977, a Fundação Cultural de Mato Grosso efetuou o tombamento do histórico monumento para o Patrimônio Estadual, quando mais tarde, em 1980, foi instalado o Museu de Arte Sacra de Cuiabá.

Como as vigas que sustentam o prédio são de madeira do século passado e as paredes de adobe, o peso do tempo e a voracidade de cupins, fizeram com que paredes rachassem, comprometendo as estruturas. O primeiro pavimento do prédio foi construído de taipa e o segundo de adobe com algumas divisórias internas superiores pensadas e construídas de pau-a-pique, por serem mais leves.

Museu de Arte Sacra

Fundado no ano de 1980, o Museu de Arte Sacra funcionou por oito anos na colina do Bom Despacho, no antigo Seminário da Conceição (prédio datado de 1882), porém, em 1988 fechou suas portas por problemas na estrutura física do prédio.

Hoje, depois de mais de duas décadas de sua fundação, o Museu de Arte Sacra ganha novas perspectivas de voltar à ativa. Por meio do Projeto de Revitalização Patrimonial proposto numa parceria do Governo do Estado, Fundação John Deere e Associação dos Produtores Culturais e o Governo Federal (Lei Rouanet), está sendo restabelecido este que é um dos principais cartões postais do Estado.

Acervo

Uma parte importante do passado religioso mato-grossense está sendo recuperada pelo restaurador Ariston Paulino. São milhares de fragmentos da antiga Catedral do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, que formaram dois altares do século 18 (altar de Santa Terezinha em estilo rococó e um dos altares do Cruzeiro em estilo barroco, além do neoclássico altar de São Miguel (século 19).

Os acervos remanescentes da antiga Catedral do Senhor Bom Jesus e Igreja de Nossa Senhora do Rosário, contam com cerca de 4300 peças entre imagens sacras, paramentos, alfaias, altares e vestuários épicos, inclusive, parte de objetos pessoais do Arcebispo Dom Aquino Correia. O material está em poder do Estado desde a década de 80, quando foi criado o Museu de Arte Sacra – no prédio do Seminário da Conceição (fechado desde 1988).

A expectativa da gerente de Museu da Secretaria de Estado de Cultura, Marly Pommot, é que os altares estejam prontos quando o Museu de Arte Sacra for reaberto.

Enquanto isso, o acervo passa por um processo de seleção, catalogação, registro fotográfico e por fim, revitalização. As peças estão sendo minuciosamente recuperadas pelo artista plástico e escultor Ariston Paulino de Souza, um goiano apaixonado pela arte, incumbido de reconstituir anjos caídos, com asas quebradas e pernetas, santos e altares desfigurados.

Os altares são um caso à parte, verdadeiros quebra-cabeças, erguidos por dezenas de peças de vários tamanhos, que surpreendem o artista. Para montar esses monumentos, Ariston faz constantes comparações a fotos antigas e se preocupa com o futuro do acervo valorizando o passado: “É preciso seguir à risca as normas estabelecidas pela carta de Veneza – Documento Internacional de conservação e restauração de monumentos e sítios, de 1964 – que prega o resgate artístico sem interferir na originalidade”.

A recuperação dos altares tem o patrocínio do Governo do Estado por meio do Fundo Estadual de Fomento à Cultura.





Fonte: Da Assessoria

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