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Polícia Brasil
Quinta - 09 de Fevereiro de 2006 às 15:12

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As declarações prestadas em juízo pela ex-escrevente do Fórum Cível, Beatriz Árias, de que o juiz Leopoldino Marques do Amaral está vivo – e que tudo que se sabe e noticiou-se sobre o crime não passou de uma grande armação ao melhor estilo hollywoodiano – cairam como uma bomba. Diante das suspeitas, uma única atitude a ser tomada: exumar o corpo, enterrado no jazigo da família em Poconé, a 100 quilômetros de Cuiabá. Mas, antes de abrir o túmulo, no próximo sábado, a Polícia Civil fará uma perícia no local: quer saber se, nesse tempo todo de investigações, julgamentos e letargia processual, houve violação.

Todo cuidado faz certo sentido. Ainda no melhor estilo do cinema americano, existem suspeitas de que o túmulo onde o magistrado foi enterrado tenha sido profanado. Na teoria da conspiração, o corpo – hoje uma ossada apenas – poderia ter sido trocado por um defundo desses qualquer, indigente, andarilho sempre encontrados em beira de estrada. Feitos os exames e comprovado que não é o corpo de Leopoldino que está lá adormecido, a pergunta que não quer se calar estaria finalmente respondida: não tem juiz morto, não tem crime e, consequentemente, não tem culpados.

O assassinato do juiz Leopoldino Marques do Amaral, ocorrido no dia 7 de setembro de 1999, é um mistério sem fim. Tantos interesses ajudariam, sem sombra de dúvidas, a alimentar situações como essa levantada agora por Beatriz Árias, a ex-funcionária do Fórum onde o magistrado atuava e com quem teria tido uma filha. Beatriz enfrentou o banco dos réus e foi condenada a 12 anos por co-autoria do crime, ao lado do seu tio, Marcos Peralta, um taxista que morreu doente no Paraguai, sem nunca ser incomodado com o pedido de extradição feito pelo Governo brasileiro. Árias ficou presa e perdeu o emprego: nunca abriu a boca para falar absolutamente nada.

Antes de morrer, o juiz fez uma série de denúncias sobre venda de sentenças, envolvendo diretamente o empresário Josino Guimarães, que, por sua vez, nunca sentou-se no banco dos réus. O Ministério Público Federal, na época orientado pelo procurador José Pedro Taques, tinha absoluta certeza de que colocaria Josino em frente aos jurados. O empresário chegou a ficar meses presos sob custódia. O tempo passou, Beatriz foi para a cadeia e o empresário voltou a rotina de reconhecido “últimos dos playboys” de Cuiabá. Na época em que fez as denúncias, Josino aparecia como intermediador de negócios entre partes acusadas e desembargadores do Tribunal de Justiça. Destemido, Leopoldino desafiou ordens judiciais do Judiciário Estadual.

O corpo – ou suposto corpo - do juiz foi encontrado numa estrada deserta da localidade de Concepción, no Paraguai. Foi um choque. Em vista das denúncias que produziu, as suspeitas populares recaíram automaticamente nos mais evidenciados desembargadores. Mas também, posteriormente, alimentou outras possibilidades. Como a que foi levantada pelo criminoso Aryzoli Trindade Sobrinho. Em depoimento na Polícia Federal, o traficante disse ter ouvido de pessoas ligadas ao crime organizado que precisavam de 300 mil dólares, divido em duas parcelas, “para fazer um serviço em Cuiabá”. Leopoldino – ou o que diziam ser – foi executado com dois tiros na cabeça e no corpo foi ateado fogo. De acordo com o depoimento prestado pelo ex-caminhoneiro Jorge Méres a CPI do Narcotráfico, Leopoldino morreu porque estava investigando com muita profundidade o crime organizado no Estado. Aryzoli tentou envolver Josino na trama.

Envolvimento de altos magistrados, de Josino, do crime organizado ou do narcotráfico, enfim, existem várias vertentes que apontavam como interessados em ver o juiz morto. Chegou-se a falar até mesmo na tese de que o magistrado morreu em função de suas ações de desvio de dinheiro relativos a depósitos judiciais na Vara de Família, onde atuava. E foram bons milhares. Na época em que morreu – ou melhor, que dizem ter sido assassinado – o magistrado era investigado pela Corregedoria do Tribunal de Justiça. Mas nenhuma das teses, ficou comprovada, passados mais de seis anos em que o crime aconteceu. Ou não aconteceu!





Fonte: 24 Horas News

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