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Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Terça - 07 de Fevereiro de 2006 às 06:38

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Para Fernando Henrique Cardoso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é "ingênuo e despreparado". Ele voltou a criticar a postura do presidente durante a crise política. "Se (Lula) for muito ingênuo, ele não está preparado para ser presidente, e se ele sabia do esquema, pior ainda", disse, referindo-se às acusações de pagamento de mesada a deputados da base aliada. A declaração foi feita durante a entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda.

Sobre sua declaração na revista IstoÉ - na qual afirmou que a "ética do PT é roubar" - FHC defendeu-se, e disse que não foi uma ofensa. "Eles é que ofenderam o povo brasileiro com o caixa 2", declarou. A entrevista de FHC ao semanário despertou reações em Brasília nesta segunda. O presidente do PT, Ricardo Berzoini, chegou a declarar que a legenda entrará com uma ação judicial contra Fernando Henrique.

O ex-presidente atacou a crise desencadeada pela CPI dos Correios e disse que, para ele, um dos momentos mais chocantes foi a declaração do marqueteiro Duda Mendonça, que admitiu ter recebido dinheiro do caixa 2 de campanhas e ter depositado esse valor em contas no exterior. "Eu não vi um procurador público investigar isso", protestou FHC.

"PT definiu PSDB como inimigo"

Ao explicar porque o PSDB não deu entrada no pedido de impeachment do presidente Lula, FHC disse que o partido preferiu que o petista fosse julgado nas urnas. "A eleição de Lula fez parte da construção da democracia. Impeachment é bomba atômica", disse, explicando que o processo de destituição de um presidente arrasaria a democracia do País.

FHC disse ainda que o caráter oposicionista do PSDB foi definido pelo próprio PT. O ex-presidente diz que, na transição de sua gestão para o governo Lula, acreditou que o petista abriria um diálogo com o PSDB. "Quem definiu o PSDB como inimigo foi o PT." Ele questionou o por quê de se continuar com uma linha "encarniçada" entre dois partidos e não buscar a convergência. "Se ele (Lula) chamasse o PSDB para esse diálogo, os tucanos acatariam", afirmou.

Alckmin ou Serra? Sobre o nome do PSDB que vai disputar a eleição presidencial de outubro, FHC voltou a esquivar-se, e não declarou favoritos na disputa entre o governador de São Paulo Geraldo Alckmin e o prefeito da capital paulista José Serra. "Eu não vou fazer o jogo do adversário e dar dicas sobre quem será candidato". Cardoso acredita que a discussão, por enquanto, é meramente polítca e jornalística. "O povo ainda não está pensando em eleições", disse.

Ainda sobre o pleito de outubro, o ex-presidente falou sobre a suposta candidatura do ministro do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim - nomeado por ele mesmo para ocupar o cargo em seu segundo mandato. "Sair da presidência do STF para ser candidato eu não acho bom. Mas não acredito que ele (Jobim) vá fazer isso".

Política econômica

A afirmação por parte de um jornalista de que a política econômica do Governo Lula tinha resultados mais concretos que a sua irritou FHC. O ex-presidente rebateu dizendo que a condução da política econômica do governo Lula é ruim. Ele afirmou que baixar juros não é uma questão de "vontade política".

FHC acredita que o Banco Central (BC) manteve as taxas elevadas por muito tempo. "Nunca os bancos ganharam tanto quanto agora", afirmou. Ele não acredita que o juro real ficaria muito abaixo de 9% porque a dívida do governo é muito alta. O ex-presidente também afirmou que o País poderia ter alcançado antes a auto-suficiência do petróleo.

Lula x FHC Ao comentar as diferenças de propostas entre o PT e o PSDB, ele destacou o Bolsa Família, que integra o programa de governo Lula e disse que, inicialmente o projeto foi uma criação do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). "Era um projeto que já tinha sido criado e o governo Lula modificou, mas não mudou nada", afirma.

O sucateamento das estradas federais também foi ponto criticado pelo ex-presidente. FHC disse que durante seu governo chegou a receber Lula que pediu que a manutenção das rodovias federais fossem passadas aos governos dos Estados. "A César o que é de César. E nesse caso, César se chama Luiz Inácio da Silva".

"É um problema de democracia que nos separa do PT", disse o ex-presidente ainda falando sobre as diferenças entre tucanos e petistas. Segundo ele, o PSDB tem um programa de alianças e nunca faria como o PT, que ocupa a máquina do Estado "para pôr militantes" no poder.

Reeleição O ex-presidente voltou a rebater as acusações sobre a emenda da reeleição, aprovada ainda durante seu primeiro mandato. "Isso foi uma infâmia", disse. O ex-presidente admitiu que pode ter havido compra de votos mas no âmbito regional, mas garantiu que a votação da emenda em Brasília foi "honesta".





Fonte: Terra

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