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Politica Brasil
Sábado - 04 de Fevereiro de 2006 às 12:18

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São Paulo - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista concedida à revista IstoÉ desta semana, avalia que o fato de estar no final de mandato facilita as condições do governador Geraldo Alckmin para disputar a Presidência da República, enquanto que o prefeito José Serra teria que enfrentar o risco de abandonar a Prefeitura. "Será que ele vai querer correr esse risco?", indaga o ex-presidente, principal articulador do PSDB.

Eis, na íntegra, a resposta de FHC, à pergunta sobre quem seria o melhor candidato para colocar em prática a sua recomendação de que a campanha tucana bata forte no PT, atacando as questões éticas do partido e do governo Luiz Inácio Lula da Silva: "Seja um, seja outro, terá de entrar nesses temas, com uma palavra muito forte. De crítica a isso tudo, e de confiança de que vai ser diferente. Qual deles será, ainda não sabemos. Vamos escolher quem tiver mais chances de derrotar Lula, mas a decisão de concorrer é pessoal. Para Alckmin está mais fácil, seu mandato está terminando. Serra teria de enfrentar um buraco negro entre abandonar a prefeitura e vencer as eleições. Será que ele vai querer correr esse risco?"

Após comentar que nunca ouviu falar tanto em corrupção "como neste governo", o ex-presidente afirma que este será o tema forte da campanha presidencial e enfatiza que o PSDB deve mostrar, "com força", o que aconteceu. "Não podemos aceitar o que o presidente Lula disse em Paris, que todos são corruptos e, portanto, que a corrupção é normal. Não, não. Primeiro, porque não são todos que praticam corrupção. Segundo, a corrupção neste governo é muito mais grave do que nos outros casos da história", sustenta.

FHC argumenta que há um fenômeno novo. "Os outros casos eram individuais, enquanto no governo Lula a corrupção se organizou e teve a chancela do partido do governo. No governo Lula, a corrupção tem organicidade, foi arquitetada. É sistêmica." Para o ex-presidente, o momento da discussão do impeachment de Lula já passou. "Agora não dá mais. Lula é o símbolo do imigrante operário pobre que chegou a presidente. É um símbolo declinante, uma estrela cadente. Mas o horizonte, agora, é o eleitoral".

O líder tucano diz não acreditar na reeleição de Lula, mas admite que ela pode acontecer e vincula a esta hipótese um cenário bastante pessimista: "Nesse caso, (Lula) vai fazer um governo ainda pior do que o atual, porque as condições políticas são piores. Houve uma mudança de sentimento da classe média em relação ao presidente. Ele percebeu e virou o discurso para a massa de não informados. Tudo bem, mas ele vai governar com quem? A reeleição seria muito ruim. Vai ficar tudo frouxo, sem sabermos para onde a Nação está indo. Lula pode ganhar como pessoa, mas será guiado pelo mercado e pelo pior da política. Se Lula for reeleito, o seu ato seguinte será o de pedir a anistia dos petistas cassados ao Congresso."





Fonte: AE

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