Repórter News - reporternews.com.br
Grupo A Barca refaz viagem de Mário de Andrade
São Paulo - É música que não acaba mais. Entre 19 de dezembro de 2004 e 13 de fevereiro de 2005, o grupo paulistano A Barca percorreu mais de 10 mil quilômetros, do Pará a São Paulo, de ônibus, para realizar o Projeto Turista Aprendiz. Munidos de câmeras, laptops, instrumentos musicais e equipamentos de som, os nove integrantes do grupo mais equipe técnica visitaram 26 comunidades e registraram o canto e a dança locais, recolhendo cerca de mil melodias, além de promover oficinas e realizar shows. Fizeram paradas no meio de reisados do Ceará, num quilombo da Paraíba, em culto de candomblé em Pernambuco, em representação de chegança em Alagoas, em roda de jongo no interior paulista. Parte deste material sai agora numa caixa intitulada Trilha, Toada e Trupé, com três CDs e um DVD. Custa R$ 80 e só será vendido por encomenda pelo e-mail contato@barca.com.br.
Na semana passada eles refizeram parte da viagem para lançar a caixa, com três shows no Ceará e um em cada capital de Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Todo o projeto foi patrocinado pela Petrobrás, incluindo esta volta ao Nordeste que não estava prevista inicialmente. De 15 a 19 de março é a vez de São Paulo. Serão quatro shows no Sesc Pompéia, cada um com um elenco de convidados. "Vai ser um pouco o inverso do que a gente fez. Agora estamos mais próximos deles do que quando fomos. Vai ser um passo à frente", diz o pianista Lincoln Antonio. "Tem o Reisado do Ceará, tem o Humberto de Maracanã, cantador de boi de São Luiz. Cada show vai ter um elenco de convidados e algumas dessas pessoas também fazem apresentações-solo e oficinas."
Além de apresentar o documentário contido no DVD, antes das apresentações, a rua do Sesc Pompéia será tomada pelo reisado, como eles conheceram no Crato (CE). Troca de experiências - O projeto tem como modelo a expedição realizada pelo escritor Mário de Andrade (1893-1945) em 1927. Ninguém foi lá com a idéia de "resgatar" o folclore, mas trocar experiências com as comunidades e revelar para um público maior a musicalidade e a dança tradicionais de rincões remotos que, sem esse tipo de ação, ficaria restrito a pequenos nichos.
Contudo, o pessoal da Barca se preocupou em interferir o mínimo possível. "O fato de estar lá registrando, com um monte de equipamento e um monte de gente, já tem um estranhamento, mas a gente procurava tirar um mínimo disso, deixando o pessoal à vontade", diz Magalhães.
O repertório acumulado certamente vai ser aproveitado em outros projetos e shows da Barca. Foram registradas 300 horas de som e imagem. "Só de coco e reisado a gente saca uma dúzia de cada", aponta Renata. "É um ganho artístico imenso, e também faz a gente colocar a música numa posição mais global dentro da nossa vida. Faz a gente também refletir sobre o papel da música dentro das nossas relações sociais, culturais e tudo o mais."
Só o material de áudio rendeu 63 CDs, que cada integrante da Barca carrega numa pasta pessoal. Cada comunidade recebeu o registro completo de sua participação. Segundo Renata, "eles já estão fazendo cópias piratas e vendendo". A íntegra do material vai ser disponibilizada para três acervos: o Projeto Cachuêra, em São Paulo, o Laboratório de Estudos da Oralidade, na Paraíba, e o Centro Popular de Cultura, de São Luiz (Maranhão). O grupo também planeja futuramente colocar em seu site (www.barca.com.br) pelo menos uma parte do material que não saiu nos CDs da caixa, que teve tiragem inicial de 2 mil exemplares.
Além do ganho artístico (Lincoln Antônio, por exemplo, se ligou nos pífanos), para eles foi importante conhecer o sotaque de cada lugar e, além disso, "conhecer pessoas sensacionais que abrem suas casas". Parte delas se destaca no DVD, como Nelson da Rabeca, as jongueiras Dona Mazé e Tia Fia e a bem-humorada Dona Coló, uma paraense que vende essências de "ervas atrativas" em pequenos frascos no Mercado Ver-o-Peso, em Belém. Os nomes falam por si: "Chora nos meus pés", "pega e não me larga", "busca longe", "faz querer quem não me quer".
E tem músicos excepcionais. "O cara é simples e só faz aquilo, mas aquilo que ele faz é uma coisa absurda", testemunha Magalhães. "O simples é absolutamente virtuoso em muitos lugares. Isso para mim emociona, está acima da música."
Na semana passada eles refizeram parte da viagem para lançar a caixa, com três shows no Ceará e um em cada capital de Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Todo o projeto foi patrocinado pela Petrobrás, incluindo esta volta ao Nordeste que não estava prevista inicialmente. De 15 a 19 de março é a vez de São Paulo. Serão quatro shows no Sesc Pompéia, cada um com um elenco de convidados. "Vai ser um pouco o inverso do que a gente fez. Agora estamos mais próximos deles do que quando fomos. Vai ser um passo à frente", diz o pianista Lincoln Antonio. "Tem o Reisado do Ceará, tem o Humberto de Maracanã, cantador de boi de São Luiz. Cada show vai ter um elenco de convidados e algumas dessas pessoas também fazem apresentações-solo e oficinas."
Além de apresentar o documentário contido no DVD, antes das apresentações, a rua do Sesc Pompéia será tomada pelo reisado, como eles conheceram no Crato (CE). Troca de experiências - O projeto tem como modelo a expedição realizada pelo escritor Mário de Andrade (1893-1945) em 1927. Ninguém foi lá com a idéia de "resgatar" o folclore, mas trocar experiências com as comunidades e revelar para um público maior a musicalidade e a dança tradicionais de rincões remotos que, sem esse tipo de ação, ficaria restrito a pequenos nichos.
Contudo, o pessoal da Barca se preocupou em interferir o mínimo possível. "O fato de estar lá registrando, com um monte de equipamento e um monte de gente, já tem um estranhamento, mas a gente procurava tirar um mínimo disso, deixando o pessoal à vontade", diz Magalhães.
O repertório acumulado certamente vai ser aproveitado em outros projetos e shows da Barca. Foram registradas 300 horas de som e imagem. "Só de coco e reisado a gente saca uma dúzia de cada", aponta Renata. "É um ganho artístico imenso, e também faz a gente colocar a música numa posição mais global dentro da nossa vida. Faz a gente também refletir sobre o papel da música dentro das nossas relações sociais, culturais e tudo o mais."
Só o material de áudio rendeu 63 CDs, que cada integrante da Barca carrega numa pasta pessoal. Cada comunidade recebeu o registro completo de sua participação. Segundo Renata, "eles já estão fazendo cópias piratas e vendendo". A íntegra do material vai ser disponibilizada para três acervos: o Projeto Cachuêra, em São Paulo, o Laboratório de Estudos da Oralidade, na Paraíba, e o Centro Popular de Cultura, de São Luiz (Maranhão). O grupo também planeja futuramente colocar em seu site (www.barca.com.br) pelo menos uma parte do material que não saiu nos CDs da caixa, que teve tiragem inicial de 2 mil exemplares.
Além do ganho artístico (Lincoln Antônio, por exemplo, se ligou nos pífanos), para eles foi importante conhecer o sotaque de cada lugar e, além disso, "conhecer pessoas sensacionais que abrem suas casas". Parte delas se destaca no DVD, como Nelson da Rabeca, as jongueiras Dona Mazé e Tia Fia e a bem-humorada Dona Coló, uma paraense que vende essências de "ervas atrativas" em pequenos frascos no Mercado Ver-o-Peso, em Belém. Os nomes falam por si: "Chora nos meus pés", "pega e não me larga", "busca longe", "faz querer quem não me quer".
E tem músicos excepcionais. "O cara é simples e só faz aquilo, mas aquilo que ele faz é uma coisa absurda", testemunha Magalhães. "O simples é absolutamente virtuoso em muitos lugares. Isso para mim emociona, está acima da música."
Fonte:
Agência Estado
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/321459/visualizar/
Comentários