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Politica Brasil
Quinta - 26 de Janeiro de 2006 às 14:06
Por: Marcos Magalhães

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Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos, nesta quinta-feira (26), o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, atribuiu a interesses políticos locais boa parte das denúncias sobre supostas irregularidades que teriam sido cometidas durante a sua gestão como prefeito de Ribeirão Preto (SP). Ele citou diversas denúncias já arquivadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e reiterou que não pretende concorrer às eleições deste ano.

- É preciso ponderar o que existe nessas denúncias de fiscalização e o que há de luta política. Toda vez que alguém acha que vou ser candidato a alguma coisa, esses assuntos aparecem. Nesta eleição não serei candidato a nada, acho que estou contribuindo com meu país e, enquanto o presidente Lula achar importante, vou manter meu trabalho - anunciou Palocci, ao responder a questionamentos do relator da CPI, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN).

O ministro disse que não condena nem os vereadores que questionam seus atos à frente da prefeitura, nem os jornalistas que publicam as denúncias, uma vez que em ambos os casos eles estariam cumprindo suas obrigações. Palocci admitiu ter sido um vereador "muito chato e briguento", mas garantiu não haver cometido "as malfeitorias" que lhe atribuem.

Durante a reunião da comissão, Palocci contestou a denúncia segundo a qual a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria recebido recursos do governo cubano. Ele disse poder afirmar "com tranqüilidade" que não houve dinheiro "nem de Cuba e nem de outros países".

O ministro desmentiu também a denúncia de que a prefeitura de Ribeirão Preto teria recebido R$ 50 mil mensais da empresa Leão Leão - quantia que teria sido repassada ao PT. Ao recordar que havia recebido recursos oficiais da Leão Leão para a própria campanha a prefeito, ele observou que não haveria sentido, depois disso, em solicitar à mesma empresa recursos não oficiais.

Garibaldi apontou, então "fortes indícios" de que a prefeitura teria aumentado a extensão da área de varrição, na limpeza pública, supostamente para beneficiar a Leão Leão. Em resposta, Palocci confirmou o aumento da área de varrição. "Não há indícios, há fatos", disse ele. Mas o aumento da varrição, segundo o ministro, estaria ligado à extensão do serviço a bairros populares que não teriam sido beneficiados anteriormente.

Garibaldi quis saber do ministro os reais motivos da demissão da prefeitura de seu então secretário de Governo, Rogério Buratti, autor das denúncias de pagamento de propina pela Leão Leão. De acordo com a informação do ministro, Buratti teria sido exonerado por haver feito uma gravação de conversa que manteve com empresário que prestava serviços à prefeitura.

Palocci relatou ainda não haver rompido relacionamento com Buratti neste momento, mas admitiu que se afastou "naturalmente" dele e deixou de ter contato com o advogado a partir das denúncias de que Buratti teria cobrado propina da multinacional Gtech para garantir a renovação de contrato da empresa com a Caixa Econômica Federal.

Ainda a propósito do caso da Gtech, Palocci considerou "exemplar" a conduta no caso da diretoria da Caixa e citou relatório nesse sentido do Tribunal de Contas da União (TCU). Ele observou que a Caixa prolongou contrato com a Gtech para evitar a paralisação dos serviços das loterias. Depois disso, prosseguiu, a Caixa obteve na Justiça o direito de abrir novas licitações.

Ao ser questionado pelo relator a respeito das inúmeras ligações telefônicas entre seu assessor Ademirson Silva, o ex-secretário de Finanças de Ribeirão Preto Ralf Barquete e o funcionário da prefeitura Vladimir Poletto, Palocci disse também haver estranhado o número e conversado com Ademirson. O assessor lhe teria informado que a quantidade de ligações era exagerada e que os temas tratados seriam "de cunho pessoal".

O ministro disse ainda que não pode responder pelo trabalho de antigos assessores seus em Brasília. Digo apenas que não tem relacionamento com a minha atividade - assegurou.




Fonte: Agência Senado

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