Governo inicia capacitação sobre processo de doação de órgãos

A Comissão Permanente de Capacitação da Central de Transplantes de Mato Grosso realiza nesta quinta-feira (26.01), no auditório do Hospital Geral Universitário (HGU), a capacitação “Morte encefálica e manutenção clínica do potencial doador” para médicos, enfermeiros, visitadores das unidades de terapia intensiva (UTIs) e às Comissões Intra-hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT). “Este treinamento é a continuidade de um trabalho que começou em 2004 e, que agora, segue a portaria de nº 1.752 do Ministério da Saúde. Nosso objetivo é fazer com que todos os profissionais colaborem com o processo para aumentar a doação e captação de órgãos e tecidos no Estado”, disse a coordenadora da Central de Transplantes, Vera Lúcia Sena.

A psicóloga Roseli Seror Cuiabano, membro da Comissão Permanente de Divulgação e Capacitação de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes, explica que a portaria determina a constituição de Comissões em hospitais públicos, privados e filantrópicos com mais de 80 leitos. Em Cuiabá, unidades como o Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá(PSMC), Hospital do Câncer, Santa Casa de Misericórdia, Júlio Muller, entre outros, já possuem as CIHDOTT, que devem notificar à Central Estadual de Transplantes os casos de morte encefálica ou coração parado.

Entre outras atribuições, cabe às Comissões detectar os possíveis doadores de órgãos e tecidos nas unidades hospitares, viabilizar o diagnóstico de morte encefálica e criar rotinas para oferecer aos familiares de pacientes falecidos no hospital a possibilidade da doação, que só acontece com o consentimento dos familiares. “As Comissões Intra-hospitalares são responsáveis pela abordagem da família do potencial doador. Algumas condutas que devem ser tomadas é fazer a abordagem em uma sala reservada, repassar informações claras, objetivas e corretas para que a família tome a decisão com consciência, a conversa tem que ser pessoalmente e não pode ser por telefone”, disse.

Roseli Cuiabano comentou ainda que a cultura, as convicções religiosas e, outros fatores, influenciam em muito nas decisões sobre a doação de órgãos, especialmente, nos casos de morte encefálica. No entanto, para atestar a morte encefálica é obrigatória a avaliação de dois médicos, sendo um intensivista ou médico assistente e de um neurologista clínico ou neurocirurgião, além de um exame complementar que pode ser Doppler transcraniano, eletro encefalograma, artereografia dos quatro vasos, entre outros, que comprovam se há morte encefálica ou não.

DADOS: No ano de 2005 foram realizados 43 transplantes de córneas, seis de rim (doador vivo) e dois enxertos ósseos no Estado. Hoje 350 pessoas aguardam por um transplante de córnea e outras 650 de rim, em Mato Grosso. “Estamos tomando algumas medidas para amenizar a situação como o credenciamento do Laboratório de Histocompatibilidade previsto para o próximo trimestre e o Banco de Olhos. Assim teremos plenas condições de aumentar o transplante de córnea e rim bem como número de voluntários de doadores de medula óssea em Mato Grosso”, informou.

Os tipos de transplantes que não são realizados no Estado, como o do fígado, coração e pulmão, os pacientes que necessitam desses serviços são encaminhados para tratamento fora do domicílio (TFD).

O Ministério da Saúde lançou no início deste mês uma campanha que incentiva os brasileiros a se tornarem doadores de múltiplos órgãos, cujo objetivo é diminuir a lista única não só em Mato Grosso como em todo o País. Alguns dos temas que serão abordados na capacitação são: “Diagnóstico, protocolo e notificação de morte encefálica”, pelo coordenador técnico da Gerência de Captação de Órgãos e Tecidos para Transplantes, cardiologista Fause Chauchar, “Cuidados de enfermagem ao potencial doador”, com a enfermeira Roseli Garcia, e “Técnicas de entrevista familiar para doação de órgãos e tecidos”, com a psicóloga Roseli Cuiabano. O evento tem termino previsto para às 18 horas.