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Terça - 24 de Janeiro de 2006 às 20:10

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Quatro corpos decapitados em Juara (a 697 quilômetros de Cuiabá) podem passar por exumação para serem identificados por meio de exame de DNA. As falanges das supostas vítimas do grupo de extermínio, que foram enviadas para a perícia, estavam dentro de formol, substância que destrói a cadeia de DNA. "O erro aconteceu porque a polícia desconhecia o procedimento para enviar o material", explicou o coordenador da Perícia Oficial e Identificação Técnica de Sinop (Politec), perito Igor Petrenko. Por isso, o órgão sugeriu à Polícia Civil que pedisse a exumação dos corpos para que seja feita nova retirada de material biológico.

Em entrevista ao RMT Online, o delegado responsável pelo caso, Joaz Gonçalves, disse que já fez a solicitação e que a decisão judicial será divulgada nos próximos dias. Caso a exumação seja autorizada, o material colhido será enviado para a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que tem convênio com o Governo do Estado para a realização deste tipo de exame.

Ao todo, aconteceram seis homicídios em Juara. A série de crimes mudou a rotina da cidade e tem desafiado a polícia local. Passados cinco meses da descoberta do primeiro corpo decapitado e com os órgãos genitais arrancados, ainda não se sabe quem são os autores e a motivação dos homicídios.

Para a PC, trata-se de um grupo de extermínio, que pode contar com a participação de policiais militares. Inclusive, dois PMs figuram no rol dos principais suspeitos, mas, até agora, não há nenhuma prova concreta que possa incriminá-los. "Não tenho elementos para indiciar ou não indiciar. A investigação é um mosaico. Estou montando o quebra-cabeça", argumentou o delegado Joaz Gonçalves.

Segundo ele, 15 testemunhas já foram ouvidas no inquérito, que agora está sob segredo de Justiça. Ao ser questionado sobre o conteúdo dos depoimentos, o delegado foi enfático: "Não posso dar mais detalhes, porque senão as investigações serão prejudicadas". Porém, Joaz Gonçalves informou que ainda não recebeu a quebra dos sigilos telefônico e fiscal de pessoas relacionadas aos homicídios.

A quebra dos sigilos possibilitará à polícia confirmar indícios levantados pelas investigações, como, por exemplo, as supostas ligações telefônicas entre a vítima Ricardo Campos e um dos policiais apontados como integrantes do grupo de extermínio. O número de pessoas que tiveram os sigilos telefônico e fiscal quebrados também não foi divulgado.

O delegado Joaz Gonçalves afirmou ainda que o prazo para a conclusão do inquérito termina no final de fevereiro, mas sinalizou a intenção de pedir a prorrogação por mais 30 dias.

Entenda o Caso

O primeiro corpo decapitado e sem os órgãos genitais foi encontrado num matagal de Juara, no dia 22 de agosto do ano passado. A vítima ainda não foi identificada, mas, para a polícia, trata-se de Alexandre Gomes da Silva, que está desaparecido.

Já no dia 29 de outubro, pescadores encontraram o corpo do ex-presidiário Ricardo Campos, também sem a cabeça e os órgãos genitais, no rio Arinos, que passa em Juara. Como possuía algumas tatuagens, a vítima foi reconhecida por familiares, mas a identificação oficial será feita por meio de exame de DNA.

No início de novembro, duas ossadas foram localizadas em Juara. As vítimas foram decapitadas e tiveram os órgãos genitais arrancados, a exemplo do que aconteceu com os outros dois homens.

Segundo a polícia, de agosto a novembro, outros dois homens foram assassinados na cidade.Os corpos não foram mutilados, porque, segundo o delegado Joaz, os criminosos não tiveram tempo. "Alguém pode ter aparecido e forçado a fuga dos bandidos. Mas os corpos estavam amarrados, inclusive com cordas no pescoço", revelou.

Pista

A Polícia Civil de Juara começou a investigar os dois PMs após descobrir que eles estavam ameaçando Ricardo Campos. A vítima tinha registrado um Boletim de Ocorrência (BO) e avisado familiares da intimidação. Os dois policiais já prestaram depoimento ao delegado Joaz Gonçalves e negaram todas as acusações.

Entretanto, a polícia tem indícios da participação dos PMs na morte do ex-presidiário, que cumpriu pena por homicídio e roubo. No dia de sua morte, Ricardo Campos pediu a moto de um amigo emprestada e o avisou de que iria se encontrar, de madrugada, com um dos policiais que está sendo investigado. Ricardo não voltou mais. Além disso, a Polícia Civil descobriu vários contatos telefônicos entre a vítima e o suposto executor. (EB)





Fonte: RMT ONLINE

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