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Internacional
Domingo - 22 de Janeiro de 2006 às 18:10

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Os albaneses de Kosovo começaram neste domingo cinco dias de luto e de busca por um novo presidente para conduzir a disputada província sérvia nas negociações de independência depois da morte de Ibrahim Rugova, sem um sucessor natural. A morte de Rugova, 61, no sábado, de câncer no pulmão, deixou a maioria albanesa de 90 por cento sem um líder antes das negociações diretas com Belgrado para decidir se Kosovo será independente ou continuará parte da Sérvia, como Belgrado insiste.

Figura poderosa e carismática, o ex-professor de literatura não tem um substituto óbvio como presidente, nem como chefe da equipe de negociação de Kosovo.

Uma fila contínua de pessoas passou pela casa de Rugova, onde ele morreu, para se despedir. As bandeiras albanesas estavam a meio mastro na capital.

Ele será enterrado na quinta-feira, 26 de janeiro, em Pristina. O enterro foi adiado de quarta-feira, data do início das negociações, a pedido da família.

O corpo ficará exposto no Parlamento de Kosovo a partir de segunda-feira.

As negociações em Viena foram adiadas para o início de fevereiro.

O parlamento tem três meses para escolher um novo presidente, mas os países ocidentais que apóiam Kosovo querem que o partido de Rugova deixe de lado as divisões e nomeie um sucessor em breve.

O mundo pediu união frente às divisões que atingem a política de Kosovo no pós-guerra.

"Queremos expressar nossa esperança de que Kosovo continuará a seguir o legado do presidente Rugova e que os líderes políticos fiquem unidos durante o período a seguir, a fim de enfrentar os desafios que virão", disse neste domingo um comunicado do enviado da União Européia em Kosovo.

Kosovo é legalmente parte da Sérvia e tem 2 milhões de habitantes. O local é administrado pela ONU desde 1999, quando o bombardeio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) provocou a retirada das forças sérvias, acusadas de "limpeza étnica" de civis albaneses durante os dois anos de guerras com guerrilheiros separatistas.

Durante os anos 1990, a maioria albanesa da população rejeitou o domínio sérvio, após anos de repressão. Rugova criou nesta época um Estado clandestino.

Sua política de resistência passiva foi ofuscada pela guerrilha em 1998, mas ele retornou depois da guerra e foi eleito presidente duas vezes.

"Depois de Rugova, inicia-se um período de verdadeira democracia, já que ele não deixou sucessor", escreveu o jornal Express.

"Agora, a competição política será entre iguais."

Diplomatas dizem que as potências ocidentais provavelmente levarão as negociações na direção de uma forma de independência, sob supervisão internacional contínua nos próximos anos.





Fonte: Reuters

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