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Meio Ambiente
Sexta - 20 de Janeiro de 2006 às 16:35

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São Paulo - Pesquisadores de Harvard aplicaram testes a índios mundurucu, isolados no Pará, e resultados foram semelhantes aos de quem esteve na escola Pesquisadores franceses e da Universidade de Harvard descobriram que os conceitos geométricos básicos são inatos ao ser humano, independentemente de idioma ou etnia. O estudo foi feito com índios mundurucu, da Amazônia paraense, e está publicado na edição desta sexta-feira da revista Science.

Os índios foram submetidos a testes básicos de geometria, nos quais deviam identificar qual era a figura "estranha" dentro de um conjunto de imagens - por exemplo, um linha curva no meio de várias retas, ou um retângulo em meio a vários quadrados. Apesar de nunca terem estudado geometria e de não terem palavras em seu dialeto para descrever conceitos geométricos, os mundurucus se saíram tão bem quanto crianças americanas submetidas aos mesmos testes. Ficaram apenas um pouco abaixo dos adultos.

A média de acerto dos mundurucus foi de 66,8%, muito acima do que seria esperado se estivessem apenas "chutando" (16,6%). Não houve diferença significativa entre adultos e crianças da tribo. Os resultados sugerem que os princípios da geometria são inerentes, estão embutidos na inteligência humana. "Nossos experimentos fornecem evidência de que o conhecimento geométrico surge nos seres humanos independentemente de instrução, experiência com mapas ou ferramentas de medição, ou domínio de uma linguagem geométrica sofisticada", escrevem os pesquisadores na Science. "Em resumo, adultos sem escolaridade de uma cultura isolada, assim como crianças da mesma cultura ou de uma cultura ocidental exibem a mesma competência sobre conceitos básicos de geometria.

" Os mundurucus foram escolhidos para o estudo por causa de seu pouco contato com o homem branco, o que lhes permitiu manter intacta boa parte de sua cultura e sua língua - que tem poucas palavras dedicadas a conceitos aritméticos, geométricos ou espaciais. A etnia, cuja terra faz divisa com Mato Grosso, no extremo sudoeste do Pará, foi visitada pelos cientistas em 2004 e 2005. Os experimentos confirmam as conclusões do filósofo Sócrates, que, segundo um relato de Platão, questionou um de seus escravos sem escolaridade para determinar se ele entendia geometria. As respostas do escravo impressionaram tanto Sócrates que ele concluiu que "sua alma (a do escravo) deve ter sempre possuído esse conhecimento".




Fonte: Agência Estado

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