Publicidade
Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Quinta - 19 de Janeiro de 2006 às 23:59

    Imprimir


Insurgentes iraquianos mataram pelo menos 22 pessoas em duas explosões simultâneas na quinta-feira no centro de Bagdá, desafiando o esquema de segurança montado na capital para o anúncio do resultado das eleições de dezembro. Monitores internacionais rejeitaram as acusações de fraude feitas pela minoria sunita e concluíram que em geral a eleição parlamentar foi correta. Mas, num aceno ao sentimento sunita, os monitores pediram que essa etnia participe do governo. O representante das Nações Unidas no país fez o mesmo apelo.

Resultados praticamente definitivos obtidos pela Reuters mostram os sunitas com pouco mais de 20 por cento das vagas do Parlamento e o bloco islâmico xiita dez cadeiras abaixo de manter a maioria. Os resultados finais estão previstos para as 15h (10h em Brasília) de sexta-feira.

Temendo uma onda de ataques sunitas após o resultado, o governo curdo-xiita isolou cidades inteiras e reforçou a presença militar e policial nas ruas de Bagdá.

Mas uma patrulha policial foi atingida por um carro-bomba estacionado no centro da cidade. No mesmo instante e na mesma área, um militante suicida provocava uma explosão em um café. A maioria dos 22 mortos são civis. A rua ficou cheia de pedaços de corpos e vários carros foram queimados.

Em outro incidente, até 34 recrutas podem ter sido mortos na quinta-feira em uma emboscada contra um ônibus na zona norte de Bagdá, segundo a polícia. Um sobrevivente, ferido, disse que há pelo menos 14 mortos.

"Prevemos que (o líder local da Al Qaeda, Abu Musab Al) Zarqawi e combatentes estrangeiros ataquem novamente após o resultado das eleições", disse o general norte-americano Rick Lynch a jornalistas.

Os extremistas sunitas não têm qualquer interesse na eleição, embora alguns rebeldes tenham observado um cessar-fogo informal na votação de 15 de dezembro, para permitir que a comunidade votasse e ocupasse algum espaço no novo governo. Frustrados com o resultado, muitos deles agora prometem mais violência.

ELOGIOS AO PROCESSO

Quatro representantes da Missão Internacional para as Eleições no Iraque (Miei) chegaram há duas semanas a Bagdá para avaliarem o processo de votação e as reclamações, o que segundo autoridades eleitorais reduziu o clima de tensão.

"Muitas das queixas consideradas mais sérias pela Miei foram adequadamente investigadas e judicialmente resolvidas", disseram os monitores.

Hussein Al Hendawi, diretor da Comissão Eleitoral Independente, gostou do resultado do relatório. "Ele elogia todo o processo eleitoral", afirmou à Reuters. "Estamos realmente aliviados."

Mas, para o político sunita Hussein Al Falluji, a conclusão só serve para ocultar as fraudes. "Os norte-americanos não queriam que nada interferisse no seu projeto para o Iraque, não queriam nenhuma má notícia na eleição", acusou.

Muitos líderes políticos sunitas, porém, já estão negociando um governo de coalizão nacional com xiitas e curdos, o que deve levar semanas.

Fontes da comissão eleitoral dizem que a Aliança Islâmica Xiita ficará com 128 das 275 vagas do Parlamento. O principal bloco sunita ficará com 33 ou 34, outro grupo sunita terá 11 e um terceiro ocupará três cadeiras.

Já o bloco curdo conseguiu 52 deputados, segundo essa fonte. O grupo do ex-primeiro-ministro laico Iyad Allawi deve ficar com 25 vagas. Algumas cadeiras continuam em aberto, devido ao complexo sistema de distribuição de vagas segundo a representação proporcional.

Claramente conscientes da importância dos sunitas no futuro político, os monitores internacionais concluíram seu relatório dizendo que "há uma necessidade urgente, neste período da história do Iraque, da formação de um governo de verdadeira unidade nacional". "Este governo deve representar todos os segmentos do povo iraquiano, sem exceção nem marginalização."

A participação sunita no processo político é essencial para o esforço diplomático dos EUA para construir um consenso e eliminar a insurgência, o que permitiria a retirada das tropas norte-americanas.

Mas, na última semana, os insurgentes mostraram que continuam ativos, realizando grandes ataques na capital e matando 12 civis em um posto de controle ao norte de Bagdá.

Na quarta-feira, pelo menos nove seguranças iraquianos morreram no seqüestro de dois engenheiros africanos que estavam sob a guarda deles. O incidente ocorreu em uma movimentada rua de Bagdá.

Milhares de pessoas, sendo centenas de estrangeiros, já foram seqüestradas no Iraque nos últimos dois anos e meio e muitas delas acabaram mortas. As autoridades continuam em busca da jornalista norte-americana Jill Carroll, seqüestrada por militantes que exigem a libertação de presas iraquianas.

As autoridades do Iraque disseram que os militares dos EUA libertarão seis das oito mulheres mantidas em prisões, mas que isso não se deve ao seqüestro de Carroll, capturada há dez dias. Uma fonte de defesa dos EUA disse, porém, que as mulheres não serão libertadas em breve.





Fonte: Reuters

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/323766/visualizar/